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Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016) | Um pequeno passo para uma nova era

Depois de uma longa espera de 10 anos, (sim, a adaptação de Warcraft foi anunciada pela Blizzard em 2006) Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos finalmente pode ser visto em uma tela imensa e com um som poderoso.

O filme, dirigido por Duncan Jones – mesmo de “Lunar” (2009) e “Contra o Tempo” (2011) – veio com gana e fôlego para finalmente responder a pergunta que fizemos 7 meses atrás, no artigo Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos | Será esta a redenção dos filmes baseados em games? É hora de tirar isso a limpo.

Warcraft- O Primeiro Encontro de Dois Mundos se passa em Azeroth, terra governada pelo Rei Llane Wrynn (Dominic Cooper) que conta com duas peças importantes para proteger o Reino de Ventobravo: o guerreiro Anduin Lothar (Travis Fimmel) e o mágico-bruxo-mago Merlin e guardião Medivh (Ben Foster).

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O reino, que estava em paz, se vê ameaçado quando um portal é aberto pelos Orcs, que conseguem realizar sua transposição de um mundo para o outro. Ou seja, do mundo das criaturas com mais de 200kgs e quase três metros de altura, para o mundo dos reles mortais e pecadores, os humanos. Por meio das ordens do líder dos Orcs – Gul’dan (Daniel Wu) – as criaturas começam a atacar Azeroth em busca de dominar o local, escravizar os humanos e sugar suas almas para se tornarem cada vez mais fortes.

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Em contrapartida, existe uma galera Orc que faz parte da resistência, chefiada por Durotan (Toby Kebbell), não concordam com tais ideias e tentam buscar um acordo sadio entre Orcs e humanos. De lados opostos, dois heróis são colocados em rota de colisão, e isso irá decidir o destino de suas famílias, seu povo e seu lar. Então, uma saga espetacular de poder e sacrifício começa, onde a guerra tem muitas faces e todos lutam por algo.

A premissa de Warcraft-O Primeiro Encontro de Dois Mundos não traz nada de novo, ou seja, você com certeza já viu essa história em algum outro épico de fantasia. É aquele mesmo esquema de sempre – uma luta de classes e raças diferentes; um feiticeiro poderoso (Medivh) que carrega o estigma de corrupto; um aprendiz de feiticeiro (Khadgar, vivido por Ben Schnetzer) que é voraz na busca pelo conhecimento, mas ainda não tem confiança para assumir sua posição como um grande guardião; além de tantas outras situações e arquétipos que você já cansou de ver em outras histórias, também estão presentes no filme de Duncan Jones.

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Entretanto, estamos falando da adaptação de uma grande franquia de uma desenvolvedora de games que angariou milhares de fãs desde o século passado. Hoje, a Blizzard expandiu os produtos da Warcraft e, além dos jogos, temos livros, histórias em quadrinhos e uma série de outros produtos. Aliás, a história contada aqui, se passa em dois livros da série – “The Last Guardian” (2002) e “Rise of the Horde” (2006). Portanto, o esforço da Blizzard e da Legendary Pictures junto com a Universal, foi em mostrar algo novo e, em alguns pontos eles realmente conseguiram, enquanto em outros, não. Isso faz com que a maldição dessas adaptações tenha acabado? Ao meu ver sim, e vou explicar mais adiante.

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Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos tem um visual deslumbrante. Eu sempre achei que com o passar do tempo e os avanços do motor gráfico de um jogo, era possível criar cutscenes muito semelhantes ou até superiores aos filmes. Portanto, neste ponto o longa não errou, aliás, mostrou um visual que impressiona e com uma paleta de cores que lembra muito a usada por James Cameron em “Avatar” (2009). Os efeitos especiais, o figurino dos humanos e o trabalho de dar vida aos Orcs, e fazê-los expressar emoções além da ferocidade e da feiura, foi importante para humanizar e dar um aspecto diferente do clichê do gênero – clichê esse, que fala muito mais em Orc como uma criatura maldosa, horripilante, enquanto os humanos são bons, lindos e dignos de vitória, iluminação e soberania. No aspecto técnico, não tenho do que reclamar.

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Já nos quesitos ritmo, narrativa e trilha sonora, o longa acaba se tornando muito pedante. No primeiro ato, você consegue entender muito bem o que a história quer mostrar, percebe que é necessário apresentar os personagens, situar o espectador na trama e dar seguimento nela. Já no segundo, o ritmo – que deveria manter o espectador ligado – se perde nas motivações de cada personagem e no verdadeiro embate entre as duas raças, que não convence. Enquanto tudo isso está sendo mostrado, o espectador fica inquieto na cadeira esperando o clímax chegar e quando realmente chega, o enredo foi tão arrastado que já não empolga mais.

Veja também: Vem aí o livro contando os bastidores do filme Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Visualmente, você continua achando tudo lindo, mas as batalhas entre Orcs e humanos emocionam. Não joga o espectador no epicentro do embate, não o fazem clamar por vitória ou derrota. E esse problema de falta de ritmo acaba refletindo em outros campos, como no desfecho previsível. Enquanto tudo isso rola, a trilha sonora de Ramin Djawadi tenta dar a sensação de imersão e emoção, mas não consegue e acaba de tornando massante ao ponto de incomodar em algumas cenas.

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As interpretações também tem seus altos e baixos. Por incrível que pareça, a Horda está muito mais expressiva do que o lado oposto. Dominic Cooper é um rei muito genérico, me lembrando bastante o modo como Robb Stark, de Game of Thrones, conduzia a sua caminhada em Westeros. Já o Travis Fimmel, puta que pariu! Essa foi a minha maior raiva. Teve horas que eu queria mesmo era gritar: RAGNAR SAI DAÍ QUE VOCÊ NÃO ESTÁ EM KATTEGAT MEU FILHO!

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Meu único receio era que Lothar se parecesse muito com Ragnar, da série Vikings, e esse receio infelizmente se confirmou. É um grande problema para atores que fazem um personagem muito foda, quando esse personagem acaba contaminando outros papéis. Toda cena em que Lothar articulava algo com o rei, as expressões eram as mesmas do rei de Kattegat. Uma pena só para quem é fã da série, quem não é e está conhecendo o trabalho do ator agora, não vai enxergar esse problema.

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Paula Patton que fez a Garona Halforcen, esteve muito bem. A Orquisa que carrega mais traços humanos do que em relação a outros de sua raça, tem uma personalidade muito forte e momentos que me convenceram. Ao meu ver, não deixou a desejar em termos de interpretação e desenvolvimento.

Toby Kebbell está sensacional. Suas expressões conseguem passar a diferença que seu personagem tem diante de outros Orcs. Suas motivações me convenceram e sua interpretação também. Mais um acerto de Duncan no desenvolvimento do personagem.

Enfim, Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos é um filme razoável e veio sim para quebrar a maldição das adaptações de games, mas não da forma que muitos sonhavam. E quando eu falo isso, tem muito a ver com o nível que produções como essas foram colocadas por outros estúdios. Um exemplo muito importante a ser falado aqui, são as produções da Marvel Studios que colocaram os filmes de super-heróis num nível onde qualquer espectador já não espera nada menos de algo espetacularmente foda. E isso se espalhou para outros gêneros que atingem, em sua maioria, espectadores ligados à cultura geek. É aquela velha história do “sou fã, portanto eu quero ‘service’ e se esse ‘service’ não superar minhas expectativas, o filme não presta’ e aí os adjetivos descem a linha do respeitável. Mas aí é que está: o que esperar de um filme como Warcraft, se não uma guerra entre raças?

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Mesmo com todos os problemas de Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos, o filme de Duncan Jones é um pequeno passo para uma nova era. Eles mostraram que são capazes de fazer grandes obras oriundas do universo gamer e uma janela para esse campo foi aberta. Agora, mais produções sérias surgirão, encontrarão um modo mais complexo e ao mesmo tempo dinâmico de se contar uma história e, assim, finalmente a tão falada “maldição” vai se extinguir. Aqui foi o começo do fim dessa história, e eu tenho certeza que o que vem pela frente será muito melhor do que presenciamos até agora.

Apesar de pequeno ainda assim é um passo. Pode ser insignificante para alguns, mas ainda assim, estamos falando de uma nova era.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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