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The Expanse | Review do episódio 1×01 – “Dulcinea”

The Expanse, nova aposta do Syfy Channel, é baseada em uma série de livros de James S.A. Corey e está sendo adaptada pelas mãos de Mark Fergus e Hawk Ostby (Filhos da Esperança e Homem de Ferro).

“Situada 200 anos no futuro, a história acompanha a luta de um detetive e o capitão de uma nave para desvendar uma das grandes conspirações da história da humanidade. Os seres humanos colonizaram os planetas do Sistema Solar. No entanto, estão longe de viverem em paz. Tensões sociais e políticas comprometem a vida de diversas colônias, que não aceitam a dependência da Terra e de Marte e da influência política e militar que eles exercem sobre os demais planetas.”

Na primeira parte de dez, somos apresentados a três narrativas diferentes; a primeira acompanha Joe Miller, um detetive interpretado por Thomas Jane (O Justiceiro) a bordo do posto avançado Ceres, localizado no cinturão de asteroides (onde todos os suplementos para Marte e a Terra são manufaturados e transportados).

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a segunda acompanha James “Jim” Holden, interpretado por Steven Strait (10.000 A.C.), o segundo oficial de uma nave chamada “Canterbury”, que funciona como um “caminhão-pipa” espacial. Em resumo, a nave (os trabalhadores, no caso) extrai gelo das geleiras dos anéis de Saturno e transporta para as colônias, sendo assim, fonte de água para as mesmas. A nave, no momento, está orbitando Saturno;

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a última, mas não menos importante, acompanha a subsecretária terráquea Chrisjen Avasarala, interpretada pela talentosa Shohreh Aghdashloo (Grimm).

The Expanse | Review do episódio 1x01 - "Dulcinea"

Temos então um pulp noir muito parecido com “Blade Runner”, uma space opera com momentos que remetem a “Alien” e um drama político, respectivamente. Essa é a premissa base do seriado e a primeira impressão que temos. Vamos agora aprofundar as coisas.

Como toda boa ficção científica futurista, precisamos sentir que estamos em um universo palpável. Queremos regras, objetos e nova linguagem. Queremos sentir essa nova sociedade (ou a falta dela) apresentada. Nesse aspecto, The Expanse se sai muito bem. A história se passa no século XXIII, mas não é uma informação que precisa ser lembrada a todo momento. Você pode perceber pelo rico design, formas, figurinos e até mesmo iluminação. É um trabalho muito detalhista e o investimento financeiro deve ter sido alto para uma série televisiva.

The Expanse | Review do episódio 1x01 - "Dulcinea"

Outro aspecto que sempre precisamos analisar em uma ficção científica é o político – outro ponto positivo para The Expanse. Logo no primeiro episódio é possível entender o sistema de burguesia e proletariado muito claramente. O povo que ainda habita a Terra é politizado, rico e próspero, governado agora pelas Nações Unidas. Nos é dito que Marte foi colonizada e militarizada, com um sistema e organização mais unitário e restrito. E por último, temos a classe trabalhadora habitando o cinturão de asteroides, os chamados “belters” que podemos descrever como proletariado – esta talvez seja a classe mais importante da trama. Eles se consideram uma classe oprimida, marginalizada e uma revolução parece estar próxima a acontecer.

Review do episódio 1x01 - "Dulcinea"

Ainda no aspecto político e em menção a revolução próxima, aprendemos que a relação entre Marte e a Terra não é a paz que deveria ser. Os suplementos como água e oxigênio são negociados entre as potências, enquanto os belters acabam ficando apenas com as sobras. O poder sobre as mercadorias, as pessoas e o universo ainda não está claro. Marte, em algum momento, com seu avanço militar, pode atacar a Terra e tomar conta;  a Terra, com seus diplomatas e império financeiro, não pretende abaixar a cabeça. E, no meio dessa guerra fria espacial, ficam os trabalhadores, vítimas dos impérios.

Contudo, a guerra intergaláctica é apenas especulação de quem vos escreve e de alguns personagens da série durante o episódio (pelo menos por enquanto). Não sabemos se uma guerra irá estourar na primeira temporada, e não podemos afirmar também que existem apenas esses três grupos. A galáxia é extensa e o universo é infinito. Podemos receber um plot twist aqui. Ou mais de um. Assim espero, ao menos.

Review do episódio 1x01 - "Dulcinea"

É realmente difícil falar sobre uma série como essa sem dar spoilers. É praticamente impossível, mas essa é a política do Proibido Ler. Por isso, posso apenas ressaltar os aspectos que me chamaram a atenção.

Vamos puxar alguns aspectos técnicos! Já falamos no começo sobre o design de produção e como tudo parece palpável. É um universo que podemos acreditar que existe e  com isso, podemos puxar a trilha sonora. Não há nada de novo aqui, na verdade, parece que já ouvimos tudo em outros materiais do gênero. Mas isso não é um coisa ruim. A sensação que The Expanse passa é a de lar, entende? É familiar, é agradável.

A direção de câmeras é um show à parte. Alguns ângulos trabalhados são tão bem planejados que é impossível não parar e pensar “parabéns”. Câmeras, por vezes tão próximas que fazem o espectador sentir que está ouvindo e assistindo algo que não devia – como um segredo. Nas cenas que se passam dentro da espaçonave de Holden, a chamada Canterbury, é onde temos uma direção mais rica. Momentos incríveis que parecem até mesmo homenagear “Alien”.

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No lado da estética e da ambientação, a trama do detetive em Ceres é a mais interessante. É “Blade Runner”, como dito no começo do texto. É impossível, inclusive, não comparar Miller com Deckard, personagem de Harrison Ford no filme. Jane está claramente usando Ford como inspiração para o papel – o mesmo aspecto esfumaçado e “sujo” do filme de 1982 também pode ser visto aqui.

As atuações são boas nesta estreia, nada acima da média, mas nada que seja considerado ruim. Sabemos que Shohreh Aghdashloo possui um talento absurdo, contudo a personagem dela aparece em apenas uma cena neste episódio. Não me entenda mal: é uma cena poderosa e mostra a importância da personagem, mas é curta. Os outros atores não são ruins, mas não se destacam. Talvez seja por conta de um dos maiores problemas do piloto, que é a falta de aprofundamento nos personagens.

Claro que é pedir muita coisa para um primeiro episódio, mas nós conhecemos e entendemos tanto a sociedade e, ao mesmo tempo, tudo parece vazio, já que não temos os personagens em destaque para nos prender. Os tripulantes da Canterbury, talvez por estarem presos em um lugar mais contido, são os únicos que conseguem se apresentar – mesmo que superficialmente. Acredito que a situação deles tenha facilitado o desenvolvimento dos diálogos e situações que apresentaram, ao menos um pouco, de como cada personagem é.

Marte não é realmente mostrada no episódio piloto e isso não é, de fato, um problema, mas incomoda um pouco.

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O aspecto mais preocupante da série é a troca das narrativas. É fria e não flui muito bem. Não conseguimos imaginar como essas três narrativas distintas vão se cruzar em um futuro próximo. Tudo parece muito distante. É possível que essa seja a intenção dos roteiristas, para enfatizar a diferença entre níveis sociais e até mesmo representar a distância física das histórias. É preciso confiar que os roteiristas farão algo certo aqui e, no fim, teremos uma história fechada, sem pontas soltas.

Em resumo, The Expanse é uma proposta rica e uma aposta pesada que tem tudo para dar certo, mas que pode falhar miseravelmente. O SyFy Channel está definindo a série como “a maior criação do canal”. Se eles confiam que há potencial para ser maior e melhor que uma das mais importantes séries de ficção científica da história – Battlestar Galactica – então devemos esperar algo grandioso.

The Expanse estreia oficialmente dia 14 de dezembro no SyFy americano e terá 10 episódios.


Leia também: Into The Badlands | Review do episódio 1×01 – “The Fort”


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Escrito por Charlie Grandchamp

Devoradora de cultura pop que não se importa em levar spoiler. Sonha em ser o cara da locadora. Carteira assinada na comunidade LGBTQ+. Realmente acredita que é a Garota Esquilo.

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