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X-Men: Apocalipse (2016) | Nem sempre o terceiro filme de uma franquia é ruim

Me lembro muito bem que tinha apenas 15 anos quando surgiu o primeiro filme da franquia X-Men. X-Men: O Filme (2000) trouxe o que havia de melhor, se tratando de personagens adaptados de histórias em quadrinhos da Marvel, para a época. Três anos depois, conheci o segundo filme, X-Men 2 e até hoje me lembro o quanto fiquei apaixonado pelo Noturno de Alan Cumming, surpreendido pelo Bobby Drake, o Homem de Gelo, vivido pelo canadense Shawn Ashmore e contente por ter assistido o que eu julgo até hoje ser o melhor filme dos X-Men da velha guarda. Três anos depois, já em 2006, conhecemos o que de pior existiu quando o assunto é uma adaptação dos mutantes da Marvel Comics.

Se no primeiro e no segundo filme tivemos a direção de Bryan Singer, em X-Men: O Confronto Final, o então diretor, que havia acertado nos dois primeiros longas, deu lugar a Brett Ratner, pois estava envolvido com outro super-herói (Superman). Em 2011, tivemos X-Men: Primeira Classe com uma direção primorosa de Matthew Vaughn, mesmo de “Kick-Ass” e “Kingsman: Serviço Secreto“, que na minha opinião, é o melhor filme da franquia X-Men da nova era. Bryan Singer retomou a direção em 2014, no bagunçado X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, e agora está no comando novamente e, desta vez, de um terceiro filme de uma franquia de sucesso dos cinemas.

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X-Men: Apocalipse conta a história de En Sabbah Nur (Oscar Isaac), um mutante milenar que está vivo graças ao seu poder de transferir sua consciência para outros corpos, sempre de mutantes. Em sua última tentativa, lá no Egito antigo, mesmo com a ajuda dos seus quatro cavaleiros protetores, o processo passa por uma espécie de sabotagem e En Sabbah Nur acaba adormecendo por milênios, até derrapar na década de 80.

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Nos anos 80, o grande vilão desperta para fazer tudo de novo, mas nesta época os mutantes contam com um refúgio conhecido como “Escola Xavier para Jovens Superdotados”. Um lugar que acolhe os filhos do átomo que buscam o entendimento do que acontece consigo, a fuga do preconceito da sociedade e também uma forma de aprender a controlar seus poderes.

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Magneto (Michael Fassbender) está seguindo os conselhos de Charles Xavier (James McAvoy), tentando levar uma vida normal como metalúrgico, longe de qualquer problema e com uma nova família na Polônia, enquanto Mística (Jennifer Lawrence) acabou se tornando uma referência para os mutantes espalhados ao redor do mundo depois dos eventos de “Dias de Um Futuro Esquecido”. Com cada um dos mutantes principais desta trama em pontos distintos da Terra, a largada acontece com o despertar de Apocalipse para o novo mundo.

Esse momento foi tão forte, que reverberou no mundo todo como uma espécie de abalo sísmico. Apocalipse sai em busca de novos mutantes para formar os “Cavaleiros do Apocalipse”. Sempre com a promessa de fornecer mais e mais poderes aos seus protetores, ele encontra facilmente a Tempestade (Alexandra Shipp), Psylocke (Olivia Munn), Arcanjo (Ben Hardy) e Magneto. Daí em diante, você já deve imaginar qual vai ser o epicentro da trama, o caminho até o clímax do conflito e o seu desfecho.

X-Men: Apocalipse não foge do ritmo característico de direção de Bryan Singer em outros filmes da franquia. Ele fez questão de explicar tudo, desde as motivações de cada personagem até mesmo a origem de alguns deles novamente. Todas essas explicações carregam um didatismo arcaico que chega a doer a sua bunda na cadeira. O ritmo deste filme é um dos grandes problemas de sua direção. Talvez ele estivesse com medo de inovar ou essa fosse a fórmula que ele encontrou para contar sua história com riqueza de detalhes ao espectador. Até entendo o cuidado que ele teve com as origens e as motivações de qualquer personagem introduzido no longa, mas não por que teve que ser tão desgastante. Ou talvez também, a fórmula Marvel Studios de introduzir personagens tenha nos acostumado muito mal. Os efeitos especiais estão carregados de CGI, chegando a existir momentos tão artificiais que geraram uma queda brusca na qualidade das cenas.

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Em contrapartida, Singer consegue fazer o filme ter pontos altos importantes, como o dinamismo e a alegria nas cenas com o Mercúrio (Evan Peters), os efeitos especiais de destruição e de poderes dos novos e já conhecidos mutantes Ciclope (Tye Sheridan) e Jean Grey (Sophie Turner), além da caracterização e atuação do novo Noturno (Kodi Smit-McPhee).

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O elenco tem seus problemas de desenvolvimento – o que já era esperado em alguns personagens. Olivia Munn como Psylocke foi muito mal aproveitada, sua única cena de maior prestígio é aquela do trailer. Ben Hardy como Arcanjo é outro que poderia facilmente ser descartado. Para efeito de alegoria pode funcionar muito bem, aliás, parece esse o propósito que Singer dá para alguns personagens. Mas na mesma proporção que ele erra de um lado, acerta de outro.

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Sophie Turner, por exemplo, é o seu maior acerto neste filme. A Sansa Stark de Game of Thrones provou para o mundo que é capaz de fazer uma Jean Grey muito mais especial que Famke Janssen um dia ousou ser. Sua capacidade de compreender a personagem e transportar isso para a tela foi tão boa, que cheguei ao ponto de ficar emocionado em determinadas cenas. Quando uma atriz consegue dar essa dimensão a uma personagem, nós só temos a ganhar. Isso fortalece demais o filme e agrega um valor que perpetua a atriz como a personagem, assim como aconteceu com Hugh Jackman como Wolverine.

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Aproveitando o gancho, X-Men: Apocalipse nos mostra um momento muito importante para a história do velho Logan. Mas se eu falar disso, entrarei no campo do spoiler, portanto aproveite melhor esse momento sentado confortavelmente na cadeira do cinema mais próximo de você.

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Tye Sheridan, que esteve muito bem em seu último trabalho antes de X-Men: Apocalipse, “O Experimento de Aprisionamento de Stanford”, consegue entregar um Ciclope semelhante ao dos quadrinhos. Algo que não deveu nada ao personagem em termos de adaptação.

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Alexandra Shipp agrada bastante como Tempestade e tem muito potencial  a ser aproveitado pela frente. Ela  é outra peça do elenco que não teve os problemas que atingiu a parcela citada anteriormente.

Já a Mística de Jennifer Lawrence é um personagem que me deixa muito confuso. Mas isso foi um problema que eu herdei dos primeiros filmes da franquia. Sempre a vi como uma vilã, mas desde “X-Men: Primeira Classe”, trabalham uma dualidade nela que torna difícil compreender como vão transformar a personagem em uma má pessoa no futuro. Pois aqui, ela está muito mais do lado branco da força do que com o pé no darkside. A sua atuação não apresenta nada de diferente dos longas anteriores, apenas a proposta que o roteiro lhe reservou como personagem segue diferente.

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Oscar Isaac se esforçou demais para apresentar um vilão que ao mesmo tempo fosse grandioso e entregasse a personificação de maldade que todo algoz carrega em si. Apesar de tantas críticas que a sua caracterização como Apocalipse recebeu, o resultado final em tela funcionou muito bem. Ele não é o tipo de vilão sanguinário, que vai passar por cima de tudo e todos espalhando sangue por todos os lados. Ele funciona muito mais como uma entidade soberana e, por isso, age mais com o desejo de acabar com a humanidade, do que como um vilão que tem sede de vingança e poder. Isso me mete muito mais medo do que vilões carniceiros, diga-se de passagem.

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Evan Peters… Como eu queria poder dedicar essa resenha inteira para esse cara. Suas cenas são as melhores do filme! Ele, assim como Sophie Turner, deram um brilho a esse filme que eu realmente esperava. O Mercúrio foi o único personagem que eu entrei na sala de cinema pensando em como seria aproveitado em tela. Acabei saindo de lá contente por saber que minhas expectativas foram TOTALMENTE superadas. Logo comecei a pensar com meus botões: não sei se o problema do Mercúrio de Aaron Johnson foi o Joss Whedon, mas se ele chegasse perto do que Evan Peters é para o Mercúrio de Bryan Singer, o mundo seria um lugar melhor.

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Kodi Smit-McPhee está maravilhosamente bem como Noturno. Meus olhos brilharam com ele em tela, da mesma forma que brilharam quando eu vi Alan Cumming em 2003. Mas esse eu também prefiro não me estender para não entrar na zona do spoiler.

James McAvoy e Michael Fassbender não apresentaram nada de diferente em relação as suas atuações, se comparadas com os filmes anteriores, ou seja, estão ótimos também. Claro, que cada um deles tiveram momentos importantes para a evolução dos personagens no decorrer da trama, mas não há nada de novo que chame a atenção.

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Ao final, X-Men: Apocalipse acabou mostrando que nem sempre o terceiro filme de uma franquia é ruim. E este, com toda certeza, passou longe de ser. Apesar de apresentar problemas como qualquer outro filme dos X-Men, no geral eu gostei bastante do que vi. Conversando com alguns colegas de profissão após a sessão, chegamos numa conclusão de que o filme está em um patamar bem acima de Batman vs Superman e um pouco abaixo de Capitão América: Guerra Civil. O roteiro de Simon Kinberg focou muito mais em contextualizar as motivações do conflito do que em fornecer o entretenimento que serve como base para outros longas do gênero. Apesar de ter fugido da maldição do terceiro filme de grandes franquias do cinema, ele não conseguiu entregar o que “X-Men: Primeira Classe” entregou: um enredo fluido e consistente.

E como em qualquer outro filme da Marvel, pode ficar na cadeira até subir todos os créditos, ok? A cena que vem após é determinante para o futuro da franquia.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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