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Capitão América: Guerra Civil (2016) | A adaptação que merecemos

Muitos anos e muitas histórias se passaram desde que Steve Rogers, nosso querido Capitão América, vestiu a bandeira pela primeira vez nas telas de cinema. Seja em seus filmes próprios ou liderando os Vingadores, Steve sempre teve que lidar com o passado enquanto tentava se adaptar ao futuro – mas essa fase tempestuosa está a ponto de terminar. Capitão América: Guerra Civil, o terceiro filme solo do Capitão América, vem para encerrar este primeiro arco do Sentinela da Liberdade e definir seu status de uma vez por todas. É hora de deixar o passado para trás, resgatar quem ainda precisa de ajuda e manter ao seu lado apenas aqueles que provaram merecer sua confiança. É hora de perguntar quem é o Capitão América e qual sua missão hoje?

Toda a preocupação dos fãs sobre a forma que a história do arco “Guerra Civil” seria adaptada aos cinemas foi levada em consideração, e os roteiristas realmente conseguiram manter o espírito do conflito que dividiu o universo dos quadrinhos da Marvel em 2006, com várias referências e momentos icônicos, ao mesmo tempo que modificaram a história para adaptá-la à limitação que o cinema impõe. Não há uma “Lei de Registro de Super-Heróis” e o que divide as opiniões não é divulgar as identidades secretas dos heróis (que de secretas não têm nada). O que temos é um mundo receoso, que entende que os Vingadores são necessários, mas não quer mais se submeter à sua tutela sem que exista um órgão responsável pela prestação de contas dos estragos feitos.

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Todos os personagens têm motivações pessoais e honestas – um profundo sentimento de justiça, culpa, amizade e obrigação – que orientam suas ações. O roteiro é bastante honesto nesse ponto e esclarece ao público quais são os motivos de cada um. Os Vingadores já não são apenas uma equipe que se une esporadicamente para salvar o mundo. Eles moram juntos, trabalham juntos e convivem como uma família. E é por causa desse conceito de “família”, tão presente durante todo o filme, que as decisões dos personagens e o conflito inevitável acabam sendo tão impactantes. Não são estranhos lutando um contra o outro, são amigos que possuem os mais diversos sentimentos para com os outros. A irmandade de Natasha e Clint. A cumplicidade de Wanda e Visão. A confiança de Tony e Steve. Tudo está sendo quebrado e, ao mesmo tempo que os heróis se sentem divididos, os fãs sentem-se partidos ao meio.

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Bucky Barnes é o MacGuffin do filme. Seu relacionamento com Steve ajuda a lembrar o público que até o Capitão América pode cometer erros, e, portanto, é um ser humano. Porque apesar do que alguns usuários do tumblr pensem, este filme não é sobre Bucky Barnes. Ele é um personagem coadjuvante na história de Steve Rogers. O desempenho de Sebastian Stan foi incrível, pois dá ao público a oportunidade de vê-lo como o Soldado Invernal, Bucky Barnes e a pessoa que existe entre esses dois personagens. Steve Rogers tem uma necessidade irracional de proteger Bucky porque eles não são apenas amigos, mas uma família. Além de sentir-se culpado por não ter conseguido salvá-lo do acidente que acabou resultando em seu sequestro, lavagem cerebral e transformação em Soldado Invernal, Steve ainda possui o senso de justiça que apenas o Capitão América possui, e se ele não deixaria um desconhecido sofrer com injustiça, imagine um amigo.

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As questões mais difíceis de entender eram, até agora, como o Pantera Negra e o Homem-Aranha seriam introduzidos no Universo Cinematográfico da Marvel sendo os personagens complexos que são, em meio a esse conflito enorme e sem deixar o público confuso. E por incrível que pareça, tudo correu bem. A ideia de expandir o conflito a nível global com a proposta do “Acordo de Sokovia” e a reunião das nações unidas possibilitou uma introdução natural de T’Challa como representante de seu país. O restante ficou por conta do ótimo roteiro e da atuação de Chadwick Boseman, que é absolutamente incrível como T’Challa. Sua atuação repleta de nuances conseguiu alcançar a representação perfeita em live-action de um dos personagens mais importantes dos quadrinhos da Marvel. Ele profere algumas das melhores falas do filme, tem um bom tempo de tela e faz com que todos os fãs saiam da sala de cinema ansiosos pela estreia de seu filme solo, em 2018. O Homem-Aranha é recrutado por Tony Stark e participa do filme em um dos seus melhores momentos, a luta no aeroporto. Os roteiristas, sabendo que já assistimos as origens do personagem duas vezes no cinema, não se preocuparam em explicar muita coisa, mas sim em mostrar o melhor lado de Peter Parker, que indubitavelmente mexe com o coração até dos mais céticos. Tobey Maguire e Andrew Garfield sempre estarão em nossos corações, mas Tom Holland é o novo Homem-Aranha e consegue provar que é digno do manto. Seja bem-vindo, cabeça-de-teia!

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Os pontos fracos do longa foram a trilha sonora, que não é tão boa quanto a de Capitão América: O Soldado Invernal. Em Capitão América: Guerra Civil, a música é branda e esquecível, exceto no momento em que o tema do Soldado Invernal é reutilizado para enfatizar a gravidade do que está acontecendo em tela durante uma das cenas mais importantes do longa. Acredito que essa reutilização tenha, inclusive, criado um choque de diferença entre as trilhas sonoras dos filmes e, consequentemente, destacou um pouco mais essa diferença. Outro ponto fraco é a utilização de personagens que realmente não fizeram muita diferença ou são esquecíveis (o Everett Ross de Martin Freeman, por exemplo) e a falta de personagens que sempre estiveram ligados aos Vingadores, à SHIELD/Hidra e, principalmente, ao plot do Soldado Invernal, como Nick Fury e Maria Hill. Samuel L. Jackson nem sequer sabia que seria deixado de fora deste filme e eu, até agora, não entendi porque o homem que teve tanto destaque no filme anterior, que introduziu a ideia de uma equipe de “Vingadores”, que resgatou o Capitão América do gelo, entre tantos outros momentos cruciais da história do Universo Cinematográfico da Marvel, foi deixado de fora. Nem tudo pode ser perfeito, né?

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Anthony Russo e Joseph V. Russo tiveram um grande desafio ao serem escalados para a direção de um filme deste porte. Existe uma grande diferença entre dirigir um filme com uma quantidade de personagens impactantes menor como foi em Capitão América: Soldado Invernal, e dirigir um filme como Capitão América: Guerra Civil, onde é necessário um cuidado que beira a perfeição para fazer com que nenhum personagem seja atropelado pela narrativa. Os diretores tiveram a sensibilidade e digo que um grande jogo de cintura para lidar com dois grandes times de heróis e fazer todo mundo aparecer certinho em seu tempo de tela sem deixar isso confuso e irrelevante. É primoroso ver a fluidez de cada cena e os momentos de respiro que cada uma delas tiveram. É importante também, salientar a naturalidade como cada alívio cômico foi apresentado ao espectador, o que deixa ainda mais evidente como a Marvel amadureceu desde Vingadores: Era de Ultron e Homem-Formiga.

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Capitão América: Guerra Civil é um filme fascinante que consegue vencer a “maldição do terceiro filme”, sendo ainda melhor que Capitão América: O Soldado Invernal, adapta satisfatoriamente um arco importantíssimo dos quadrinhos ao mesmo tempo que explora os recursos que possui, leva o expectador das lágrimas ao riso e deixa todos mais tranquilos quanto à direção dos irmãos Russo, que agora são os responsáveis pelo terceiro filme dos Vingadores. O que acontecerá a seguir? Não faço ideia. Espero continuar me surpreendendo.


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Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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