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Homem-Formiga (2015) | A passagem de um legado

Chegamos ao final da segunda fase do Universo Cinematográfico da Marvel. Foram 12 filmes exibidos ao longo de sete anos. Entre produções espetaculares e algumas que não tiveram o mesmo brilho, Homem-Formiga chega para entregar o bastão e também para encerrar um ciclo com chave de ouro.

O segundo escalão de super-heróis da Casa das Ideias sempre me chamou mais a atenção. Histórias de personagens como Demolidor, Justiceiro, Jovens Vingadores e Homem-Formiga sempre foram prioridade nas minhas escolhas em lojas de gibis, ao contrário dos heróis que contemplam os Vingadores ou os que habitam a mansão Xavier, por exemplo.

Sempre pensei que o que a Marvel faria com o Homem-Formiga seria diferente do que fizera com suas outras produções. Aqui nós temos um produto que não é do conhecimento da maioria, assim como foi com “Guardiões da Galáxia” (2014). A história de um homem que pode encolher, ver tudo de uma outra perspectiva e falar com formigas, lembrou-me de algo que eu vi lá nos anos 90, chamado “Querida, Encolhi as Crianças!”. Que interesse isso poderia despertar em alguém que está acostumado com Capitão América, Homem de Ferro, Thor e/ou todos eles juntos? Olhando de longe, nenhum! Talvez essa seja a receita para a Marvel acertar em um filme. Quando ninguém deposita suas expectativas em uma produção, o estúdio consegue convencer, em 190 minutos, que pode surpreender.

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Dirigido por Peyton Reed, com produção de Kevin Feige e roteiros de Adam Mckay, Paul Rudd, Edgar Wright – que era o diretor, mas por problemas com a produção abandonou o projeto – e Joe Cornish, Homem-Formiga mostrou que apostar em uma produção mais humana e pouco heroica dá muito certo. Aqui nós não temos o plot de um herói com motivações tradicionais, ele não perdeu seus pais quando era criança, não passou por nenhum experiência ou modificação genética, não veio de um planeta alienígena, tampouco foi levado para um e muito menos usou de uma corporação, inteligência e muito dinheiro para ser um super-herói. Último adendo: ele não precisou costurar o próprio uniforme.

A motivação de Scott Lang (Paul Rudd) é a busca da redenção, é a intenção de enterrar de vez o seu passado e se aproximar com dignidade e honra da pessoa que mais ama no mundo, sua filha Cassie Lang .

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Por outro lado temos, como em toda jornada heroica, um mentor. Este é Hank Pym (Michael Douglas), o primeiro Homem-Formiga. Ambos buscam através da comunhão entre si, a confiança, a lealdade e o respeito de suas filhas. Pym precisa passar o manto, Scott precisa de uma motivação que o leve para um caminho que não acabe em San Quentin. Eles não querem salvar o mundo, já existem heróis para fazer isso. O que eles querem é salvar o mundo delas.

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O vilão, Darren Cross, interpretado por Corey Stoll (House of Cards), a Hydra e tudo que eles podem fazer com o experimento industrial chamado de “Jaqueta Amarela”, ficam em segundo plano. Exatamente nessas partes que se concentra a zona dos clichês. Uma empresa de tecnologia super avançada cria um experimento inovador que pode revolucionar a forma como lidamos com a segurança, roubo de informações e com ameaças mundiais. Mas este experimento acaba caindo em mãos erradas e gerenciado por uma pessoa cujas intenções são duvidosas.

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Os efeitos especiais surpreenderam os mais céticos – quando falo sobre isso, me refiro à troca de perspectivas e de tudo que poderia ser usado nela. Um homem ficando do tamanho de um inseto soa como algo engraçado. Por causa disso muitos acharam que seria um filme de comédia, principalmente pelas cenas mostradas nos trailers que envolvem o trem da série infantil “Thomas e seus amigos”. As cenas dentro dos formigueiros, as coreografias de combate, principalmente quando Scott alterna entre o tamanho real e o de uma formiga são bastante naturais. A classificação das formigas, o que cada uma pode fazer e a forma como elas convivem entre si quando estão diante de um líder ficou sensacional.

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O alívio cômico quando se trata de filmes da Marvel, gera uma série de divergências. Tem filme que funciona – como em Guardiões da Galáxia  – e tem filme que não funciona – como em Vingadores: Era de Ultron. O bom de Homem-Formiga é que tudo funciona, principalmente por causa da naturalidade de Michael Peña, o Luís, e seu bando. Aliás, gostaria muito que o Luís participasse de outras produções da Marvel e que recebesse, da parte de Nick Fury, um convite para iniciativa Vingadores.

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Evangeline Lilly convence como Hope Van Dyne e filha do criador das partículas Pym, apesar de toda mágoa que carrega em relação ao pai. Sua indiferença perante o patriarca reflete sua vontade de levar o legado adiante no lugar de Scott. Ela vai conseguir fazer isso, mas não será fácil. Assim como Scott Lang precisou digerir tudo que estava acontecendo com ele e porque ele estava vivendo tudo isso, Hope também terá que fazer o mesmo. Quando esse processo é entendido por ambas as partes, o objetivo fica muito mais perto de sua conclusão.

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Sobre o Paul Rudd eu gostaria de dizer apenas uma coisa: Eu Te Amo, Cara.

Homem-Formiga conta a trajetória de um homem em busca de sua redenção, um filme que mostra que o homem pode, sim, se regenerar e ser uma pessoa diferente. Não temos nada estarrecedor e destruidor de cidades, mas temos uma história que mostra a importância do futuro daqueles que geramos e como essa nova geração nos vê sob outra perspectiva. Uma lição verdadeira sobre a passagem do manto de mentor para o pupilo, e do quanto o amor pela família está acima de ser super-herói e salvar o mundo.

Ahh.. Tem dua cenas pós-créditos, portanto só saia da sala de cinema quando o lanterninha te expulsar dela.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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