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HQ do Dia | All-New All-Different Avengers #1

Imagine a maior equipe de super heróis de uma das maiores editoras de quadrinhos do planeta. Imagine o gibi principal desta equipe contando suas principais aventuras. Agora imagine um autor que escreveu uma fase tão grandiosa nesta revista que culminou na destruição daquele universo de quadrinhos por completo. Isto era o que se entendia como título dos Vingadores até a semana passada.

Sai Jonathan Hickman. Entra Mark Waid. Aqui começa de fato uma fase completamente nova para o título principal do maiores heróis da Marvel.

“All-New All-Different Avengers” é o cartão de visitas da nova Marvel e quando você abrir a primeira página disto aqui já vai notar de cara que tem algo bem distinto nesta revista. A primeira edição conta duas histórias que descrevem a formação de uma nova equipe principal de Vingadores. Ambas histórias são escritas por Mark Waid (que francamente dispensa apresentações neste ponto de sua carreira) e tem uma proposta bastante simples: Foco nos personagens e suas relações.All-New All-Different Avengers #1

Desde Capitão America (Sam Wilson) e Tony Stark se esbarrando em uma situação bem mundana (que se torna uma puta cilada rapidamente), passando pela aparição do carismático Miles Morales até chegar ao ápice com o genial primeiro encontro entre Kamala Khan e o jovem Nova, Sam Alexander, tudo tem um clima muito íntimo. Waid entende como ninguém que há uma necessidade de formação de identidade em equipes de heróis e que sem estabelecer laços entre seu elenco fica complicado fisgar o leitor. Portanto, mesmo que os antagonistas sejam extremamente genéricos em ambas histórias (Na primeira o “vilão misterioso” e seu capanga brutamontes e na segunda monstros descontrolados destruindo tudo), não há dano algum.

Estamos aqui saboreando os diálogos e conhecendo estes personagens novamente sob um outro olhar. Esse tom menos grave e mais leve, com aquele clima de gibizão moleque permeia toda a leitura, e apesar de pouca coisa acontecer a história em momento algum cai em marasmo. Um destaque importantíssimo do roteiro de Waid é que o autor respeita a cronologia prévia da editora (na medida do possível, né?) e faz referências sutis e certeiras aos outros títulos dos personagens deste elenco e ao seu passado recente. Isso alimenta e dá sustância à narrativa e contextualiza o leitor que chega cru nesta primeira edição, tornando a leitura muito confortável e prazerosa (como deve ser).

A arte no título é dividida entre as duas histórias. Adam Kubert trabalha na aventura que se passa em Manhattan protagonizada pelo Capitão, Homem de Ferro e pelo Aranha do Ultiverso, equanto Mahmud Asrar ilustra o encontro entre Nova e Ms. Marvel em Jersey. Quando temos este tipo de divisão é natural que haja uma comparação entre o trabalho dos desenhistas e neste caso Asrar parece levar a melhor. Não é que o veterano Kubert não consiga entregar uma boa edição, mas algumas inconsistências visuais pontuais tiram um pouco do brilho da história principal desta edição.

Nas cenas de ação Kubert se dá bem, mostrando porque tem vaga em qualquer gibi de super herói do mercado atual, no entanto nas cenas de diálogo mais paradas e principalmente na apresentação dos antagonistas (o quadro grande no qual o guerreiro alienígena dá as caras pela primeira vez é um exemplo) não temos o visual que este título merece. Alternando entre esses dois momentos, Kubert no geral faz um trabalho razoável, mas longe do que se espera do principal título de uma franquia gigante como esta.

Por outro lado, Mahmud Asrar é só alegria. A história ilustrada pelo sujeito já começa com um diálogo nerd acalorado e você vê nitidamente o cuidado excessivo com expressões corporais, caracterização de figurino e cenários e principalmente a interpretação do roteiro nas expressões faciais. Asrar capricha nas cenas de ação também, mas como isto aqui se trata de uma história cheia de nuances emocionais e extremamente sensível, a arte durante os diálogos deve ser cirúrgica e Asrar acerta o alvo em cheio, entregando um histórico primeiro encontro entre dois dos personagens mais adoráveis da editora nos últimos anos.

Os Vingadores estão em boas mãos. Isto você já sabia. Mas o que talvez não saiba é que a intenção de Mark Waid nesta nova fase da equipe (pelo menos pela edição de estreia) é fazer o elenco funcionar e fazer você se identificar com estes personagens. Ao invés de apresentar logo de cara alguma ameaça maior que a Marvel, o autor trabalha de maneira mais íntima, mostrando as dificuldades internas da equipe (que ainda está em formação) e o início conturbado de suas relações (uma marca da franquia).

É lógico que o foco da mídia especializada é que temos talvez a formação mais diversificada dos Vingadores em termos étnicos e de gênero dos últimos tempos, mas de nada adiantaria o esforço pela diversidade sem uma boa história como base. E aqui temos um roteiro que sobra em diversão. Com uma apresentação gráfica que varia entre o apresentável e o excelente, “All-New, All-Different Avengers” é de fato um título de super heróis diferenciado entre a infinidade de outras publicações do gênero na Marvel e por enquanto pode ser usado como referência principal quando se fala em Vingadores na editora.


Leia as reviews dos novos títulos da Marvel pós-Guerras Secretas:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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