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Explorando o universo punk e noir: conheça o fascinante mundo da HQ ‘CyberSix’

Uma aventura única que vai cativar tanto os fãs de quadrinhos quanto os novatos

Von Reichter é um cientista nazista com o sonho de se tornar divino. Seu maior fracasso é o seu maior inimigo. O nome dele? Adrian Seidelman. O nome dela? Cybersix.

Em 1983, o casal de classe alta Mario e Elsa Rios sofre um acidente de avião no Chile. Eles não resistem aos ferimentos e infelizmente, vão à óbito. Esta história real poderia parar por aí, mas antes de partirem deixaram dois embriões congelados.

O que fazer com eles?

Uma das correntes de raciocínio era de que estes embriões eram futuros herdeiros, outra, que não eram absolutamente nada e que deveriam ser destruídos. No fim, foram exterminados.

Ao serem confrontados com essa noticia, os argentinos Carlos Trilio (roteiro) e Carlos Meglia (arte) tiveram uma idéia: e se os embriões tivessem sobrevivido?

A partir disso, criaram a série de história em quadrinhos “Cybersix”. Esta ainda viria a receber uma adaptação em live-action e uma série animada.

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Mas afinal, do que se trata “Cybersix”?

Von Reichter, um membro sobrevivente dos Schutztaffel – uma das principais organizações nazistas na 2° guerra mundial -, é um cientista sedento por poder. Ele cria seres humanos (e  outros coisas também) geneticamente modificados para serem supersoldados de absoluta obediência ao seu criador.

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O projeto Cyber foi seu fracasso, eles cometiam o crime de não obedecer e por isso, foram destruídos. Mas nem todos, e é aí que entra nossa heroína. Cybersix foi resgatada por um dos escravos de Von Reichter, e a este primeiro homem que se importou e deu amor a ela, lhe deu a alcunha de pai.

Mas o ciêntista é incansável, ele iria até os confins do universo para apagar seus fracassos. Mesmo assim, Cybersix escapou de suas garras e, após um tempo perdida na estrada, se deparou com um acidente de carro.

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Lá ela encontrou um menino sem vida que se parecia com ela. Sem identidade, sem ter para onde ir e tendo que se esconder, ela tomou seu nome e passou a se chamar Adrian Seidelman e levou também seu gênero.

O tempo passa e com ela a necessidade surge. Adrian é um professor de literatura na cidade de Meridiana, mas ainda precisa voltar ao passado. Acontece que ela precisa regularmente da substância que os experimentos de seu criador carregam e seu estoque está acabando.

Um dia ela se encontra com um deles, uma mulher trabalhando como garota de programa – As criaturas de Von Reichter se misturam a sociedade e adquirem todo tipo de trabalho, tudo em prol de seu criador.

É aí que ela encontra sua chance, ela se deixa seduzir e, como um vampiro, suga sua energia vital

Eis a solução para o seu problema, agora ela teria que sair todas as noites, seduzir outros como ela e beber das suas essências.

Mas ela não poderia arriscaria a identidade  que a assegura uma vida normal. Ela cria então uma nova para si: A que sempre fora.

Cybersix não está sozinha. Lucas Amato é um colega de trabalho, professor de biologia que acaba se tornando amigo de Adrian pelo gosto de ambos pela escrita de Fernando Pessoa e seus heterônimos. E nisso há também um paralelo entre eles e os alter-egos de Adrien/Cybersix.

Lucas, sem saber que Adrian e Cybersix compartilham um mesmo corpo e espirito, a encontra esporadicamente e se apaixona por ela.

Mas afinal, o que há de punk e noir nisso tudo?

A recusa em obedecer e a estética punk cartunesca e estilosa vem agora como uma pancada, o golpe final? O noir envolto a cidade e a protagonista.

Explorando o universo punk e noir: conheça o fascinante mundo da HQ 'CyberSix'

Sua narrativa introspectiva, a estética da protagonista, com o seu chapeu, seu manto negro e sua pantera com cérebro humano que por vezes distoa, como um ser de outro mundo. As construções góticas despedaçadas em uma talvez cidade sulamericana.

Quantas vezes vimos o velho e o novo se encontrarem tão perto de nós? Igrejas, palácios, museus, todos com alguma parede pixada, algum tijolo amostra. Algumas construções tão sólidas, mas ao mesmo tempo tão antigas que carregam a história consigo. E a história é hoje.

Tantas e tantas vezes vemos um futuro fictício sem o velho, mas o velho se recusa a morrer. Ele é forte, sólido, é a base do novo, e se recusa. Não devemos ter medo, talvez reverência, mas nunca medo do passado. Não devemos deixar que ele nos devore, pelo contrário, devemos sim, devora-lo.

É assim que a humanidade se tornou o que é hoje, é assim que ela se torna mais.

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A série animada

Um dos meus desenhos animados favoritos é “O Máskara”, e acredito que haja sim um pouco disso aqui, não seria exagero dizer que se você gosta de um vai gostar do outro, com seu humor rápido e seus traços e animação fluída – que mesmo puxando mais para o anime, ainda apresenta a mesma pegada.

Explorando o universo punk e noir: conheça o fascinante mundo da HQ 'CyberSix'

Seria o desenho perfeito para passar nas manhãs do SBT, junto com “Super Choque” e “Liga da Justiça”, por exemplo. O problema é que nunca foi o caso. E esse é o grande problema. É difícil, talvez impossível, encontrar esse material em português.

Seja a HQ, seja a série animada ou live-action… Parece que tudo ficou perto, porém longe de nós.

Os quadrinhos sequer receberam uma versão em inglês, um absurdo quando pensamos na série animada sendo exibida pela Fox Kids nos EUA, na Teletoon no Canadá e inclusive na Kids Station no Japão.

Simplesmente um absurdo de um potencial desperdiçado que poderia ter sido apresentado a milhões de consumidores e teria sim, ganhado seus corações.

E talvez tudo que eu disse aqui não tenha sido em vão, talvez tenha sido sim um pedido, que olhem pela série, que busquem conhece-la e que seja da maneira que for possível ser.

Escrito por Jefferson Venancius

Escritor, redator, roteirista e músico. https://conde.carrd.co

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