HQ do Dia | A Solidão de Um Quadrinho Sem Fim – Adrian Tomine
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HQ do Dia | A Solidão de Um Quadrinho Sem Fim – Adrian Tomine

Os momentos de um homem que achou que seria perdedor a vida inteira

Quem leu “Intrusos”, também de Adrian Tomine e que foi um dos best-sellers do New York Times, sabe bem da genialidade do autor. É nítido que para estar numa lista de mais vendido em um dos maiores jornais do mundo, não é qualquer um que consegue. Mas não é o que parece quando colocamos as mãos em “A Solidão de Um Quadrinho Sem Fim”, outra obra do quadrinista norte-americano publicado pela Editora Nemo em 2020.

HQ do Dia | A Solidão de Um Quadrinho Sem Fim – Adrian Tomine

Em um formato de sketchbook (caderno para desenhos), Tomine conta os momentos mais estranhos, vergonhosos e marcantes da sua vida desde a infância até a fase adulta. Nestes contos, ele mostra como encara e enxerga a vida. Não é algo como se fosse um projeto para mostrar o quanto ele é foda no que faz, mas sim um relato de como ele enfrentou as complexidades, as gafes, a falta de tato das pessoas a sua volta e, principalmente, como ele se via como um quadrinista.

Em diversos momentos, Tomine mostra como é os bastidores dos festivais de quadrinhos como Angoulême, por exemplo, e a sua relação com outros autores também, além, claro, da aceitação do publico.

HQ do Dia | A Solidão de Um Quadrinho Sem Fim – Adrian Tomine

Mas não pense que esses momentos eram ótimos e que ele tirava de letra, muito pelo contrário. O cara mostra que nunca soube como se comportar e muito menos como agir diante de comparações de seu trabalho com outros autores. As mais comuns em são as confusões ou comparações com Daniel Clowes (Paciência). Sempre aparece alguém achando que Tomine escreveu “Wilson”, por exemplo, ou outro quadrinho do também norte-americano.

Bom, a viagem é hilária em alguns momentos, mas em outros é constrangedora. É esse o sentimento que “A Solidão De Um Quadrinho Sem Fim” vai te passar em boa parte. Como eu disse no início, Tomine sabe o talento que tem, sabe dos esforços que fez para conquistar o tão sonhado lugar ao sol, mas não era o bastante se o público, crítica e os outros quadrinistas não validassem sua trajetória. Ele achou que seria um perdedor a vida inteira, mesmo com todos os indicadores mostrando o contrário.

HQ do Dia | A Solidão de Um Quadrinho Sem Fim – Adrian Tomine

Ou seja, ele escancara o tamanho do seu ego e o quão frágil ele é, mas ao mesmo tempo que faz tudo isso, mostra também que não há glamour na profissão, nos festivais e nem em ser famoso. Isso fica nítido quando ele é reconhecido e presenteado pelo garçom em um jantar em família num restaurante com uma sobremesa e, no final, descobre que a o restaurante cobrou por ela.

O desfecho da história é o clímax de “A Solidão De Um Quadrinho Sem Fim”, por isso eu paro por aqui e deixo você com a missão de ler esta HQ e se identificar com alguém que vive de forma acelerada e esquece que tem outras coisas tão boas quanto o seu trabalho passando diante de seus olhos. Pode ter certeza de que você vai passar dias refletindo sobre o que acabou de ler.

Se você se interessou em “A Solidão De Um Quadrinho Sem Fim”, pegue um exemplar com um bom desconto aqui. Beleza?

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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