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HQ do Dia | Doctor Strange #1-3

Mesmo com o Universo Marvel ainda em mutação devido às Guerras Secretas, (entenda o que está acontecendo aqui) Outubro foi o mês da enxurrada dos novos títulos Marvel. Com isso, público e crítica ainda estão absorvendo a enorme gama de informação publicada pela editora nos últimos 2 meses. A casa das ideias não pára de vomitar edições número 1 nas bancas estrangeiras e no meio disso tudo tivemos a estreia de um novo volume do gibi protagonizado pelo sacerdote supremo, Stephen Strange.
Doctor Strange já está na sua terceira edição agora em Dezembro, portanto a resenha aqui abrange, além da estreia as duas edições subsequentes da revista. A equipe criativa em Doctor Strange é formada pela dupla Jason Aaron (que vem de irrepreensíveis últimos volumes de Thor) e Chris Bachalo (vindo de uma passagem bem morna pelo título principal dos filhos do átomo escrita por Brian Michael Bendis). A colaboração entre os dois artistas apresenta de forma bem natural o mago supremo do Universo Marvel, tanto no que tange às suas atribuições, modus operandi e sua complicada vida pessoal. Além disso temos um excitante premissa envolvendo uma nova ameaça aos praticantes das artes arcanas em TODO o multiverso Marvel. E isso não é pouca merda.
HQ do Dia Doctor Strange #1-3
O roteiro de Aaron em Strange é rápido, despojado e inusitado. Em um momento estamos vendo o bom Doutor curando pacientes acometidos por alguma maldição inusitada, e rapidamente somos fisgados por uma cena mais contemplativa e elucidativa sobre a natureza da sua função no universo místico da Marvel. O balanço entre o esquisito e o casual nos leva a enxergar a Nova York da nova Marvel sob o prisma do oculto e abstrato com muita naturalidade. Nada de novidade neste gênero, mas tudo é executado de forma competente, com pitadas certeiras de humor, certa dose de ação e sem perder o tema principal em títulos de magia contemporâneos: todo encanto tem seu preço.
Stephen Strange está longe de ser um John Constantine. O personagem, apesar de ter uma infinidade de demônios internos, ainda é um herói com todos aqueles valores morais heroicos que se espera deste tipo de personagem. Isto não o torna me
nos complexo ou interessante. Muito pelo contrário, o tratamento dado a Aaron simplifica a dinâmica entre o oculto e o mundano para novos leitores e dá importância ao trabalho do personagem neste universo.
A arte de Chris Bachalo é realmente uma questão de gosto pessoal do leitor. O estilo híbrido (e peculiar) de caracterização e diagramação do ilustrador e sua colorização calcada em tons bege pode tanto fazer você se apaixonar por esta apresentação quanto achar um pouco cansativa. Há um excesso de artifícios e atalhos gráficos em cada uma destas edições, algo que só quem desenha constantemente a princípio vai detectar e pode passar despercebido. Os conceitos desenvolvidos por Jason Aaron tem uma interpretação bem própria do artista. Isso é um ponto positivo. No entanto nem tudo fica explicitamente claro (cenas de ação por exemplo) nas páginas devido justamente à insistência de Bachalo em “estilizar” praticamente todas as sequências mais movimentadas do gibi. Então, justamente quando o roteiro pede algo mais explícito e claro, o artista nos presenteia com uma linda, mas extremamente confusa página dupla na qual você tem certa dificuldade para acompanhar a sequência de eventos. Tirando algum quadro ou outro no qual a caracterização carece de um pouco mais de capricho, o trabalho de Bachalo é bem superior ao que vinha fazendo nos X-Men justamente por ter um número limitado de personagens neste elenco e uma premissa que se encaixa mais em seu modo de apresentação.
Doctor Strange é um início promissor para esta nova fase do sacerdote supremo da Marvel. O roteiro de Jason Aaron realmente não tem nada de inovador ou especial, mas a maneira clara, dinâmica e prática com a qual aborda o universo arcano da editora transforma a franquia em um prato cheio para quem quer conhecer o personagem. Com uma arte que é francamente tão imprevisível quanto o próprio Sanctum Santorum de Stephen Strange, isto aqui se torna uma leitura muito interessante, porém não indispensável nesta nova e diferente Marvel.

Leia as reviews dos novos títulos da Marvel pós-Guerras Secretas:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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