Seja entre os cinéfilos ou público em geral, é um consenso a qualidade das animações produzidas pelo Stúdio Ghibli. Entre elas, uma das obras mais celebradas é a “Viagem de Chihiro” (2011). Seu sucesso foi cada vez mais catapultado ao ganhar o Oscar de melhor animação durante a cerimónia de 2003.
Este acabou sendo o primeiro e único filme do estúdio a conseguir uma premiação nessa categoria. Porém, o que fez essa animação ser um grande sucesso até hoje? Com tantos produtos, como brinquedos, livros customizados, camisetas personalizadas?
A resposta está dentro do conceito que a trama apresenta para o espectador ao longo dos seus 125 minutos de puro esplendor.
A história
Escrito, desenhado e dirigido por Hayao Miyazaki, a animação conta a história de Chihiro, uma menina que está se mudando para outra cidade com seus pais. Ao encontrar um templo perdido no meio do caminho, ela acaba caindo em uma armadilha e indo parar em um mundo mágico, cheio de criaturas sobrenaturais típicas do folclore japonês.
A partir disto, ela tem como missão principal salvar a seus pais e a si mesma desse mundo paralelo e conseguir voltar para o mundo normal, enquanto descobre lições importantes sobre responsabilidade, empatia e crescimento pessoal.
Por que ele é tão envolvente?
Por meio dessa história, o filme dá um panorama de amadurecimento pessoal de uma garota na pré-adolescência, com questionamentos pertinentes dessa fase conturbada da vida. Isso pode ser visto através da visão teimosa e simplista do mundo, que se mistura constantemente com a ingenuidade e a impulsividade, comuns nessa época. Talvez, o questionamento que mais chama a atenção é a sensação de pertencimento.
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Ao longo da animação inteira, vemos que a personagem está sempre deslocada, e procurando seu lugar, seja no mundo real, com a mudança para outra cidade, ou então no mundo mágico. Esse tema é bastante pertinente, até mesmo fora da pré-adolescência, em que precisamos procurar pertencer a algum lugar, apesar de estranho.
Sem contar também na noção de primeiro amor e amizade que sempre estão presentes dentro da animação. Como é importante manter essas duas coisas, se não acaba perdendo essencialmente quem você é. Uma das críticas subliminares mais presentes, é o papel dos pais ao longo da nossa vida. Apesar de ser um tema polémico, em grande parte a pressão por parte dos pais, ou até mesmo fazer as coisas explicitamente para agradá-los, pode se tornar um grande pesadelo.
Se formos colocar paralelos na vida real, a pressão paternal para nos formarmos, para estarmos de acordo com as normas da sociedade, mesmo que seja contra nossa vontade, é algo que o filme mostra de maneira fantástica, mas que ainda não deixa de estar calcada na realidade de muitas pessoas. Além de tudo isso, a animação conta com longos períodos de apreciação da natureza, o que acaba sendo uma marca registada dos filmes produzidos pelo estúdio. Graças ao cenário podemos ter uma pausa na trama do filme e tirarmos um tempo para observar a paisagem ao nosso redor, aumentando a imersão dentro daquele universo.
Com personagens ricos e envolventes, “A Viagem de Chihiro” é um filme que vale a pena ser visto, independente da sua idade, pois, de alguma forma, ele irá se conectar contigo. Seja relembrando momentos da sua infância, ou até mesmo trazendo questões da vida adulta.