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Titãs – 1° Temporada | Bola de neve e múltiplos tons

Sendo o primeiro produto original do limitado serviço próprio de streaming da editora norte-americana DC Comics, então chamado de DC Universe, Titãs chega ao catálogo nacional da Netflix da mesma forma que chega para fazer sua estreia em uma série live-action: atrativa e empolgante. A série acompanha a equipe homônima dos quadrinhos formada por Robin (Brenton Thwaites), Ravena (Teagan Croft), Estelar (Anna Diop) e Mutano (Ryan Potter), sendo obra autoral de Greg Berlanti (produtor de Arrow, The Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow) e contando com nomes como Akiva Goldsman e Geoff Johns na equipe de roteiristas.

Brevemente contextualizando, Titãs traz Dick Grayson (Robin) trabalhando na polícia de Detroit, até que o caso de Rachel Roth (Ravena) – uma misteriosa jovem com poderes sobre os quais não tem controle – chega até ele. Decorrente disso, Dick e Rachel acabam eventualmente se juntando à alienígena Kory Anders (Estelar) e o carismático Garfield Logan (Mutano) numa imersiva aventura conspiratória marcada por uma organização do mal e seres extra-dimensionais.

Nesta primeira temporada Titãs não muito demora a esclarecer sua proposta, onde já nos primeiros episódios logo se percebe um foco voltado com mais enfâse para a Ravena e Dick, a medida que também “alimenta uma bola de neve circunstancialmente global”. Digo, (você conhecendo ou não a premissa das HQs) a personagem Ravena naturalmente tem grande foco aqui por ser a peça-chave a desencadear os eventos que iniciam essa “bola de neve” e a desenvolve com o percorrer da narrativa na temporada, isso graças a suas origens, questões parentais e também a caçada desenfreada de uma organização desembestada. Por sua vez, Dick atrai foco ao apresentar uma “inexplicável” ruptura de parceria com o Batman, um comportamento descontrolado no combate ao crime, e ainda uma eventual crise de identidade; tudo isso enquanto assume a responsabilidade de cuidar de uma adolescente.

Ainda sim, aqui Titãs consegue desempenhar bem o desenvolvimento secundário dos demais personagens, pincelando satisfatoriamente os breves conceitos bases de personagens como Estelar, Mutano, Rapina e Columba. O que ressalta também, o agradável elemento de “desenvolvimento inicial” não só dos seus personagens, mas da série como um todo. Bem, basicamente todos os personagens até então imersos em momento de auto-descoberta e/ou auto-redescoberta, o que pode ser interessante acompanhar o desenvolvimento destes em longo prazo.

É legal mencionar que, até então, Titãs abraça sem hesitação os muitos elementos clássicos e atuais do Universo DC – devidamente contextualizados ao desenvolvimento narrativo da série. Como é o caso explicitamente ocorrente ao casal Rapina e Columba, a Patrulha do Destino (que também ganhará uma série própria), e/ou de maneira implícita, como acontece nos elementos base de história de Dick Grayson (aos quais me lembraram traços da trama abordada no primeiro volume solo do personagem na fase Rebirth; HQ do Dia | Asa Noturna Vol.1).

E bem, isso é executado tanto em primeiro quanto em segundo plano narrativo, visto que a série traz uma sucinta, mas natural, abordagem a grandes nomes do respectivo Universo. Claro, você (ainda) não necessariamente verá personagens como Batman, Superman, Mulher Maravilha, entre outros em detalhes, mas é bem legal saber que eles existem e são contemplados a narrativa base dos membros protagonistas dessa equipe titânica. Que por sinal, me recorda dizer que eu não ficarei/ficaria surpreso se em algum momento futuro da série a equipe protagonista desta for/fosse uma mescla de personagens bases de Titãs e Justiça Jovem.

No quesito de roteiro e narrativa, Titãs traz uma descompromissada essência adolescente banhada a múltiplos tons. Em determinados momentos da heróica aventura, a execução dessa essência é bem feita, trazendo uma boa sinergia e dinâmica para a temporada; mas em outros, é irregular, podendo incomodar um telespectador mais exigente na execução do conteúdo. De todo modo, os episódios são de fácil imersão e entendimento (independente do seu conhecimento sobre as HQs da equipe), tendo uma dramaticidade até então agradável e bons plot twists, tudo isso a medida que comba bem a essência base “colorida” da equipe sem se prender as “sombras realísticas” características não só do estilo de Zack Snyder, como de outras séries heróicas atuais.

Porém, Titãs sofre descaradamente quando o assunto é efeitos especiais, quer sejam eles básicos ou ligeiramente complexos, eventualmente assim gerando certo incomodo e quebra de fluidez nas cenas. Isso só não é tão alarmante inicialmente porque a temporada como um todo, apresenta boas coreografias, movimentações de câmera, fotografia, paisagismo e trilha sonora também.

Por fim, a primeira temporada de Titãs propõe-se a desenvolver uma narrativa inicial interessantemente válida, moldada por ações e reações que não só alimentam a “bola de neve circunstancialmente global” para seus envolvidos como destaca os tons bases coloridos (quer sejam dos quadrinhos, quer sejam da descompromissada adolescência) atuando em conjunto aos tons sombrios realísticos característicos do universo em que se espelha. É, até então, uma série que entretém no válido tempo a ela dedicado.

 

Escrito por Isaias Setúbal

All I hear is doom and gloom. And all is darkness in my room. Through the night your face I see. Baby, come on. Baby, won't you dance with me?

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