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Estamos jogando como uma garota e vamos dominar o mundo dos games

Ser mulher em pleno século 21 infelizmente ainda é algo complicado em muitos aspectos. Precisamos sempre estar provando para o mundo que somos capazes de conseguir aquela vaga de emprego, quando na visão de alguns seria “trabalho de homem” e até mesmo em um relacionamento, na qual o homem muitas vezes ainda se acha o macho provedor da mulher, em que ela deve ficar em casa cuidando das coisas enquanto chega com comida e dinheiro. Meus queridos, não estamos mais nos anos 40, bora mudar né!

E no mundo dos games não é muito diferente, algo que por muitos sempre foi considerado “coisa de menino” e que as meninas não sabiam jogar. Só tenho uma coisa a dizer: achou errado otário! As mulheres dentro do mercado de game, seja falando sobre, produzindo em uma grande desenvolvedora e até mesmo jogando dentro dos eSports, vem crescendo cada dia mais, porém, infelizmente a realidade ainda é bem dolorida mesmo com ótimos números.

Estamos jogando como uma garota e vamos dominar o mundo dos games
Bora investir mais nos times femininos?!

Que mulher nunca escutou essa frase: “ahh mas você é mulher, só homem consegue esse tipo de coisa, melhor já desistir”. Pois é, infelizmente ser mulher nunca foi fácil e continua assim. Tenho certeza que vai aparecer aquela galera machista falando: “Esse tipo de texto é de feminista que precisa transar mais…”, “Precisa parar com esse mi mi mi, o mundo hoje em dia é outro”. Não meus queridos, não é outro não. 

Vemos a evolução na tecnologia, medicina, mudanças na área de educação, mas se tem algo que não muda nunca é o machismo que a mulher enfrenta todos os dias com esse tipo de atitude e comentários. Não vou generalizar e dizer que são todos os homens, já que muitos hoje em dia estão se desconstruindo e entendendo que eles não são os donos do mundo e nunca foram. Mas 85% deles ainda têm muito que aprender.

A internet também não ajuda, já que o mundo dentro da rede às vezes não tem rosto, então pode ser qualquer um prejudicando a imagem do outro e falando coisas que fora da rede não teriam nunca coragem de falar. Esses problemas causam uma grande taxa de suicídio e até mesmo de feminicídio, na qual o Brasil é campeão – de maneira negativa – nessas estatísticas. Achei uma informação necessária para esse começo, mas voltamos a falar sobre o mundo dos games.

As mulheres por sua vez, têm ganhado cada vez mais espaço nesse ramo, pelo menos desde 2001 alguns homens aos poucos começaram a “reconhecer” que nós também podemos falar e conhecer mais que eles sobre esse mundo. Quando eu digo reconhecer realmente são necessárias as aspas, já que estávamos entrando mais fundo nisso e eles olhando torto e menosprezando. Uma vez conversando com uma amiga que decidiu seguir a carreira de jornalista de games faz uns bons anos, comentou que no começo – e por um bom tempinho – eles não davam games grandes para ela fazer review, era sempre jogo indie simples, vamos dizer assim, e jogos estilo o da Barbie. Afinal, que mulher nos anos 90/2000 jogava RPG não é mesmo.

Você homem que provavelmente deve estar lendo esse texto e me xingando ou espero que me apoiando, nunca teve problema com o nome dentro de um game de RPG, seja no LoL (League of Legends) ou até mesmo em WoW (World of Warcraft). Posso dizer que Ragnarok, WoW e CS foram os formadores do meu caráter e algumas vezes estresse, já que em alguns momentos foi necessário usar um nome masculino na hora de jogar, que só dessa forma para os jovens que ainda nem tinha pelo no saco ficavam quietos sem reclamar se eu tava jogando bem ou não, afinal se você era menina nessa época jogando eles automaticamente falavam que você era muito ruim ou que tinha que mandar foto pelada, afinal só pra isso que a gente serve pra eles. #desgraça

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Estamos jogando como uma garota e vamos dominar o mundo dos games
Ainda vamos dominar este universo

E não só os games, como muitas mulheres nesse mundo também deram um grande incentivo para continuar fazendo o que faço agora, que é falar sobre os joguitos, por exemplo: Flávia Gasi (Editora do Garotas Geeks), Barbara Gutierrez (Editora-Chefe do Versus), Carol Costa (Editora do IGN Brasil) e Marina Val (Editora do Jovem Nerd). Nomes que todos conhecemos, algumas que já tive o prazer de conhecer e criar uma amizade muito bacana, e que passam um conhecimento que todos deveriam ter, para as mulheres se inspirarem e os homens aprenderem a respeitar.

Agora você vai perguntar: “Guta, mas qual o motivo de tal texto sobre esse assunto?“. Já é meio óbvio, mas é sempre legal explicar mesmo assim. O ano de 2020 começou já meio turbulento, com o nosso CBLoL chegando e junto dele polêmicas vieram de mãos dadas. Não quero dizer que apenas no cenário de CBLoL está o problema, mas algumas coisas que eu enxerguei me deixaram bem incomodadas. Todos sabemos que a Gillette é uma das marcas patrocinadoras do Campeonato Brasileiro de League of Legends, sendo um grande nome e investimento para a competição, porém esse ano mais uma vez eles poderiam ter feito diferente e erraram. Em vez de investirem em uma campanha unissex, sabendo que hoje mais da metade do público do evento é feminino, insistiram em criar a campanha “Barbear Lendário” junto de seu embaixador, Kami. Eu entrei em contato com a Gillette e perguntei sobre essa questão da campanha e o motivo de não investirem em algo que atraia ambos os sexos. A resposta foi esta:

“Como o vídeo da campanha traz o Kami em um momento de preparação pessoal, nomeamos esse vídeo como ‘Barbear Lendário’. Entretanto, a promoção se chama ‘Legends Experience’, que, além de produtos Gillette, conta com Gillette Venus, produto com tecnologia desenvolvida para atender as necessidades do corpo da mulher. Isto é, não há qualquer distinção entre homem e mulher e, inclusive, incentivamos as mulheres a se conectarem com todas as ações que fazemos nesse universo, inclusive nessa promoção.”

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Realmente entendo o que eles querem fazer com essa campanha e não estou dizendo que a Gillette é machista, muito pelo contrário, mas ainda sim faltou ainda mais um incentivo dentro da campanha principal e não apenas colocar o produto Vênus na promoção. Mas sabemos que é começo do ano ainda e tudo pode melhorar, tenho fé.

Outro caso preocupante é em relação a jogadora, Mayumi do time INTZ. Ela é um dos grandes destaques e ainda jovem foi contratada para o time, sendo uma das únicas integrantes femininas. Já quero adiantar que ela é incrível e ter que escutar comentário babaca – usando o português de forma correta aqui – do Lep, é totalmente desnecessário. Um caso que dividiu o público, com pessoas contra Lep e pessoas a favor, achando que todo o caso é apenas frescura. Não galera, não é frescura. Quero ver se você, homem, vai ficar feliz em escutar alguém falando: “Quando for apertar a mão do amigo, passa a mão no saco antes”. Provavelmente você não vai gostar né? Dai vamos ver quem é o fresco. 

Entenda pequeno gazebo, o mundo dos games nunca foi apenas seu. A sua imaginação fértil fazia com que você pensasse isso, mas a realidade é que era tudo um sonho e estamos nesse meio o tempo todo, tanto que o número de mulheres já passa o de homens quando se trata de falar sobre games, fazendo streaming de games e participando de grandes campeonatos. E vocês não precisa ser machista, apoie e seja gentil, o mundo já anda uma desgraça com tantas coisas, quem sabe sendo bacana uns com os outros podemos tornar a vida mais suportável.

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Escrito por Guta Cundari

Do cinema para o jornalismo. Amante de filmes e games, fã filmes de terror trash e joguitos que duram meses. As Premiações pelo mundo todo que me aguardem e os noobs que sofram.

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