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Drácula (2020) | Boas ideias em um mau caminho

Da mesma maneira que a idade avançada de Drácula, suas adaptações foram se moldando durante o tempo como conhecemos. Seja pelas memoráveis como “Nosferatu” (1922) , o “Vampiro da Noite” (1958) e “Drácula de Bran Stoker” (1992), todas deixaram sua visão original do ser mais temido das sombras. O que nos traz para a minessérie “Drácula” criada pela Netflix em parceria com o canal BBC que novamente apresenta outra visão do personagem.

Criada por Mark Gatiss, Steven Moffat (idealizadores de Doctor Who e Sherlock), os dois atribuem em suas devidas maneiras uma nova abordagem do personagem, tanto para o antigo quanto para o novo público, com novas ideias na mitologia construída por Drácula que apesar de boas tendem a se perder durante seu caminho. 

Drácula (2020) | Boas ideias em um mau caminho
Claes Bang como Drácula.

Com três episódios de uma hora e meia cada, temos praticamente um filme em cada narrativa da história, pois todos têm um início, meio e fim. Apresentada aqui desde dos primórdios do ano de 1857, Drácula (Claes Bang) vive isolado em seu castelo sombrio na pataca Transilvânia. Decido a explorar uma jornada de sangue, o personagem termina em nossos dias atuais. 

Nesse caminho percorrido, ele conhecerá novos rostos que impactaram com sua visão de trazer o caos para a humanidade. Seja a irmã Agatha (Dolly Wells), a famosa Van Helsing, o jovem advogado Jonathan Harker (John Hefferman), até mesmo versões alternativas modernas de Lucy (Lydia West) e Jack (Matthew Beard) que enfrentaram sua ira do monstro sedento por sangue, que apesar de seguir certas ideologias acaba por se perder nelas.  

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Drácula (2020) | Boas ideias em um mau caminho
Dolly Wells como a Irmã Agatha

Não posso negar que desde seu começo, a narrativa pode nos prender de vez seja pelo seu tom, sua ambientação ou seus personagens. A maneira que é construída nos deixa questionáveis do que esperar da solidão, crueldade e particularidades que carregam o personagem. Apesar de derrapadas, todo o conjunto da obra esbanja qualidade. 

Em seu primeiro episódio temos uma introdução digna de homenagens clássicas a mitologia de Drácula, com estilo sombrio e carrego de terror em sua condução, contido em semelhanças de outros filmes do personagem que beiram a euforia e sorrisos de quem adora este universo. Tudo é executado da maneira atrativa e condizente que logo se perdemos na boa trama.

Drácula (2020) | Boas ideias em um mau caminho
Cena do primeiro episódio de Drácula

Entretanto o segundo episódio traz uma desconstrução da narrativa, pois apresenta Drácula em outro ambiente, agora longe de seu castelo, o personagem deseja participar de uma viagem em um barco onde ao que tudo indica fará presas fáceis. Justamente temos um teor de suspense e investigação que lembra muito os olhares da série Sherlock dos mesmos criadores, nada que prejudique a experiência pois apresenta momentos satisfatórios.

O ponto negativo vem com a estrutura do terceiro e último episódio, Drácula aqui é colocado em nossos dias atuais, que apesar de trazer boas ideias para um olhar inovador da criatura e sua sobrevivência, tende por danificar e descaracterizar a visão do personagem em algo caricatura e falas que beiram piadas forçadas, pois o monstro perde o símbolo de ameaça a humanidade. 

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Drácula (2020) | Boas ideias em um mau caminho
O sombrio e amedrontador Drácula.

O ator Claes Bang apresenta um Drácula cavalheiro e filosófico em seu olhar mas que logo é surpreendido por lado sanguinário e amedrontador. Deixa claro que o ego inflado e a necessidade provar sua masculinidade em certos momentos. Dolly Wells é nova releitura de Van Helsing que consegue se manter pelo controlo de seus olhares e a segurança em suas falas.  

Com respeito a origens, Steven Moffat e Mark Gatiss trazem uma condução original, pois se mantém no gore e no visceral, isso é notável pois em momento algum eles ocultam o sangue e a ameaça iminente que Drácula representa. Apesar de ter controle nesse padrão que definiu o personagem, o erro está na forma que desejam seguir o caminho em apresentar novas ideias, pois é perceptível como perdem o controle em conseguir um desfecho significativo. 

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Drácula (2020) | Boas ideias em um mau caminho
A batalha do bem contra o mal

Cheios de bons momentos que são segurados, é claro, pela atuação de Claes Barg, “Drácula” se apresenta como uma experiência em todo conjunto até gratificante, se você ignorar o terceiro episódio. É de se notar que a minissérie poderia alcançar muito mais, porém a necessidade em ser algo diferente perseguiu tanto seus criadores que no fim acabaram por se perder em sua própria essência.  

Todos os episódios da minissérie “Drácula” estão disponíveis na Netflix.

Escrito por Rafael Tanaka

Publicitário, amante de cinema, quadrinhos, filmes e séries. Sempre existe coisas para se descobrir nesse mundo da cultura pop.

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