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Polar (2019) | Um puta conto de aposentado diferenciado

Oficialmente lançado em  25 de janeiro de 2019 por meio do catálogo da pomposa Netflix, Polar não cria cerimônia para por suas cartas à mesa: a aposentadoria pode ser mortal (de muitos jeitos), mas também e, como bem dizia o Chorão, um homem quando está em paz não quer guerra com ninguém. Pois sim, Polar adapta a websérie em quadrinhos noir originalmente escrita por Victor Santos e publicada pela Dark Horse Comics, Polar: Came from the Cold.

Assim como na websérie em quadrinhos, o longa-metragem traz o principal assassino do mundo, Duncan Vizla, prestes a se aposentar quando o seu ex-empregador o considera um passivo para a empresa (normal, até aqui). Contra a sua vontade, Duncan se encontra de volta ao jogo, indo de cabeça a cabeça contra um exército de assassinos mais jovens… E ferrando mais do que nunca a sua “amigável” ex-empresa. Não, não é difícil relacionar este filme a outros como Kill Bill e/ou John Wick, por exemplo.

Polar traz uma galeria de personagens peculiares; fazendo jus ao seu elenco composto por nomes consolidados. Até certo ponto, este é um dos tópicos que me agradam bastante ao decorrer da trama, tendo em vista que as peculiaridades dos personagens são marcantes e os diferenciando tanto internamente ao filme quanto externamente a longas que se enquadrem ao gênero. A propósito, boa parte dos tons de violência do longa se concentram nesses personagens adversários.

Contudo, essas peculiaridades, então complementadas por figurinos e cores vibrantes, são limitadas a personagens escassos sem aprofundamento básico e consequentemente, superficiais. Digo, com exceção dos protagonistas, você não vê Polar trazendo uma conceituação mínima para os demais personagens: eles estão lá e pronto. Isso pode incomodar? Dependendo de você… No meu caso, não me incomodou tanto, mas definitivamente seria algo que poderia ter um pouco mais de atenção.

Mas não só de violência vivem os personagens de Polar. O protagonista Duncan Vizla desenvolve uma “estranha” relação de “pai e filha” com a personagem Camille que é bem executada ante a trama proposta pelo filme. Não quero entrar em muitos detalhes a fim de evitar possíveis spoilers, mas particularmente gosto dessa relação e, principalmente, de como ela cria momentos oportunos de aprofundamento para ambos os personagens; e consequentemente para a execução do longa.

Tanto em roteiro quanto em execução de narrativa, Polar abusa ante seus tons noir, bem apresentando elementos de sexo e violência (esta não desrespeitando em excesso a realidade), sem deixar de explanar algumas plot twists satisfatórios em termos gerais. Nesse sentido, algo que também se destaca no longa é que todo o filme te passa bem a ideia de uma série em quadrinhos adaptada, contando com algumas cenas rápidas e/ou sintetizadas como se fossem a execução quadro a quadro natural de uma HQ.

Por fim, Polar é um puta conto de aposentado diferenciado (eu realmente gosto do contexto de aposentadoria abordada no filme e em questão de matadores por contrato) que, apesar dos pesares, corresponde bem a sua audiência com uma história concisa, bem executada e de entretenimento válido.

Escrito por Isaias Setúbal

All I hear is doom and gloom. And all is darkness in my room. Through the night your face I see. Baby, come on. Baby, won't you dance with me?

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