Isaias Setúbal Com uma nova abordagem extra-cosmo-universal frente a nossa casa, era inevitável que uma nova introdução e condução para o mais renomado (e talentoso) artista de fuga do universo quadrinhesco da DC Comics fosse acontecer. E sinceramente, que bom que aconteceu! Sim! Com o pós-Renascimento entre nós, “Senhor Milagre” estréia sua minissérie solo… e como estréia.
Mas antes, e para efeito de contextualização, é importante você saber (ou recordar) que Scott Free é o maior artista de fugas de diversos mundos. Mas, gozando de fama e boa vida na Terra, o herói também conhecido como Senhor Milagre pode finalmente ter encontrado uma armadilha tão complexa que nem mesmo ele pode escapar! E é sob essa premissa que os creditados autores Tom King e Mitch Gerads nos presenteiam com tamanha obra.
Trazendo a assinatura de Tom King no roteiro, Senhor Milagre – Edição 1 é um encadernado que reúne as seis primeiras edições a terem sido publicadas individualmente. Ainda sim, esse encadernado de 152 páginas traz uma das melhores histórias em quadrinhos que tive a oportunidade de ler atualmente, tendo em vista que King consegue executar, perfeitamente, a proposta de sua trama focada na relação conflituosa entre cria e criador. Digo, King basicamente consegue proporcionar uma história em que o leitor descompromissadamente embarca numa aventura singela, mas que o faz aproveitar cada frame possível (mesmo que este não entenda nenhum deles a princípio).
Mas mais do que isso, a linguagem roteiristica apresentada por King é totalmente fluída, de fácil agrado ante o ritmo controlado de cenas e/ou circunstâncias. E tal ritmo mixa tão bem os elementos deste encadernado, que toda a sua leitura é fácilmente captativa e entendível. E você sempre irá querer seguir com a história adiante. Em fato, King assina um roteiro cuja qualidade é fundamentada, preservando um tom certeiro de bom humor e charme nas misturas dos elementos do universo em que desenvolve sua trama. (E como fico feliz em poder acompanhar de perto um puta relacionamento show como o de Senhor Milagre e Grande Barda).
Senhor Milagre – Edição 1 não só é uma das melhores HQs que tive a oportunidade de ler atualmente como é, também, uma das HQs mais bonitas em questão de arte que ando acompanhando. Sinceramente, o traço e cores experimentalista de Mitch Gerads são simples e hipnotizantes. E o mais importante: a arte de Gerads conversa fluidamente com o roteiro de King, tendo em mente que ela transcreve muitíssimo bem as intenções propostas pela trama. A arte desse encadernado é isto: genuína e fluída.
Por fim, e em termos gerais de análise, a medida em que possui uma execução precisamente sólida, Senhor Milagre – Edição 1 tende a ser um encadernado de leitura envolvente e agradavelmente franca, de trama e contextos precisos para a re-introdução e condução ante o universo desse artista de fuga. Digo, este é um encadernado que traz certa atmosfera quarinhesca independente, e que definivitamente é o tipo de história em que você senta no banco do leitor e simplesmente viaja ante a justaposição entre o visual e a abordagem temática.
