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HQ do Dia | Guerras Secretas #4

Você estava achando essa história do deus Victor Von Doom sentado em seu troninho governando o Mundo de Batalha, dando ordens ao Xerife de Agamotto, Stephen Strange e “divando” por três edições meio parada? Pois Guerras Secretas #4 veio acabar com isso tudo. Os sobreviventes das Terras 616 e 1610 da Marvel estão aqui. E isso é uma ameaça grande demais para ser ignorada até pela divindade soberana desta realidade.

A quarta edição da saga em oito partes da Marvel é o ponto de ruptura no qual o aparente antagonista (Destino) e a força opositora (os sobreviventes) se encontram e medem forças pela primeira vez. Após toda a benevolência e altivez das edições anteriores, aqui vemos o que de fato Doom é capaz de fazer para manter o equilíbrio delicado nesta nova realidade. A face horrível deste novo deus emerge e Jonathan Hickman faz questão de mostrar isso da maneira mais direta possível, para que não haja dúvidas acerca das intenções do personagem.

Novamente Destino é o protagonista, mas a quarta parte de Guerras Secretas é muito mais do que Victor. Aqui temos mais informações sobre a origem do Mundo de Batalha e sua estrutura além de uma puta batalha clássica de quadrinhos envolvendo a Cabala, a Tropa Thor, os sobreviventes recém chegados a esta realidade e por fim o soberano deus Destino.HQ do Dia | Guerras Secretas #4

O ponto mais marcante no roteiro desta edição é a confissão velada do autor (através de Stephan Strange) de que este Mundo de Batalha não é algo natural. Segundo Strange, esta verdadeira colcha instável de realidades precisa de algo como Destino para manter sua coalescência. Isso de maneira alguma desacredita a história e mostra uma grande maturidade em se tratando de sagas Marvel. Beirando a metalinguagem, Hickman admite a fragilidade na premissa de Guerras Secretas, joga tudo no ventilador e usa isso a seu favor no roteiro. Sutil e brilhante.

A arte de Esad Ribic neste número é um trabalho extremamente complicado em termos de execução. Assim como na primeira edição, o elenco é numeroso e variado, a história não é somente porradaria e poses épicas e a presença e impacto nas cenas finais com Destino em foco precisa ser “maior que a vida” e chocante. O ilustrador nos dá isso e muito mais. As caracterizações continuam soberbas, o enquadramento é sóbrio e ao invés de usar artifícios estilizados o desenhista deixa o roteiro e as imagens dentro dos quadros falarem por si. Há peso nestas imagens, mas o formato das páginas é simples e direto. Você tem um sacerdote supremo, uma força Fênix, um Titã Louco, um exército de semi-deuses e um governante que é uma divindade encarnada na mesma edição. Então, não precisa de muita coisa. Só colocando estes elementos de forma digna nas páginas já é suficiente para impactar o leitor.

Guerras Secretas é a saga mais madura da Marvel em anos e, ironicamente, esta tem uma das premissas mais boçais de sua história. Mais ironicamente ainda, o autor não esconde, tenta engrandecer ou valorizar isso. Hickman nos diz claramente neste número 4 o que pensa sobre esta premissa e usa esta fragilidade evidente a seu favor para tornar o Mundo de Batalha algo distorcido, desagregado e não natural. Destino aqui é uma celebração de toda a sua rica história de megalomania, egoísmo e visão unilateral que nós todos amamos odiar no personagem durante os anos. Um homem individualista cheio de fragilidades e partes internas quebradas que carrega um mundo disforme em suas costas simplesmente porque tem a convicção de que é o único capaz disso. A arte da saga segue classuda e impecável e o roteiro caminha em direções talvez até esperadas para uma metade de conto, mas não há como prever o que se passará daqui para frente. E isso já vale a leitura, para o fã de quadrinhos Marvel.

ACOMPANHE TODAS AS RESENHAS DE GUERRAS SECRETAS:

Guerras Secretas #1

Guerras Secretas #2

Guerras Secretas #3

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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