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5 quadrinhos por Nenê Altro, uma das vozes ativas da contracultura

Eu já contei no Proibido Ler como foi e ainda é a minha relação com a banda mais marcante da minha vida. Todo o relato está neste artigo: Dance of Days | 15 anos vivendo a dança dos dias. Pois, bem! Nenê Alto é um expoente da contracultura paulistana. O cara tem uma importância significativa para a cena underground brasileira e isso não está atrelado apenas ao cenário musical.

Há livros, zines e até jornais já publicados por ele e distribuídos para milhares de pessoas espalhados pelo Brasil. Muito dos livros que ocupam a minha cabeceira, estão lá por influência dele. Acreditando nisso, o convidei para contar quais foram os quadrinhos que marcaram a sua vida de alguma forma. E a partir daqui, eu passo a bola pro mestre. Com você, Nenê Altro.

“Salvê! Gratidão pelo espaço!” 

Chiclete com Banana

Como todo bom adolescente nos anos 80 minha vida foi marcada por Bob Cuspe, Rê Bordosa, Rhalah Rikota, os Skrotinhos, Walter Ego entre tantos outros que marcaram as paredes de meu quarto e meus cadernos de escola. E foi onde, inclusive, aprendi a desenhar. Adorava ler também os textos e a seção de cartas.

Geraldão

Na mesma época da “Chiclete com Banana”, eu comprava tudo que a Circo lançava e assim conheci o trabalho de Glauco Villas Boas. “Geraldão”, “Casal Neuras”, “Doy Jorge”, amava tudo que ele publicava. Mal sabia eu que trinta e tantos anos depois, encontraria sua obra novamente em minha caminhada pelo Santo Daime. Sou muito grato.

Transubstanciação

Foi a obra onde conheci Lourenço Mutarelli, que influenciou todo meu trabalho como escritor ao longo dos anos. Comprei capítulo por capítulo nas bancas, adorava (adoro) o estilo e depois conhecer seus livros foi definitivo para que me inspirasse e depois começasse minha própria caminhada. Considero professor até hoje.

Love and Rockets

 

Essas revistas chegaram a minhas mãos primeiro por um punk norte-americano que transitou por aqui no final dos anos 80 e me apaixonei. Quando percebi que a Record estava publicando versões nacionais da revista no começo dos anos 90, fiquei fascinado. Pena que foi por pouco tempo. Os irmãos Hernandez, Maggie e Hopey ilustraram em colagens muitos zines meus na época. E meu vocabulário também, costumava chamar a Vila Guilhermina onde morei por alguns anos de Palomar (risos).

Barata

Leia mais: Camilo Solano: “os quadrinhos movem a minha vida”

Do mundo dos fanzines conheci a revista Barata do Flávio Calazans. Era o auge do movimento punk nos anos 80 e cada vez que eu tive contato com sua obra, fosse em seus zines ou nos de sua prima Paula Prata, todo lado lúdico da época aflorava. Flávio também despertou, através dessas obras, boa parte de meu interesse sobre paganismo e mitologia, que depois permearam toda minha obra no Dance of Days.

Nenê em sua palestra no II Ugra Zine Fest em Março de 2012

Eu faço zines desde os anos 80. Na época era com o que tinha em mãos, tesoura, cola e máquina de escrever. Sempre me fascinei pela liberdade de criação e pela forma direta de comunicação, sem censura, coisa que na época ainda era um espectro. Bom, hoje também, infelizmente. Meus primeiros foram “O Auto Didata” e “Rosa Negra”. Fiz dezenas de edições, trocava pelos correios passando sabão nos selos para remover depois os carimbos do correio e reutilizar dezenas de vezes (risos). Estive à frente de diversos informativos políticos no período, montando e diagramando dessa forma artesanal em paste up, como foi o caso do “Bigorn@!” da Juventude Libertária de São Paulo e algumas edições do “Ação Direta” do núcleo pró-COB/AIT que atuava em São Paulo.

Recebendo na Casa Moxei as 5000 cópias da última edição do Jornal Antimidia em 2014

Com mais notoriedade, do zine migrei para o jornal tabloide, inaugurando o Jornal Antimidia em 1999. Comecei com 5.000 exemplares em distribuição gratuita. Na época de auge cheguei a atingir os 20.000. Entrevistei todas as bandas atuantes no punk no período, “Cólera”, “Ratos de Porão”, “Inocentes”, “Olho Seco”, “Armagedom”, “Garotos Podres”, “Grinders”, “Hino Mortal”, etc. Sempre dando destaque de capa e fazendo entrevistas longas e completas.

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Exposição do Jornal Antimidia da Novart na ALESP em Setembro de 201

Cheguei até a entrevistar Henry Rollins (ex Black Flag) e Dave Dictor (MDC). Tenho muito orgulho dessa obra e pretendo fazer uma edição em formato livro muito em breve.

Recentemente lancei meu novo livro “Encruzilhada”, que dá conclusão a trilogia “Os Funerais Do Coelho Branco” (2005) e “O Diabo Sempre Vem Pra Mais Um Drink” (2011), esse último ilustrado pelo grande Felipe Kroll de São José do Rio Preto. 

Esse novo trabalho traz ilustrações de minha noiva Rafaela Aquariana e inaugura nossa editora, “Edições Kenaima”, bem como nossa loja online “Macumba Xamanica”. Você pode comprar o “Encruzilhada” aqui! 

Estamos com vários projetos incluindo obras em formato zine e uma versão em quadrinhos para meu livro “Clandestino” de 2013.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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