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Vikings | Uma 5º temporada que requer muitos cuidados

Se ano passado eu cheguei a dizer que maturidade e ascensão definiam a primeira parte da 4º temporada, não posso dizer o mesmo do que vi na segunda parte dela, e nem nos dois primeiros episódios da 5º que estreou dia 30 de novembro. Eu sabia que com a morte de Ragnar, talvez a série perdesse um pouco de sentido. A trama se voltaria para os filhos, falariam de suas conquistas, das vinganças, do jogo de tronos em Kattegat e, principalmente, das atrocidades de Ivar, o Desossado.

Mas o que vi até agora não me agradou muito. Eu já estava bem descontente com a evolução e o destino que alguns personagens tomaram. Ainda não me desce o Bjorn traindo a própria mãe com a Astrid e, ai vem o pior, por que caralhos o Ivar tinha que matar o Sigurd? Sério? Floki perdendo a alegria de viver, Ubbe tá parecendo o pai nos dias de ostracismo. Sei lá, bicho. Foi estranho.

Segue o Baile

Fiquei no aguardo do que os roteiristas preparariam para a 5º temporada. Será que teríamos mais batalhas? Será que Lagertha daria um pau em Harald e seu irmão? Bjorn se tornaria o líder da porra toda? Tive a oportunidade de assistir a dois episódios: O Rei Pescador e O Defunto antes da estreia mundial. Mas só decidi falar deles com um pouco mais de calma agora depois de assistir aos episódios novamente.

Tudo que eu vi parecia se confirmar com o sentimento que eu já estava com a série no final da segunda parte da 4º temporada. Ela já começa com o sepultamento de Sigurd, temos um pequeno questionamento por parte dos outros filhos de Ragnar,  algumas lagrimas de crocodilo de Ivar e tudo ficou por isso mesmo. Tipo aquele meme do “crime acorre nada acontece feijoada”. Eles voltam pra Wessex, querem invadir geral, pois querem as terras “dadas” pelo rei Ecbert, querem trucidar geral, além de dominar a primeira York do mundo e acabar com os cristãos. Eles querem tudo e tudo de forma tão aleatória que é nítido a falta de sentido e de uma motivação real em tudo.

Isso é bacana? Bom, pode até ser pra quem espera grandes batalhas e pra quem deseja ver o Ivar virado no Jiraiya. Mas Vikings nunca foi só isso, sempre houveram outras questões abordadas na série. A forma como um líder tem que lidar com o poder, a forma como ele pode nos corromper, a religião, a guerra civil, enfim, tudo isso fazia parte de Vikings e não só batalhas, pilhagens e mortes barbaras.

Preenchendo o vazio a qualquer custo

Tão colocando mais subtramas na série para talvez preencher um espaço deixado por Ragnar, mas isso provavelmente não vai sustentar o show. Assim como as obras dos filhos do maior dos Vikings também não. Não adianta jogar um monte de coisa na cara do espectador, e esperar que a gente entenda tudo ou tenha a paciência de esperar mais alguns episódios pra tudo ficar esclarecido. Não apresentar as motivações pela qual tudo isso está sendo mostrado também não ajuda em nada. Um exemplo: as motivações do Bispo Heahmund? Quem é ele na fila do pão? Onde ele esteve esse tempo todo? O cara parece uma mistura de Lancelot sem a parte do paladino, mas com a parte do “eu sou cheio de pecados e preciso da salvação de Cristo constantemente”.

Hvitserk continua sendo um grande figurante assim como foi na temporada passada, por qual motivo manter esse cara ai e o Sigurd não? E o Ubbe? Bom, ele parece estar prestes a ter um desenvolvimento melhor. Em algumas batalhas ele mesmo já não vê sentido nas ações de Ivar, também existe aquela coisa do pai muito mais presente nele do que nos demais. Pode reparar nas cenas de invasão em York, ele não está empolgado, ele não está com sangue nos olhos, ele observa tudo que está acontecendo ao seu redor e deseja, deseja demais ver sentido em tudo nas suas ações e nas ações dos irmãos. Ele sabe que aquilo não condiz  em nada com o que o pai pregava. 

O trunfo

Acredito que o Floki vai ser o grande trunfo da 5º temporada, as cenas do segundo episódio mostram um cuidado maior para com ele. Depois de Ragnar, ele sempre foi o personagem que mais souberam trabalhar em Vikings. A mitologia da série está nele, é preciso manter o nível e tomara que isso ocorra nos próximos episódios. Ele promete!

Já a Lagertha é aquilo, né? Ela é rainha, ela é badass, ela manda e desmanda nas “Valquirias” do seu reino, mas parece que perdeu a mão na hora de tomar decisões que um rei precisa tomar. Perdeu o pulso firme, perdeu a pratica de lidar com poder que tem. Parece mais um fardo. Por qual motivos ela precisa de mais uma aliança? De mais um casamento? E aquela foda com Harald? Totalmente aleatória. Enfim…

Vikings se perdeu e pra se achar vai precisar mostrar mais do que mostrou nesses dois primeiros episódios. Focar numa guerra civil é a escolha certa? Talvez, desde que deixe a artificialidade do lado, principalmente quando o assunto for a insanidade de Ivar, talvez ela rume para um caminho melhor do que estes primeiros passos. 

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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