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HQ do Dia | Midnighter #1

Uma nova DC Comics começa esta semana. Com o final da saga Convergence, (Que tem resenha completa aqui) e uma grande reestruturação de sua linha de publicações, novos arcos se iniciam em seus títulos recorrentes e estreiam 24 novas publicações com formatos voltados para leitores casuais e até leitores mais antigos, mas que provavelmente estão meio fora de contato com o portfólio da editora nos últimos anos.
Esta primeira leva de novos títulos é encabeçada pela aguardada Midnighter, primeiro título solo do personagem Meia-Noite, oriundo originalmente do Universo Wildstorm, absorvido posteriormente pela DC Comics e inserido na continuidade dos Novos 52 através do título Grayson, estrelado pelo ex-Asa Noturna, Dick Grayson.
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O principal trunfo do roteiro de Steve Orlando (Que recentemente bateu um papo conosco sobre a revista) é que se você nunca leu nada sobre o Meia-Noite nem em seus tempos de Stormwatch nem na magnífica The Authority e muito menos em Grayson, não há problema algum em pegar Midnighter #1, curtir a leitura e entender o personagem.
Logo nas primeiras páginas desta edição o autor estabelece quem é o Meia-Noite – um personagem super-humano gay, chutador de bundas de primeiro escalação e um cara extremamente confiante. A HQ começa em um jantar entre um protagonista e um futuro amante com um bate-papo que malandramente faz as devidas introduções.
Logo em seguida somos bombardeados com ação de alta octanagem e descobrimos como o protagonista luta. O Meia-Noite é apresentado em sua primeira edição como um dos caras mais seguros de si no Universo DC atualmente. Ouvir um sujeito dizer que “já lutou e venceu esta luta centenas de vezes em sua cabeça” para uma legião de oponentes ANTES de começar a enfrentá-los, ganha o leitor logo nas páginas do gibi.
E não é só promessa, o cara realmente enfia a porrada (muitas vezes literalmente) em todo mundo mesmo. Orlando não é condescendente com o público e apresenta alguns conceitos um pouco mais elaborados de ficção nas cenas do “Jardim de deus” misturando-os com as já citadas sequências de ação cinematográficas.
Essa quantidade de ação frenética e explosiva é balanceada com passagens que mostram bastante da intimidade do protagonista – leia-se relações sexuais entre dois caras. Estas passagens apresentam os relacionamentos interpessoais do Meia-Noite não só com seu mais novo “peguete” ou possível namorado, mas também com sua criadora, a Jardineira além de amigos.
 ­HQ do Dia  Midnighter #1
 A arte de ACO em Midnighter #1 tem um tipo de fotografia e ângulos de captura visualmente brilhantes. A perspectiva do leitor em relação aos quadros nas páginas é o grande destaque desta primeira edição, pois é esteticamente perfeita e dá uma cara extremamente sofistica ao roteiro de Orlando.
A caracterização do elenco também é de alto nível. Há um cuidado enorme com a apresentação dos personagens, cenários e objetos. As cenas de ação são cinéticas, impactantes e explosivas como o roteiro exige.
O Meia-Noite lutando é um misto de coreografia cinematográfica e puro caos. As cenas tem impacto, mas a quantidade de informações por páginas pode ser demais para um leitor que não estiver acostumado a este nível de detalhes.
Veja por exemplo a cena de luta no restaurante: Tudo voa e tudo voa a mesmo tempo – pratos, comida, talheres, armas, sangue, pedaços de ossos, objetos pessoais e tudo faz parte deste balé caótico que é uma luta do Meia-Noite.
Além disso o desenhista posiciona estrategicamente mini-quadros com informações relevantes para quem está acompanhando esta luta e as hilárias radiografias dos golpes no melhor estilo Mortal Kombat. Isso tudo pode ser encarado como poluição de página ou como um detalhes que enriquecem as cenas de ação, depende muito do gosto pessoal do leitor.
Midnighter #1 é divertida, é muito fácil de ler e apresenta uma cara relativamente nova em um universo saturado pelos mesmos formatos de heróis há anos. Aliás, como o próprio autor afirma, o Meia-Noite não é um herói, ele é um lutador. É isso o que vemos aqui.
O protagonista não é nenhum personagem novo, mas aqui o roteiro de Steve Orlando dá uma cara fresca ao gibi. Este elenco tem aquele cheiro de “carro novo” e aquele clima bacana de se estar conhecendo alguém pela primeira vez. Orlando, sendo um autor homossexual, trata este aspecto da personalidade do protagonista com extrema naturalidade e não há “glamurização” nem propaganda nestas páginas.
Ser gay é somente um aspecto da personalidade do personagem. Isto de forma alguma o define por completo. Nada mais justo. As cenas de ação são cinematográficas, violentas e viscerais conforme o prometido e esta HQ tem um tom bastante adulto no geral, mas com um leve toque sci-fi.
A arte é esmagadora, detalhada e linda. Especialmente nas cenas de luta a quantidade de detalhes por página podem parecer até epiléticas, mas nada que prejudique o entendimento de um leitor que tenha atenção a detalhes e realmente queira saborear todo o caos que é um combate protagonizado pelo Meia-Noite.

Em se tratando de vigilantes, um gênero mais do que saturado no mercado de quadrinhos atualmente, Midnighter se destaca com folga. A HQ apresenta um personagem fora dos moldes convencionais (inclusive não tendo uma cidade fixa como “base” definida), tem um roteiro muito acelerado, é recheada de ação, tem uma arte de altíssimo nível e não necessita de nenhum conhecimento prévio. Uma excelente sugestão para novos leitores e uma leitura que vale a pena acompanhar mensalmente daqui para frente.


Veja as outras resenhas dos primeiros títulos da DC pós-Convergence:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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