in

HQ do Dia | Doomed #1

Grande parte dos leitores tem um conhecimento superficial da relação entre Superman e Apocalipse. Morte, ressurreição, revanche… Enfim, ascensão e queda de um ícone é sempre um tema frutífero. Durante sua passagem pelos títulos do Homem de Aço nos Novos 52, o autor Scott Lobdell desenvolveu o conceito do “Vírus Apocalipse”: uma enfermidade derivada do vilão homônimo que acometeu o Azulão o transformando em uma monstruosidade e que quase comprometeu sua sanidade assim como sua vida.

Com a chegada da nova linha de quadrinhos da DC Comics pós-Convergence, Lobdell expande o conceito do Vírus Apocalipse introduzido-o no arco Doomed, de Action Comics, e cria um novo personagem na mitologia de Metrópolis no novo título Doomed, que estreou no meio deste ano na editora.

Doomed basicamente nos conta a história de como um jovem candidato a estagiário nos Laboratórios S.T.A.R.,doomed-1 chamado Reiser, é infectado pelo tal vírus e se torna a criatura monstruosa da capa. O roteiro de Lobdell é totalmente focado no protagonista, que coincidentemente mora no mesmo prédio de Clark Kent, mas divide o apartamento com outros colegas para pagar o aluguel e cuidar de sua Tia Belle, uma idosa que vive sozinha e tem alguns problemas de memória. Em seu primeiro dia de estágio, Reiser é contaminado pelo Vírus Apocalipse e é aí que mora a falha mais escandalosa no roteiro de Lobdell.

A ausência do clássico e manjado motivo “acidente de laboratório que cria um monstro” é substituída por algo MUITO PIOR: “imbecil tira intencionalmente o equipamento de proteção individual em uma área com contaminantes perigosos desconhecidos”. Portanto, ao tentar inovar, o roteirista acaba ridicularizando (de uma forma nem um pouco intencional ou divertida) e diminuindo seu protagonista.

Você quer ler sobre um personagem unidimensional, sem carisma e sem a mínima noção de que roupas de proteção contra risco biológico têm um motivo de existirem? Doomed foi feita para você então. Fora a premissa do arco de origem ser mais fraca do que cafézinho de supermercado, o desenvolvimento de um elenco de apoio é praticamente nulo, os diálogos não tem absolutamente nada de especial e o ritmo sonolento do gibi fazem estas 23 páginas parecem umas 839. Se isso não te faz perder o interesse na leitura eu não sei o que faria então.

A arte de Javier Fernandez não tem nada a ver com a incompetência de Lobdell em nos entreter. O artista apresenta uma edição de estreia razoavelmente ilustrada para os padrões super heroicos atuais. Boa caracterização do protagonista como monstro, design de personagens relacionável, enquadramento sóbrio e inteligível, expressões faciais certinhas. Enfim, a arte faz seu dever de casa em Doomed.

O mais triste em Doomed é que lendo a primeira edição nota-se claramente que Scott Lobdell acredita na história que se propõe contar. Se a HQ fosse tratada com um tom lúdico meio chacota até seria compreensível as falhas na premissa e a falta de profundidade no protagonista e neste elenco.

No entanto esta é, em teoria, uma história “séria” e mesmo comparando com os títulos mais fracos da editora (e do mercado) atualmente o gibi não fica muito bem na foto em termos de história. A arte de Javier Fernandez não compromete em nada um roteiro que já tedioso e raso suficiente por si só. O fracasso da revista é culpa exclusiva de Lobdell que trata não só seu protagonista como idiota, mas também qualquer um que se prestar a pagar quatro dólares por um troço desses.


Veja as outras resenhas dos primeiros títulos da DC pós-Convergence:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading…

Sony anuncia versão de PS4 inspirada em Darth Vader

Pesquisa japonesa elenca as melhores barbas dos animes