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Proibido Ler Entrevista | Steve Orlando autor da novíssima “Midnighter” da DC Comics

A nova linha de quadrinhos da DC Comics acaba de estrear nos Estados Unidos com uma proposta de oferecer uma história para cada tipo de leitor. Dentre os 24 novos títulos que começam a ser lançados pela editora esta semana talvez o que tem mais chamado atenção do público seja Midnighter, estrelado pelo personagem criado originalmente por Warren Ellis em Stormwatch e posteriormente absorvido e inserido no universo da DC Comics com o advento dos Novos 52.

Conhecido como Meia-Noite aqui no Brasil, o personagem é um dos favoritos dos leitores desde os tempos de Stormwatch e principalmente The Authority. Homossexual assumido e um chutador de bundas nato, o Meia-Noite é uma escolha muito fortuita para alavancar esta nova fase na linha editorial da DC.

Para falar um pouco sobre a nova série do Meia-Noite o roteirista do título, Steve Orlando disponibilizou o seu tempo para um bate-papo e abaixo conversamos sobre a nova revista, seus personagens favoritos da DC Comics, sobre a representação de personagens homossexuais nos quadrinhos e sobre um ambiente mais diversificado para profissionais e leitores.

Midnighter
O Meia-Noite é um dos vigilantes mais violentos do Universo DC.

 Proibido Ler: Acabamos de ler a prévia de Midnighter #1 (lançada durante o evento Convergence) e aquelas oito páginas explodiram a nossa cabeça. Então, Steve fale um pouco sobre a revista.

Steve Orlando: (A revista) É sobre puro e inalterado caos em formato de filme de ação com um orçamento ilimitado! E se você leu a prévia de oito páginas, A pistola da perdição (nome da história), você sabe que não estamos de brincadeira!

O Meia-Noite é o cara que sempre deve estar fazendo atos de “fodalidade” tão insanos que até os outros heróis olham e dizem “Caraca! Isso é tão legal!”. E nós levamos isso muito a sério – se cada uma das edições não tiver um momento puramente épico, nós não estamos fazendo nosso trabalho direito.

Então, com o Meia-Noite nós temos um homem hiper confiante criado não para ser um herói, mas para ser um lutador. E é isso o que ele faz – ele luta por você. Ele abusa dos abusadores, dá aos agressores o que eles fazem com suas vítimas, e ele faz isso em um estilo extremamente criativo e violento. Quando se fala de justiça brutal com um sorriso no rosto, ele é o melhor neste negócio.

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Meia-Noite – Diretamente das páginas de “Grayson” para um título solo.

PL: A última vez que vimos o personagem foi nas páginas de Grayson (Título da DC Comics estrelado por Dick Grayson após os eventos de Vilania Eterna). Então, onde o Meia-Noite se encaixa neste relativamente novo Universo DC? Onde é a sua base de atuação e o que ele tem feito desde Grayson?

Steve Orlando: Quando deixamos o Meia-Noite em Grayson, ele deixou o Jardim de deus e a mulher que o criou, a Jardineira. Mas você nunca pode realmente dizer não à família, então quando a Jardineira o chama para investigar um roubo no Jardim, ele se encontra de volta ao lugar para onde nunca queria ter voltado.

Quando começamos a história em Midnighter, o personagem está de volta às suas raízes nas ruas, trabalhando na comunidade e fazendo o serviço que ele deveria estar fazendo com o Stormwatch. Ele está lutando pelo “cara comum”. Ele esstá trabalhando em diferentes cidades – Boston, Oakland, e Moscou. Ele foi criado por um tipo de ciência maligna e agora ele está na estrada fazendo de tudo para que outras pessoas não sejam feridas pelo mesmo motivo que ele.

PL: Midnighter parece ser um dos novos títulos da DC Comics que as pessoas estão mais ansiosas para ler. Como foi a resposta após o lançamento da prévia?

Steve Orlando: A resposta foi maravilhosa! Ouvir as pessoas excitadas com a revista e ouvir pessoas dizendo que ela lembra a história original de (Warren) Ellis e (Bryan) Hitch, não há nada mais que eu possa esperar. Porque estamos tentando resgatar as raízes do personagem.

(A resposta) Foi esmagadora e encorajadora! As pessoas e eu me incluo, tem conexões muito fortes com este personagem e agradar esses fãs de longa data e ainda mostrar a novos leitores porque o Meia-Noite é um personagem poderoso e maravilhoso é exatamente o que estamos trabalhando para alcançar.

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Apollo e seu marido, o Meia-Noite nas páginas de The Authority.

PL: O Meia-Noite é um chutador de bundas do mais alto escalão e um homem abertamente gay. Você poderia avaliar o peso deste tipo de personagem na formação dos novos leitores aí fora?

Steve Orlando: Eu acho que (o peso) é enorme! Certamente foi para mim, quando eu vi o Meia-Noite na minha juventude, aquilo mostrou ao Steve de treze anos de idade que um cara gay não tinha que se parecer com isso ou aquilo. E esta mensagem ainda é extremamente importante. Não há um jeito de ser gay -o mais importante é você ser verdadeiro com você mesmo. E é isso que o Meia-Noite sempre faz – ele é 100% ele mesmo 100% do tempo e está pouco se lixando para quem discorda. A comunidade gay tem muitas caras assim como todas as outras e uma dessas caras inclui heróis maníacos, violentos e fantasiados.

E esta é uma mensagem importante para qualquer um, independente de orientação, raça, gênero ou outra coisa. Quem não gostaria de viver sua vida sem ter que comprometer sua integridade? Esta é a mensagem principal em Midnighter  e ela é vital: Eu sei quem eu sou, eu me orgulho disso e nada vai me fazer mudar.

PL: Nós vimos a parte da “chutação de bundas” na prévia, mas como você vai explorar a vida pessoal deste personagem?

Steve Orlando: Da mesma forma crua em que exploramos a “chutação de bundas”! O Meia-Noite é o mesmo homem bombástico e super confiante com ou sem uniforme. E sua vida pessoal será abordada com a mesma energia e honestidade. Ele é muito confiante, ele tem um pensamento cínico, mas ele também é conhecido por blefar em suas lutas. E na vida pessoal, o esforço do Meia-Noite é perceber que nem tudo na vida é uma luta.

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Steve Orlando no poster promocional da nova linha de quadrinhos da DC Comics.

PL: Meu entendimento é que é impossível para um único personagem representar por completo toda uma comunidade de pessoas. Entretanto, você se sente pressionado pela comunidade LGBT de leitores ou pela mídia com este tipo de título?

Steve Orlando: Sempre há pressão, mas o que você disse está corretíssimo. A comunidade gay é incrivelmente diversificada, e as experiências de gays, lésbicas, bissexuais, pansexuais, pessoas assexuadas, pessoas de todas as orientações são enormemente diferentes. Nós não podemos dizer que este é um personagem que abrange todas essas coisas. É impossível e irresponsável dizer isso. As pessoas são inteligentes, elas sabem quando estão lendo algo real e quando estão sendo enganadas e eu pessoalmente nunca faria algo assim.

O que nós PODEMOS fazer e a nossa real responsabilidade é a de criar uma descrição rica e cheia de camadas de personagens gays que os tratem com detalhes, respeito e compaixão. Nós devemos isso aos criadores do Meia-Noite mostrá-lo como um homem gay moderno e multi-facetado e devemos isso aos nossos personagens coadjuvantes também.

PL: Tendo em vista que este personagem tem um passado muito rico, podemos esperar algumas caras conhecidas de Stormwatch ou The Authority em Midnighter no futuro?

Steve Orlando: Tudo é possível! E apesar do Meia-Noite não estar com Apollo (apresentado originalmente como marido do Meia-Noite) no início do título, ele definitivamente terá um papel e terá influência na história durante todo o decorrer da revista, fora e dentro das páginas. E o Authority tem personagens excelentes que eu amo! A princípio, estamos focando em estabelecer o Meia-Noite como uma força independente por seus próprios méritos, construindo seu mundo e uma comunidade ao seu redor. Então podemos considerar adicionar algo a este mundo, assim que definirmos o Meia-Noite.

PL: Qual foi a principal mudança na sua vida como escritor de Undertow (da Image Comics) e da Vertigo ao passar a trabalhar em um título mensal de super-heróis como The Midnighter?

Steve Orlando: É na maior parte do tempo usar os mesmos músculos criativos, mas de uma maneira diferente. Ambos Undertow e meu trabalho na Vertigo (Mystery in Space e CMYK: Yellow) são histórias esquisitas, histórias combinando as raízes pulp dos quadrinhos com ideias grandes e de orçamento ilimitado. Eu escrevi centauros e homens-peixe e enormes e barbáricos deuses aquáticos nestes títulos.

Então, chegando a The Midnighter, estes temas, que sempre serão parte do meu trabalho, ainda estão lá. Mas agora meu trabalho é misturar um personagem conhecido com estas coisas. Meu trabalho é adicionar algo ao legado do personagem que me afetou quando eu era jovem. A mudança é na sua mentalidade, adicionar algo a esta enorme tapeçaria que vai sobreviver a nós todos, versus criar pequenos trabalhos pessoais.

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Capa variante de The Midnighter #1 por Bryan Hitch.

Ambos são maravilhosos e recompensadores e eles mantém você afiado.

PL: Você provavelmente está atolado em roteiros de Midnighter. Mas se pudesse escolher qualquer personagem DC Comics para escrever em seguida qual seria?

Steve Orlando: Eu amo tantos personagens DC! Eu nunca escondi que AMO o Caçador de Marte, mas Rob Williams está fazendo um trabalho incrível neste título (que ainda irá estrear na DC Comics este mês), então estou muito empolgado em ver como a história dele irá se desenvolver. Eu amo de verdade personagens obscuros da DC Comics como Abelha Vermelha, Dr. Chaos, Carter Nichols e Perigo Amarelo.

PL: Como um profissional da indústria de quadrinhos como você vê o esforço sendo feito para se criar um ambiente mais diversificado para criadores e fãs desse segmento de entretenimento?

Steve Orlando: É o futuro dos quadrinhos, e não só dos quadrinhos, ficção em geral. Olhe para a franquia Velozes e Furiosos, que tem um elenco incrivelmente diversificado e é uma das franquias originais mais bem sucedidas desta geração.

No passado as pessoas simpatizavam com Peter Parker porque ele tinha problemas assim como elas – os quadrinhos estavam fazendo seu trabalho. “Ei! Ele se parece comigo! Ele é um super-herói, mas ele não consegue pagar o aluguel” e por que não? E a nova encarnação de BatgirlKamala Khan (Ms Marvel), Gotham Academy, eles estão fazendo aquele trabalho do Homem-Aranha para os leitores de hoje. Isto são os quadrinhos fazendo o que eles devem fazer, e fazendo muito melhor do que antes. Se não há um herói que se pareça com você, na minha opinião, nós não estamos trabalhando direito. Mas nós estamos melhorando, nós estamos melhorando o tempo todo com novas caras nas páginas e novas vozes por trás das páginas.

Para mim, o esforço pela diversidade é DE FATO o esforço em produzir um trabalho melhor em quadrinhos… Risca isso, não nos quadrinhos, mas na ficção pop em geral.

Gostaríamos de agradecer imensamente Steve Orlando pode ceder um pouco de seu tempo para esta entrevista.

Veja mais entrevistas exclusivas: Proibido Ler Entrevista

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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