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The Taking of Deborah Logan (2014) | Ou como o original se tornou mais do mesmo (SEM SPOILERS!)

Talvez um dos grandes problemas do gênero seja, ao mesmo tempo, sua capacidade e a sua incapacidade de se reinventar. Explico: o subgênero found footage, ao contrário do que muitos pensam, nasceu com McPherson Tape (1989), que narra (ou seria “documenta”?) a abdução dos McPherson por alienígenas. Exatos 10 anos depois houve a explosão do gênero com A Bruxa de Blair, que trouxe um novo ar ao terror (principalmente ao psicológico), que vinha perdendo espaço para os “novos” suspenses de Hollywood.

A popularização derradeira veio, porém, em 2007, com Atividade Paranormal. Tomando o público de surpresa ao repetir uma pequena parte da publicidade realizada em A Bruxa de Blair, na qual as gravações seriam reais e aquela velha história de que não eram atores, e que tudo aquilo havia acontecido, Atividade Paranormal (que conta com uma série de sequências e alguns spin-offs, cada longa mais fraco que o outro) reviveu o subgênero de found footage e deu espaço a uma série de filmes que seguiriam a mesma premissa, variando entre monstros, fantasmas, poltergeists e, dentre outros, possessões demoníacas.

The Taking of Deborah Logan (2014)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

Uma das grandes vantagens foi uma maior popularização da produção, que tornou possível a ascensão de vários pequenos e médios produtores e diretores talentosos a um grau de visibilidade merecido. E o que pode se chamar como “ciclo de exploração” da found footage foi completo, utilizando-se desde aparelhos de filmagem portáteis antigos, câmeras digitais, webcams e celulares. Às vezes não houve nem desculpa do porquê de haver uma câmera “amadora” ali, mas em nome do entretenimento é necessário que suspendamos nossa implicância em grande parte dos casos.

The Taking of Deborah Logan (2021)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

O grande problema começa quando não só não há mais nada a se oferecer, como também ideias originais se transformam em péssimas execuções pela necessidade de se enquadrar em um subgênero, e The Taking of Deborah Logan (2014) é um ótimo exemplo disso.

The Taking of Deborah Logan (2015)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

Apesar de não ser exata e precisamente found footage, mas sim mais um caso de “documentário em produção”, o longa se limita exatamente através do que acha que pode inovar, e acaba por determinar atuações com menos direção possível, subtrai do potencial para encaixar na moldura e estrutura um roteiro de maneira repetitiva e batida.

O filme não é ruim. Longe disso.  O longa é interessante e com tomadas muito bem feitas da fantástica Jil Larson como Deborah Logan, o que, aliás, é o ponto alto do filme com destaque absoluto. Jil interpreta uma fantástica Deborah Logan, que nos convence, provoca empatia e assusta nos momentos perfeitos. Ela planta a dúvida e uma espécie de medo primitivo em olhares (e que olhares!), em movimentos com as mãos, no tom da voz. Sua transformação física, infelizmente, é muito acelerada a partir de certo ponto (acelerada a ponto de não condizer com uma pessoa com alzheimer), e poderia ter sido mais sutil, a fim de convencer muito mais, além de tornar bem mais interessante a relação de metáfora e comparação com um dos elementos do enredo.

The Taking of Deborah Logan (2019)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

Outro destaque é Anne Elizabeth Ramsay, que interpreta a filha de Deborah, Sarah Logan. Anne se transforma em contato com a personagem. Ela adquire seus trejeitos, suas marcas de expressão, o modo de caminhar, a maneira como bebe, como segura o cigarro. A química com Jil Larson é inegável.

The Taking of Deborah Logan (2016)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

E então vamos à documentarista Mia Medina, interpretada por Michelle Ang, um dos problemas do filme. Michelle não atuou bem. Ponto. Ela não funciona como deveria no papel de ponte de ligação entre o espectador e a história. Seu papel é um dos mais importantes, porque é através dela que somos apresentados ao documentário, à história de Deborah e sua filha, às reações adversas de um observador-participante.

The Taking of Deborah Logan (2020)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

As reações de Gavin (Brett Gentile), o técnico e câmera, são extremamente mecânicas e perceptivelmente exageradas e falsas.

The Taking of Deborah Logan (2023)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

Já o segundo técnico e assistente de imagem, Luis (Jeremy DeCarlos), infelizmente não recebe tempo suficiente em tela. DeCarlos não só interpreta bem Luis, como dá vida ao personagem durante o pouco tempo que lhe é cedido, inclusive roubando parte da cena com os comentários ácidos.

The Taking of Deborah Logan (2022)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

Harris, o vizinho e melhor amigo de Deborah, interpretado pelo sempre excelente Ryan Cutrona (The West Wing) recebe um papel confuso e mal escrito, o qual domina o quanto o roteiro o permite. Os efeitos digitais são bons, até mesmo os mais surreais, mas nada surpreendentes. O que nos pega de surpresa são, na verdade, os efeitos práticos, que são fracos e muito mecânicos.

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A história parte da premissa de que, como projeto de PhD, uma documentarista (Mia Medina) pretende seguir a evolução do alzheimer em uma senhora de idade, Deborah Logan, além das consequências da deterioração mental desta causariam em uma pessoa próxima, que no caso é sua filha, Sarah. A partir disso o comportamento de Deborah muda de maneira estranha, deixando dúbio se o causador de seu problema é mesmo a doença, ou se há mais alguma coisa por trás.

The Taking of Deborah Logan (2021)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

Dirigido e produzido por Adam Robitel, o filme não assusta, mas também não cai no erro de apelar para jump scares. No lugar disso, nos inunda de tensão e ansiedade, e às vezes surpreende por não mostrar nada (e isso não é ruim). Cai no erro, porém, de na hora H não ter nada de mais por tempo suficiente, e então o clímax acaba sendo curto e mal aproveitado.

The Taking of Deborah Logan (2018)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

 A brilhante atuação de Jil Larson, que transforma um filme comum em algo bem palatável, além de que os níveis de tensão do longa sempre se mantém constantes: no alto – o que foi, sem dúvidas, um dos grandes acertos.

The Taking of Deborah Logan (2024)  Ou como o original se tornou mais do mesmo

The Taking of Deborah Logan não é um filme obrigatório e está repleto de falhas, mas vale sim a pena assistir (ainda mais para quem gosta do gênero).


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Escrito por Equipe Proibido Ler

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