Igor Tavares Na saga “Fim dos Tempos” que atualmente está sendo publicada aqui no Brasil (Leia o nosso pequeno artigo explicando tudo sobre a história) fomos apresentados a um futuro do Universo DC dominado por máquinas controladas pelo impiedoso “Irmão Olho”.
Ao final da saga que durou praticamente toda a segunda metade de 2014, tivemos repercussões bastante interessantes para o futuro da editora e principalmente para um dos protagonistas de “Fim dos Tempos”, o Batman do Futuro. Agora, após a re-estruturação do Multiverso DC através da saga “Convergence” (entenda o que aconteceu lendo aqui), o personagem finalmente ganha um título periódico próprio pelas mãos do veterano Dan Jurgens com a arte de Bernard Chang.
Sem estragar sua leitura de “Fim dos Tempos”, o que podemos dizer é que este não é o Batman do Futuro que você
está acostumado. Eventos trágicos aconteceram na saga e afetaram drasticamente o perfil do personagem assim como toda esta linha temporal futura na DC Comics. Ao invés do moderno e sombrio futuro da série original criada por Bruce Timm e adaptada para os quadrinhos posteriormente, temos aqui aquele bom e velho futuro distópico decadente, dominado por máquinas. Algo frequentemente usado em tramas de ficção das mais diversas tanto em quadrinhos quanto em filmes. De qualquer forma, segundo a própria sinopse oficial da editora, este é O futuro definitivo do Universo DC. Uma ótima premissa para se vender quadrinhos, ceto? Agora depende de você acreditar nisso ou não…
Analisando o roteiro de Jurgens na revista, notamos praticamente o mesmo modelo, cadência e tom da linha narrativa protagonizada por Terry McGinnis em “Fim dos Tempos”. Portanto se você está curtindo esta parte da saga isso aqui vai te atender perfeitamente e mostrar algumas repercussões interessantes das decisões do personagem durante sua estadia no passado da DC Comics. Este não é um daqueles títulos da linha mais “indie” da nova DC. Temos um argumento bem reto e enquadrado nos moldes tradicionais de histórias de super heróis. Diálogos bem escritos, mas sem passagens de muito impacto e um elenco de apoio que não faz muita diferença. A premissa narrativa é interessante o suficiente para manter o leitor de super heróis entretido, mas os melhores momentos de diálogo escritos por Jurgens são entre Batman e a inteligência artificial “Alfred”. “Batman Beyond” tem bastante ação, como é de se esperar em títulos com o selo “Batman”, mas fica devendo um pouco em substância para engrossar este “caldo”.
A arte de Bernard Chang injeta no título energia cinética suficiente para lembrar aos fãs desta franquia como é bacana o visual do Batman do Futuro. Os cenários futuristas são bem genéricos, as caracterizações cumprem seu papel, as poses estão longe de ser fantásticas mas apresentam cenas de luta bonitas e o enquadramento é sóbrio e serve para atender o roteiro morno de Jurgens. Nada de espetacular no visual deste gibi, no entanto é aquele feijão com arroz que cai no gosto do leitor tradicional e não ofende quem pegar isso em uma prateleira para folhear.
“Batman Beyond” não é um título chato, ruim ou desnecessário na linha de quadrinhos atual da nova DC Comics. Dan Jurgens e Bernard Chang fazem um trabalho muito honesto e caprichado adaptando o futuro do Universo da editora aos eventos que seguiram a saga “Fim dos Tempos”. Temos aqui uma revista nos moldes de quadrinhos antigos dos anos 1990-2000 e isso é um ponto positivo a seu favor. No entanto, o título tem um longo caminho pela frente se quiser se destacar e ganhar terreno no portfólio da empresa. De vigilantes solitários em futuros distópicos sem esperança o mercado (e toda a cultura pop) está saturado e talvez o nome “Batman” não seja incentivo suficiente para manter o exigente público atual interessado em um gibi como este.
Veja as outras resenhas dos primeiros títulos da DC pós-Convergence:
