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HQ do Dia | Martian Manhunter #1

Vez ou outra aparece no mercado aquele tipo de edição de estreia que não precisa de explicação prévia e nem hype para ser apreciada. A revista geralmente não tem um direcionamento específico de público e se vale daquela mistura simples e perfeita de roteiro, arte e gancho narrativo que parece que nem foi escrita, sempre esteve ali.

Aí você pega, lê o material, entende a premissa e embarca na jornada proposta pelo autor logo nas primeiras cinco páginas do gibi. Bom, felizmente a nova linha de quadrinhos da DC Comics após a saga Convergence acaba de nos presentear com este tipo de título cativante na forma de Martian Manhunter de Rob Williams e Eddy Barrows.

Na primeira edição de Martian Manhunter, Williams faz três coisas óbvias – mas indispensáveis – para arrendar leitores de toda a sorte: o autor introduz um protagonista poderoso e vulnerável de maneira completa e sucinta; o autor apresenta a trama geral do título de forma clara, relacionando um evento grande e misterioso com todo um universo de quadrinhos, assim como estabelece uma relação íntima entre este evento e seu protagonista; o autor salpica toda a primeira edição com um elenco de apoio intrigante, ambíguo, perigoso e misterioso.

Pronto. E é assim que se conquista tanto novos quanto antigos leitores.

Para os fãs de J’onn J’onnz e sua (quase) sempre dramática caracterização no UDC, ali estão aquelas breves eHQ do Dia | Martian Manhunter #1 filosóficas caixas de texto nas quais o protagonista mostra sua heroica fragilidade, mas nada de exageros.

O leitor precisa entender com quem estamos lidando e Rob Williams faz questão de mostrar o lado feio de seus personagens. Os diálogos na primeira edição não ocupam muito a leitura e trazem somente aquilo que tem de ser revelado pelo roteiro. Um equilíbrio delicado levando em consideração a quantidade de tramas paralelas já propostas nesta edição.

A arte de Eddy Barrows é de altíssimo nível – lembrando muito mesmo o trabalho do Brasileiro Ivan Reis tanto em sua jornada em Lanterna Verde quanto na recente Aquaman.

Barrows sabe caracterizar muito bem as nuances bizarras de um personagem de natureza alienígena como Martian Manhunter, e é isso que temos desde o início da edição. A ficção científica com tons de horror se mistura com o traço clássico de super-herói, em uma apresentação muito completa e que dignifica a proposta mais macro do roteiro.

Seria impensável um artista que não tivesse versatilidade e jogo de cintura nesta primeira edição, tendo em vista as mudanças de tom abruptas no roteiro de Williams.

Barrows cumpre com louvor o papel de fotógrafo e diretor deste verdadeiro storyboard em forma de quadrinhos.

Não há muito mais o que dizer sobre Martian Manhunter que não seja: leia este gibi. A HQ não tem nenhum tipo de proposta inovadora, pegada indie ou premissa mirabolante. Tampouco é uma nova interpretação do clássico e adorado personagem do Universo DC.

Rob Williams e Eddy Barrows se valem do bom e velho trabalho duro e capricho em termos de roteiro e execução, e nos trazem o tipo de história que queremos ler quando pegamos uma revista com J’onn J’onnz na capa: ficção, heroísmo, um pouco de drama e um toque de mistério, tudo embrulhado em um pacote de suspense e ficção científica com uma arte de altíssimo nível. Precisa de mais do que isso?


Veja as outras resenhas dos primeiros títulos da DC pós-Convergence:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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