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Uma Coisa Absolutamente Fantástica | Uma porta de entrada para o Sci-Fi

Uma Coisa Absolutamente Fantástica gerou um grande alvoroço na comunidade literária, primeiro por ser um sci-fi jovem, com a promessa de ser de leitura mais leve, infanto-juvenil e por ser escrito por Hank Green. Sim meus caros, irmão de John Green muito conhecido pelo sucesso A Culpa é das Estrelas. Resolvi então, ver se Hank conseguiu escrever tão bem quanto seu irmão e se toda a fama era sincera.

O Livro é narrado por April May, que enquanto volta para casa depois de trabalhar até de madrugada, esbarra numa escultura gigante. Impressionada com sua aparência — uma espécie de robô de três metros de altura —, April chama seu amigo Andy para gravar um vídeo sobre a aparição e postar no YouTube. No dia seguinte, a garota acorda e descobre que há esculturas idênticas em dezenas de cidades pelo mundo, sem que ninguém saiba como foram parar lá. Por ter sido o primeiro registro, o vídeo de April viraliza e ela se vê sob os holofotes da mídia mundial. Agora, April terá de lidar com os impactos da fama em seus relacionamentos, em sua segurança, e em sua própria identidade. Tudo isso enquanto tenta descobrir o que são essas esculturas — e o que querem de nós.

A premissa do livro promete uma história cheia de temas muito relevantes nos dias atuais: como a forma que lidamos com o desconhecido, o medo e a ansiedade e, principalmente, como as redes sociais estão mudando conceitos como fama, retórica e radicalização. Através da narrativa de April, que ao chamar seu melhor amigo Andy para filmar o robô desconhecido – ao qual ela nomeou de Carl – acaba virando uma super celebridade, e fica um bocado chatinha com a defesa dos Carls para a sociedade que surta com os robôs surgindo do nada.

O interessante é que Hank Green conseguiu montar personagens pelos quais a gente se apaixona e, ao mesmo tempo, chega a detestar em alguns momentos. Por exemplo, quando April começa a tomar uma série de decisões sem pensar levada apenas pela vontade de manter a fama. Hank realmente consegue se assimilar ao seu irmão na construção da história e dos personagens e isso é realmente muito bom.

Além de toda temática de redes sociais, da perda de controle pela fama, da dualidade entre uma sociedade (que podemos nos identificar demais nos dias de hoje), temos também uma vertente dentro do livro bem bacana sobre como nos sentirmos melhor com a vida e as dificuldades, com os medos, as ansiedades e com a tristeza nos dias ruins que passamos. E principalmente a capacidade humana de aprender com nossos erros e defeitos. Tem uma frase do livro bem legal sobre isso.

“Como eu estava dizendo, mesmo no mais terrível dos dias, mesmo quando só conseguimos pensar no nosso pior, tenho orgulho de ser humana”.

A leitura é bem fluida e agradável, um pouco lenta no início, mas pega no tranco rápido e te faz ler sem nem perceber. A escrita simples, coloquial e com temas bem atuais também ajuda no sucesso do livro. Sem contar que a fonte do livro é grande e bem clara, o que tenho achado complexo em alguns livros que andei lendo, e isso ajuda muito o leitor ainda mais se for um leitor ainda sem tanto gosto pela leitura, pois faz com que o livro passe ainda mais rápido e agradável.

Uma coisa que eu não sabia e me deixou um pouco chateada é que o livro na verdade é um inicio de uma série, isso mesmo, é apenas o começo dessa história. E pra quem não esperava isso, pode acabar a leitura com mil questionamentos pode ser um pouco frustrante, pois realmente ficamos curiosos para saber o que vai acontecer em seguida. E no fim das contas, apesar de uma série precisar de pontos soltos para a continuação, Uma Coisa Absolutamente Fantástica parece ter sido concluído na pressa e sem muito cuidado, deixando não apenas pontos soltos mas também a sensação de que não foi uma introdução fechada completamente.

Em resumo, Uma Coisa Absolutamente Fantástica é um livro gostoso de ler, despretensioso apesar de todo o fuzuê que foi feito sobre ele, e parece que Hank não o escreveu pensando em ser uma cópia do irmão, ele fez seu trabalho quase que perfeitamente dentro da sua própria forma de escrita e isso por si só já o faz valer a pena. E como um livro tranquilo é uma ótima porta de entrada para o estilo sci-fi na leitura de todo mundo.

Escrito por Débora Mello

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