Débora Mello A incrível Suma de Letras nos enviou o mais novo livro de Stephen King “Outsider”, eu já havia lido algumas noticias sobre ele, sobre como a temática era mais sobrenatural, similar com Zona Morta e com uma ligação super interessante com a Trilogia de Bill Hodges. Foi isso que me chamou a atenção num primeiro momento quando o assunto era Outsider.
Em Outsider o corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade — Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas, um homem acima de qualquer suspeita. O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido.Mas conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara?
Outsider retorna o universo de Stephen King para o macabro e brutalmente aterrorizante, iniciando com um crime terrível super detalhado da forma que temos em Cujo, por exemplo. O Treinador T logo nos conquista e acreditamos em sua inocência sobre a morte do menino de onze anos, mas fica plantada a dúvida com as provas que vão sendo apresentadas ao longo do livro, como ele poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? King consegue fazer com que fiquemos em dúvida, confusos, chocados e faz nossa criatividade voar buscando uma possível explicação para o caso.
É interessante também ver a dualidade de sentimentos que temos por todos os personagens, com momentos que os odiamos e momentos que entendemos seus sofrimentos. Até mesmo no final ao ouvir o assassino, temos essa sensação de empatia e de entender a natureza do mal que ele tem.
Outra coisa muito bacana é a ligação com a Trilogia de Bill Hodges, que pelo menos a mim deixou com um sorriso de orelha a orelha. Não vou dar spoiler mas é super bacana esse link entre os livros, e pensar que o universo todo do Stephen King coabita numa narrativa única. Cada caso sobrenatural e terrível de cada livro, ocorre num mesmo mundo, concomitantemente, essa visão de que são historias separadas mas que se conversar faz com que a genialidade de Stephen King seja ainda maior.
É legal também o uso do folclore mexicano para a construção do livro, mostrando uma valorização da história do povo mexicano dentro dos Estados Unidos. E também nos dando a oportunidade de conhecer mais esse folclore, e como ele é bastante similar com os folclores de outros povos também. Dá pra perceber que as nossas historias e contos vem todos de uma mesma raiz.
Se for pensar em um ponto negativo eu diria que a conclusão do crime podia ser mais gráfica, mais bem trabalhada, achei que apesar de muito interessante e baseado nas historias reais do folclore mexicano, o final podia ter sido mais detalhado como foi todo o livro. Porém não é nada que cause grande estrago na obra.
Outsider é um livro comprido, que pode assustar o leitor pelo volume de páginas, mas é um livro que corre rápido, com uma avalanche de acontecimentos, escrita fácil e um mistério que te leva a ler sem parar para tentar descobrir o que está acontecendo. Isso torna a leitura prazeirosa e divertida, além de valer totalmente a pena todo o tempo gasto com ele. Tudo isso melhora muito se você curtir o estilo de King.
Se você busca um novo clássico do sobrenatural e do terror de Stephen King, Outsider é definitivamente uma ótima aposta, cheio de revelações e surpresas que vão te deixar de cabelo em pé.
