The Bear (1ª temporada) | A crise de ansiedade mais saborosa do ano
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The Bear (1ª temporada) | A crise de ansiedade mais saborosa do ano

A vida dentro de uma cozinha profissional, com todos os seus dramas, velocidade e tensão

A pressa é quem dita o ritmo frenético da série “The Bear”. Há sempre legumes a cortar, molhos para engrossar, serviço a entregar. E é no meio dessa correria que se encontra uma das melhores séries dos últimos anos.

Em “The Bear”, produção do FX com transmissão pelo Hulu, acompanhamos a equipe do restaurante The Original Beef of Chicagoland que passa por mudanças após Carmy Berzattos assumir a cozinha. Interpretado por Jeremy Allen White, Carmy assumiu o restaurante após o suicídio de seu irmão mais velho. Ele precisa, além de implementar mudanças na maneira em que a cozinha funciona, lidar com seu próprio luto e sentimentos nãos resolvidos por seu irmão.

The Bear (1ª temporada) | A crise de ansiedade mais saborosa do ano

É muito importante que eu diga que essa série é um grande indutor de ansiedade. Nunca antes eu havia assistido algo que me deixasse tão dentro de sua atmosfera. É impossível assistir à essa cozinha sem sentir toda a adrenalina e estresse que vem junto de cada serviço. E não espere que te peguem pelas mãos. Aqui não há explicação de nada, nem mesmo do linguajar culinário. Não há tempo para isso. Os clientes começam a chegar em 20 minutos.

Quando eu falo que “The Bear” consegue criar uma boa atmosfera, eu não estou exagerando. Há momentos que você consegue sentir a pulsação acelerar. Vale dizer também que não é recomendável assistir aos episódios estando com fome. Você está tão dentro daquele universo que ao ver os pratos deliciosos é quase como se você pudesse esticar a mão e pegar um pedaço.

A tensão não vem somente da cozinha, com a edição e montagem rápida que ditam um ritmo frenético mas do emocional dos personagens, mais precisamente o de Carmy. O jovem cozinheiro, uma estrela gastronômica em ascensão, que precisa abandonar tudo para cuidar do negócio da família. Ele encontra um restaurante bagunçado e um sistema esquisito criado por seu irmão. Mas ele também está bagunçado por dentro, sem saber como lidar com a morte de alguém tão próximo.

No decorrer dos episódios, nós vamos aprendendo que havia muito mais drama entre Carmy e Michael, o irmão, e que muito disso se dá através da cozinha. Michael não valorizava o talento do irmão e para se provar, Carmy se torna um dos melhores cozinheiros do mundo, trabalhando nos melhores restaurantes, algo que Michael jamais poderia fazer. Mas isso é delicado. Ele nunca encontrou nesses restaurantes e em Chefs renomados a aceitação que precisava, a validação. Ele se fechou naquele ritmo frenético da cozinha profissional, um lugar sufocante, que não deixa tempo para refletir sobre mais nada além do prato que precisa ser entregue em minutos.

The Bear (1ª temporada) | A crise de ansiedade mais saborosa do ano

E mais do que isso, além das feridas abertas, há sempre a dor da perda de alguém querido para o suicídio. A raiva. A revolta. O sentimento de prepotência. O que aconteceu com Michael para que ele chegasse naquele ponto? E por que ele não pediu ajuda? Nem para o melhor amigo, nem pros irmãos. E por que, depois que tudo que aconteceu, ele deixou o restaurante para Carmy, se nunca acreditou nele? Uma maneira de puni-lo ao ter que lidar com todo aquele caos?

Os dramas de Carmy, e dos funcionários daquele restaurante, se misturam ao ritmo alucinado da cozinha, aumentando a tensão a cada episódio. Nem mesmo nas cenas de respiro, como a montagem de abertura de um episódio com Donuts sendo preparados conseguem te desligar daquela tensão que existe na cozinha. Todos em busca da perfeição, todos acelerados, todos querendo se provar. Mas todos com muita coisa presa, porque não há tempo para drama. Como eu disse, os clientes chegam em 20 minutos.

No sétimo episódio, sem nenhum spoiler aqui, nós somos apresentados a um episódio inteiro em plano sequência. Quando você acha que nada pode ficar mais ansioso que aquilo, tudo explode em um episódio que faz derramar tudo que está preso em todos. A panela de pressão atinge seu ápice. É, sem dúvida, um dos melhores episódios do ano. Vai ser uma vergonha se não for indicado ao Emmy 2023.

The Bear (1ª temporada) | A crise de ansiedade mais saborosa do ano

E tudo se fecha no oitavo e último episódio, talvez o episódio mais emotivo e o mais esperançoso de todos, como que para recompensar todo o estresse que passamos nos outros sete episódios. É um final que pode até parecer água com açúcar, muito fantasioso perto do que já vimos antes. Mas funcionou para resolver algumas questões de Carmy. E nos deixa a um passo da segunda temporada, uma nova fase do restaurante.

Criada por Christopher Storer, essa comédia dramática (você nunca sabe direito o que vai receber) é constituída de 8 episódios com cerca de 30 minutos cada. É algo que deveria passar muito rápido, mas devida a toda a tensão criada em cena, parece que estamos por horas e horas junto aos personagens naquela cozinha.

“The Bear” estreia em 5 de outubro no Star+.

Escrito por Charlie Grandchamp

Devoradora de cultura pop que não se importa em levar spoiler. Sonha em ser o cara da locadora. Carteira assinada na comunidade LGBTQ+. Realmente acredita que é a Garota Esquilo.

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