23.5 | A inclinação romântica entre o Sol e a Terra
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23.5 | A inclinação romântica entre o Sol e a Terra

A história adolescente que todos podem se identificar

As séries tailandesas estão ganhando ainda mais destaque desde o ano de 2023. Os BLs já eram muito conhecidos, mas os GLs acabavam ficando em segundo plano para as produtoras. A primeira que chegou ao País sendo distribuída no YouTube foi “GAP The Series”, abrindo portas e oportunidades para novas produções e que as mulheres fazem ainda mais sucesso. 

A emissora GMMTV, que também disponibiliza em seu canal no YouTube, tem muitos sucessos BL e que às vezes conta com um sub-casal sáfico, mas que infelizmente não tem tanto destaque. Porém em Bad Buddy vimos não apenas a história fofa dos protagonistas, mas a de suas amigas Ink e Pa, protagonizada por Milk e Love. Ambas fizeram tanto sucesso com sua química e amizade que outros trabalhos foram surgindo até que finalmente tivemos o anúncio de sua primeira série como protagonistas. 

Em 23.5, baseada na novel com o mesmo nome, acompanhamos Ongsa (Milk) que se muda para Bangkok para ficar com sua família e entra em uma nova escola. Em seu primeiro dia ela conhece a menina, Sun (Love) que é da mesma sala que Ongsa. Ela não apenas se apaixona por Sun, mas começa a segui-la no Instagram. Ambas começam a conversar, porém Ongsa utiliza o nome Earth ao conversar com Sun, dando liberdade para a garota achar que está conversando com um menino. Ongsa precisa escolher como desenvolver esse relacionamento de amizade com Sun e também dizer a verdade sobre sua identidade como Earth.

A série não gira em torno apenas disso, sendo uma ótima adaptação da novel e seguindo caminhos diferentes que ficaram ainda melhores. Vemos uma Sun e Ongsa criando um vínculo de amizade e não aquela coisa clichê da menina popular e a loser, como é apresentada na obra original. Toda a conversa sobre inseguranças sobre descobrir sua sexualidade e conversar sobre esses sentimentos são fáceis para Sun, enquanto Ongsa ainda sente medo – pensando na sociedade e o que seus pais vão pensar. A maneira como tudo é construído ensina uma lição para a protagonista e quem está assistindo, no qual não devemos nos importar com o que os outros acham e sim que a comunicação e amor são os mais importantes.

Não apenas as protagonistas ganham destaque, mas temos um núcleo muito rico em volta delas. Aylin, prima de Ongsa, e seu desenvolvimento com todos ali e principalmente com Luna, vão transformando ela que se acha um alien no meio dos humanos, em um humano “normal” que não tem medo de se abrir, fazer amizades e viver no meio dessas criaturas estranhas que somos nós. Toda a conversa sobre aceitação e bullying é o plano sobre ela, que na escola acabou perdendo a fé na humanidade se “transformando” em um alien. Luna será seu par nessa jornada de ajuda e também conhecerá mais dos pensamentos de Aylin.

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Os amigos de Ongsa também fazem seu papel no crescimento das protagonistas e a irmã dela, Alpha que por ser mais velha ganha destaque em um episódio em específico sobre as dificuldades de atingir expectativas, conhecer melhor sua irmã e ajudar os mais novos sendo um exemplo. O peso carregado nas costas da personagem é mostrado aos poucos, até o momento que ela precisa liberar esse sentimento. 

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Alguém que também será importante para todos serão as professoras BamBam e Nida, ambas atrizes trans, e que fazem um dos melhores possíveis casais durante a série, me dando vontade de pedir que elas me adotem. Elas estão ali para ensinar e aconselhar, mas ganham um desenvolvimento pessoal entre elas ao mesmo tempo, no qual conhecem os sentimentos uma pela outra aos poucos.

A trilha sonora, áudio e fotografia da série são ótimas. Todas são simples, mas que combinam com o tom que a série deseja nos proporcionar. Os diálogos adolescentes e ao mesmo tempo maduros, junto de uma trilha e efeitos sonoros deixam tudo bem mesclado e do agrado daqueles que já estão acostumados com produções de séries asiáticas. Mas para aqueles que não estão acostumados talvez fiquem um pouco com o pé atrás no começo, podendo se irritar um pouco com a história ou apenas com esses detalhes técnicos. 

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Talvez o único problema seja a questão de certas coisas acabarem sendo muito corridas da história, não dando tanto tempo de tela. Acredito que a emissora não imaginava que a recepção seria assim 100% positiva, mas vai que com isso outras séries ganhem mais EPs, novas temporadas ou quem sabe episódios especiais para apresentar algo que ficou para trás. 

23.5 é divertida, juvenil – de maneira positiva – e mostra o pensamento da sociedade jovem na Tailândia. Tem coisas que podemos às vezes ficar indignadas, mas sempre é necessário lembrar que estamos vivenciando ali outra cultura e costumes. Uma série que apresenta uma história fofa, que me fazia sorrir de maneira involuntária e até mesmo sentir gay panic em outros momentos, mas que me deixou contente no final e no aguardo de mais produções com as atrizes Milk e Love, que tem uma das melhores dinâmicas que já presenciei.

Todos os episódios de 23.5 podem ser encontrados na Netflix.

Written by Guta Cundari

Do cinema para o jornalismo. Amante de filmes e games, fã filmes de terror trash e joguitos que duram meses. As Premiações pelo mundo todo que me aguardem e os noobs que sofram.

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