A Maldição da Mansão Bly | Terror e drama na medida certa
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A Maldição da Mansão Bly | Terror e drama na medida certa

Mike Flanagan mostra como uma história dramática pode se tornar aterrorizante

Mike Flanagan inovou com um terror diferente em 2018 com a chegada de “A Maldição da Residência Hil”. A série da Netflix chegou de fininho e foi ganhando mais espaço com a curiosidade dos assinantes que maratonaram absurdamente – em um bom sentido – a série de terror/drama e que contava com um elenco de peso.

Já para sua segunda série no formato de antologia, Mike optou em uma nova história com os mesmos atores, sendo uma boa oportunidade de trabalhar com pessoas já próximas de seu grande sucesso e rostos que os fãs já adoram. Introduzindo também novos atores para a história. Agora em 2020 fomos contemplados com “A Maldição da Mansão Bly”, que mostra como dramas pessoais também podem ser assustadores, trazendo traumas à tona que gostaríamos de esquecer.

A série se passa nos anos 80, na qual que acompanhamos a jovem, Dani (Victoria Pedretti) uma americana que decide fugir um pouco do seu passado e se aventurar em algo novo em uma vaga de emprego em Londres para ser educadora de duas crianças de uma família rica que moram na mansão Bly. Os pais de Miles e Flora Wingrave, após falecerem a pouco tempo, recebem os cuidados de seu tio Henry (Henry Thomas) que fica ausente na maior parte do tempo e responsável por contratar Dani, e os cuidadores da casa Owen (Rahul Kohli) o cozinheiro, Hanna (T’Nia Miller) a caseira e Jamie (Amelia Eve) a jardineira.

Porém a casa não é nada normal, assim como as crianças que ali habitam dando um certo trabalho para Dani. Miles que é muito educado e ao mesmo tempo muda seu jeito e personalidade com facilidade causa um certo mistério para o publico em certos momentos e até mesmo para sua cuidadora. Enquanto Flora tem seu jeito gentil e enxerga aquilo que, em muitos momentos, os outros não conseguem tentando assim ajudar Dani a não ser pega pelos espíritos ali presentes, principalmente um em especial.

A história de Mansão Bly é algo totalmente diferente do que experimentamos em Residência Hill, trazendo uma nova história e um novo drama, sendo a história e seus personagens o mais importante do que o terror em si, mesmo que ele esteja presente. Vi muitas pessoas compararem ambas as séries pelo fato de serem do mesmo criador, porem elas acabam esquecendo que temos agora uma nova história, e que mesmo com Mike Flanagan trazendo alguns atores de Mansão Hill para seu novo conto, tudo o que presenciamos é totalmente novo.

A Maldição da Mansão Bly | Terror e drama na medida certa

A série em alguns momentos me deixou flutuando um pouco, trazendo explicações rasas e que poderiam ter sido mais bem aproveitadas com os personagens que estavam querendo utilizar, como era o caso de Peter e Becca. Porem não foi algo que me fez gostar menos da história, já que o desenvolvimento daqueles que eram realmente importantes para um todo foi super bem trabalhado, principalmente sobre o passado de Dani e o que move ela hoje, a jardineira Jamie e o tio Henry. Dando uma atenção especial para os episódios 5, 8 e 9 que me fizeram chorar de uma forma que não estava esperando e me fazendo valorizar ainda mais aquilo que estava assistindo, respeitando o trabalho que é desenvolver um drama/terror de uma forma que, mesmo pesada, faça você ter uma explosão de sentimentos e se apegue aos personagens.

A maldição em si, mesmo que triste, é apresentada de forma bem delicada e poética, como a questão do amor, poder, o legado que queremos deixar e a mortalidade. Nessa vida passaremos por muitas coisas e as vezes nem sempre tudo será do nosso jeito, então o que fazemos aqui e deixamos para nossos filhos, familiares e amigos é importante. Não digo em questões materiais, mas sim com nossas ações e lembranças que deixamos. Durante os episódios, vemos como os objetos ali é que fazem florescer lembranças que nem sempre são tão boas, mas que fazem parte do personagem e que com o passar do tempo precisa ser superado, seja ela uma lembrança boa ou traumática.

O drama e o terror são divididos de maneira perfeita e sem exceder em tela. Quando eu assisti “A Maldição da Residência Hill” em seu lançamento, maratonei como se não houvesse amanhã e digo que até hoje sinto calafrios – no bom sentido – com o medo e angustia que ela me passava, mesmo com o drama familiar ali envolvido com os irmãos Crain. Agora em “A Maldição da Mansão Bly”, tive mais sentimentos de tristeza e nervosismo, já que a série acaba indo por esse lado em sua história, e é o que funciona perfeitamente dentro daquele universo que nos é apresentado. Então assistam de cabeça aberta sem ficar comparando uma com a outra nessas questões. Histórias diferentes são contadas de maneiras diferentes e fim de papo.

A Maldição da Mansão Bly | Terror e drama na medida certa

Um destaque especial vai para Victoria Pedretti que interpreta a protagonista Dani. A atriz brilha de forma fantástica em Mansão Bly e mostra o que aprendeu com sua performance, também fantástica, em Residência Hill ao interpretar a irmã caçula, Nell Crain. A atriz carrega todo o emocional na história, dividido por um breve momento com Kate Siegel, que interpreta Viola a personagem misteriosa, e que em Mansão Hill interpretou Theodora Crain, irmã de Nell. Ambas foram as atrizes com personagens que me fizeram, novamente, sentir várias emoções diferentes durante minha maratona com sua carga emocional que é +8000.

“A Maldição da Mansão Bly” pode te deixar flutuando em alguns momentos, mas isso não a torna uma série ruim. Ela te conquista do começo ao fim, na qual entendemos que não somos eternos em vida, mas sim naquilo que deixamos após nossa passagem virando até mesmo história durante um jantar de ensaio de casamento. Devemos aproveitar aqueles que estão ao nosso lado e não deixar que erros e traumas cuidem do nosso futuro, afinal a vida humana é frágil e não sabemos quando tudo simplesmente pode acabar.

“A Maldição da Mansão Bly” está disponível na Netflix.

Escrito por Guta Cundari

Do cinema para o jornalismo. Amante de filmes e games, fã filmes de terror trash e joguitos que duram meses. As Premiações pelo mundo todo que me aguardem e os noobs que sofram.

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