in

The Bastard Executioner | Review dos episódios 1×01/02 – “Pilot”

No alvorecer do século XIV, o catolicismo romano domina a sociedade e tudo é pautado na religião. Neste meio temos o país de Gales e a Inglaterra, esta tendo total poder sobre o primeiro, o que cria relações tensas e possibilidades de rebelião iminentes – tanto que uma tentativa já ocorreu. Por isso e para que tenham medo de se rebelar, os barões ingleses são cruéis e brutais com o feudo Galês, cuja esperança se volta a Deus.

Em meio a essa tensão, conhecemos Wilkin Brattle (Lee Jones) um ex-soldado do exército inglês que lutou na primeira rebelião de Gales, viu seus companheiros serem massacrados e só sobreviveu porque o inimigo pensou que estava morto. Após receber a visita de um ser celestial que o aconselha a baixar a espada e ser um homem diferente, Wilkin muda totalmente de vida.

The Bastard Executioner | Review do episódio 1x01/02 - "Pilot"

O ex-soldado, de fato, abandona a espada e se torna um homem de família, gentil e amável, que só luta por Deus e por sua amada esposa, mas nunca por um rei. Contudo, a morte nunca abandona um fiel.

The Bastard Executioner | Review do episódio 1x01/02 - "Pilot"

O abuso dos barões chega até a vila de Gales onde vive com a esposa grávida, com impostos tão exorbitantes que os fariam passar fome. Após uma série de acontecimentos trágicos,  Wilkin passa a usar a identidade de um executor andarilho para sobreviver. O que o ser celestial lhe disse anteriormente ganha um novo significado e uma curandeira, Annora dos Alders (Katey Seagal), é quem lhe dá um novo caminho.

The Bastard Executioner | Review do episódio 1x01/02 - "Pilot"

Não há nada mais perigoso do que um Galês que não tem nada a perder. E Wilkin é Galês de coração.

A estrutura criada no piloto é densa e com bastante informação, mas isso não é problema. Ao contrário, Sutter deixa tudo imersivo. O cotidiano e os relacionamentos são atemporais e funcionam muito bem – mesmo em uma época tão distante. É claro que a época é mais… Selvagem, digamos assim, então a normalidade com a qual os acontecimentos são tratados faz com que tudo fique melhor.

Se destacam, dentre os personagens do piloto, o próprio Wilkin Brattle; sua esposa Petra (Elen Rhis), uma mulherThe Bastard Executioner | Review do episódio 1x01/02 - "Pilot" forte que tem um carisma que encanta; o barão Ventris (Brían F. O’Byrne), um homem extremamente cruel que não aceita ser contrariado de forma alguma; sua esposa Lowry Love (Flora Spencer – Longhurst), que é seu oposto, uma mulher boa, religiosa e humana; Gawain Maddox (Felix Scott), o executor que Wilkins tomou o lugar, um homem extremamente religioso, com cruzes por todo corpo infligidas pelo mesmo, extremamente violento e abusivo com sua família; Annora dos Alders (Katey Sagal), uma curandeira misteriosa que guia o destino de Wilken com o auxilio de seu servo mudo e mascarado (Kurt Sutter); Ash y Goedwig (Darren  Evans), um garoto da vila que conversa com animais e tem um relacionamento com a sua ovelha Miriam; e Milus Corbett (Stephen Moyer), o camareiro do conde, um homem perigoso que tem o trabalho de saber todas as coisas e, por isso, tem forte influência (provavelmente será um dos maiores vilões da série).

A trilha sonora é sensacional, com a abertura por conta de Ed Sheeran (que atua  no próximo episódio, como um membro do alto escalão da igreja), a religião é tratada de forma fervorosa e a série tem, sim, embasamento histórico – mesmo que misturado com ficção e misticismo. Neste piloto, que tem uma duração especial, há conspirações por todos os lados, sangue, tripas, nudez, sexo, alucinações e rebelião (mas nada gratuito, ou seja, se não PRECISA ter algo então NÃO tem). Por ter muita informação, não é possível revelar muita coisa na resenha para manter o efeito surpresa, mas lhe garanto que a série fisga o espectador e cria uma base sólida, que vai além das barreiras da violência gratuita.

The Bastard Executioner | Review do episódio 1x01/02 - "Pilot"

A fotografia também é muito boa, com momentos que poderiam ser guardados e até o uso do preto e branco em cenas chave.

Talvez The Bastard Executioner se torne uma série boa, talvez não, mas com toda a sua mitologia e estando nas mãos de alguém tão capaz quanto Kurt Sutter, tem potencial para ser épica. O público presenciará um Kurt Sutter com muita liberdade criativa, já que além do canal FX, a realidade da época também permite. Vale à pena acompanhar, se não for pelo piloto em si, pelo que ele promete.

The Bastard Executioner | Review do episódio 1x01/02 - "Pilot"

Obs: Não pude deixar de notar certa semelhança entre Wilkin e Kenshin (do anime Samurai X) – com a fuga do seu antigo “eu” violento, o abandono da espada (até que ele a aceite novamente) e a diferença entre o homem sem coração da batalha e o homem bondoso fora dela, além da sua cicatriz, um batismo para um novo homem (também em cruz), agora executor.

 Também há algo de Macbeth ali, pode ser apenas impressão, mas partindo do princípio que Sutter tem algo com Shakespeare (Sons of Anarchy foi baseado em Hamlet) – pode fazer sentido.

The Bastard Executioner, nova série fictícia medieval produzida pela FX e criada por Kurt Sutter (Sons Of Anarchy), foi ao ar nas televisões americanas no dia 15 de setembro.


Gostou? Tem mais:

Escrito por Jefferson Venancius

Escritor, redator, roteirista e músico. https://conde.carrd.co

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading…

HQ do Dia | Oh, Killstrike #1

Apenas Um Show: O Filme (2015) | O timenado de uma amizade