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Hannibal – 1ª temporada | Uma adaptação televisiva feita com maestria

Quando Thomas Harris lançou o primeiro livro onde o personagem Hannibal Lecter apareceu (sendo esse, o segundo livro de sua carreira como escritor), em 1981, intitulado “Dragão Vermelho“, me pergunto se o autor tinha a mínima noção do que estava trazendo ao mundo.

Seus livros – Dragão Vermelho (1981) – lançado no Brasil em 1983 e em 2003; O Silêncio dos Inocentes (1988) – lançado no Brasil em 2000; Hannibal (1999) – lançado no Brasil em 2003 e Hannibal, A Origem do Mal (2006) – lançado no Brasil em 2007, logo foram adaptados para o cinema. O personagem que fez de Harris um escritor tão prestigiado foi imortalizado no rosto de Anthony Hopkins. Eu jamais acreditaria que outro ator pudesse interpretar o psiquiatra canibal depois dele. Na mente é impossível tornar isso real. Entretanto, eu estava errada.

Hannibal | Uma adaptação televisiva feita com maestria

Em 4 de abril de 2013 a série Hannibal estreou nas televisões americanas, pelo canal NBC. O projeto foi desenvolvido por Bryan Fuller, e David Slade assumiu os cargos de produtor executivo e diretor do piloto. Em vez de tentar superar ou se igualar ao serial killer interpretado por Hopkins, a série trouxe um Hannibal Lecter que os fãs ainda não conheciam. Ou melhor, que os fãs conheciam pouco e queriam cada vez mais.

HANNIBAL – 1ª TEMPORADA

A primeira temporada é um alicerce para a série, bem como uma apresentação dos personagens. Era a chance que não podia ser perdida para conquistar o público. A trama dos livros e dos roteiros sempre foi elogiada pela inteligência empregada por Harris e acredito que, em Hannibal, os roteiristas se esforçaram duplamente nesse quesito para conseguir fazer com que essa perspectiva televisiva não estragasse ou manchasse de qualquer forma a reputação dos filmes. Pelo contrário, a série acabou por prestar uma homenagem extasiante às obras cinematográficas e adicionar elementos que não puderam ser adaptados em um roteiro para o cinema.

Ao contrário dos filmes, a série apresenta os personagens aos poucos ao espectador. Embora o público assista cada episódio sabendo o que há por trás dos olhos e da voz calma e serena do jovem e charmoso Hannibal Lecter de Mads Mikkelsen, não há fuga. Dr. Lecter seduz a todos.

Hannibal | Uma adaptação televisiva feita com maestria

A relação entre Hannibal e Will Graham é o centro da trama. O Agente Especial interpretado por Edward Norton em Dragão Vermelho (2002), agora tem o rosto de Hugh Dancy. À medida que Graham é apresentado ao público, é possível não só entender, mas até se identificar com as inseguranças, delírios e medos do investigador. Hannibal se aproveita disso e a relação entre os dois se torna complexa. Vai além de médico-paciente, amigo-irmão, pai-filho, professor-aprendiz. Enquanto a ligação da dupla se torna mais forte, a trama se torna mais complexa.

Hannibal | Uma adaptação televisiva feita com maestria

O roteiro segue a linha que conquista a audiência americana – “um crime por episódio”. E à medida que os episódios vão passando, Hannibal, que além de psiquiatra, trabalha ajudando o FBI a resolver alguns crimes, mostra o motivo de sua fama de canibal. As cenas em que o personagem aparece cozinhando são, definitivamente, de dar água na boca. Não, eu não sou canibal, mas veja a imagem abaixo:

Hannibal | Uma adaptação televisiva feita com maestria

O elenco também conta com Laurence Fishburne no papel do Agente Especial Encarregado Jack Crawford, interpretado por Harvey Keitel em Dragão Vermelho (2002); Lara Jean Chorostecki no papel de Freddie Lounds, e aqui há um detalhe interessante: houve uma troca de sexos neste personagem, que era interpretado por Philip Seymour Hoffman em Dragão Vermelho (2002); Caroline Dhavernas como Dra. Alana Bloom, uma professora de psiquiatria e profiler consultora do FBI, entre outros.

Considere Hannibal como um filme de 13 horas de duração. Um roteiro investigativo cravejado de horror e suspense. A complexidade, os diálogos ricos, atuações impecáveis e a fotografia magnífica já seriam motivos suficientes para convencer qualquer um a assistir essa série, mas tem algo a mais. Tem Mads Mikkelsen.

Mads Mikkelsen conseguiu fazer o inimaginável: construiu seu próprio Hannibal Lecter sem ferir em nenhum momento o icônico personagem de Anthony Hopkins. Mikkelsen é frio, calculista, cínico e assustadoramente detalhista. Em momentos cruciais você se pega roendo as unhas de ansiedade, enquanto o ator quase não expressa sentimentos. Mikkelsen entende que o público sabe tudo sobre o serial killer que está interpretando, e usa isso a seu favor, deixando palavras no ar, a testa levemente enrugada, o lábio mordido… Sinais que ninguém ao seu redor nota, mas que o público não pensa duas vezes em declarar como evidências de culpa.

Hannibal | Uma adaptação televisiva feita com maestria

A primeira temporada de Hannibal é fantástica e a resenha da segunda temporada sairá nos próximos dias. A terceira estreará no primeiro semestre de 2015.


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Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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