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Sinfonia da Necrópole | Um pouco mais de Deodato em nossas vidas

Deodato (Eduardo Gomes) é o protagonista do filme “Sinfonia da Necrópole (2016)” dirigido por Juliana Rojas. Um aprendiz de coveiro que se esforça para adaptar-se a profissão e tenta ao mesmo tempo seguir os passos do tio que é o coveiro chefe do cemitério. Como dissemos na resenha de Sinfonia da Necrópole, o cemitério vai passar por um processo de reurbanização e para isso acontecer o serviço funerário do município implementou uma espécie de recadastramento dos túmulos. O intuito é identificar os túmulos que estão abandonados, os que serão remanejados para as gavetas e aqueles que serão revendidos.

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Enfim, a Necrópole passará pelo famigerado processo de verticalização que assola toda e qualquer metrópole do mundo. Um processo que passa por cima das tradições ou da história local. Em nenhum momento o que vemos do serviço funerário é uma atitude mais atenciosa com as famílias, com os mortos e muito menos com o futuro do lugar.

Alias, o que importa é o lucro, o caixa no azul e consequentemente o inchamento de um determinado espaço. E onde o Deodato se encaixa nisso?

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Pois bem, em meio a tudo isso, o mero aprendiz de coveiro é o único ser humano do cemitério que tem empatia com aqueles que compraram passagem apenas de ida para o outro lado. Deaodato é o tipo de pessoa que diante de todas as circunstância, a sua preocupação é em saber se o respeito pelo morto está preservado. Afinal, cada um deles teve uma história e consequentemente uma trajetória de vida terrena, e tudo que se viveu enquanto o coração de cada um deles batia, toda a sofrência alarmada de um mero mortal, serve sem sombra de dúvidas, como pagamento pelo descanso eterno que tem que ser preservado.

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Mas Rodox, são mortos? Como assim, você está falando que o mundo precisa de mais Deodatos sendo que ele só lidava com gente que já morreu? Pois é caro leitor, se o Deodato se sensibiliza e tem empatia com gente que passou dessa para melhor, imagine com aqueles mortais que ainda correm sangue quente pelas veias?

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A empatia, tolerância, resignação e tantos outros sentimentos terrenos e humanos devem ser levados em conta em qualquer situação independente de vivos ou mortos. A critica que Juliana Rojas fez em Sinfonia da Necrópole é muito sincera e forte em relação aos sentimentos da população de uma necrópole que pode muito bem servir de metáfora se o pensamento partir do ponto que a necrópole é a metrópole em que vivemos. Hoje em dia está cada vez mais difícil encontrar pessoas sensíveis como o Deodato, onde os valores na linguagem propriamente dita, tem uma relevância maior que os valores humanos.

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Afinal de contas, salvar o próprio umbigo ou o pensamento do “antes ele do que eu” prevalece mais em uma sociedade que caiu diante da ruptura semiótica das suas esquinas. Ou melhor dizendo, uma sociedade que cada vez mais se aproxima de uma distopia daquelas bem retratadas em Hollywood.

Sinfonia da Necrópole estreou nos cinemas dia 14 de abril de 2016.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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