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Nacional Kid: o primeiro herói japonês no Brasil

A história sobre a chegada e o sucesso do maior clássico do tokusatsu no País

“Nashônaru Kiddo”, pensou em uma melodia? Se você tem menos de 60 ou 50 anos, é bem provável que não. A não ser que você seja um pesquisador ou tenha dado a sorte, como no jogo do bicho, de ter se deparado com a introdução do primeiro tokusatsu (filmes de origem japonesa que se baseiam em efeitos especiais para ficção científica, fantasia, terror e super-heróis) exibido na televisão brasileira, “Nacional Kid”, o primeiro herói japonês no Brasil, certamente, isso é uma novidade.

“Nacional Kid” é uma série japonesa produzida durante um intervalo de tempo curto, que vai de agosto de 1960 a abril de 1961, que, embora figure entre as séries para televisão como precursora, não atingiu o sucesso desejado na maioria dos países onde foi exibida. No Brasil, a série estreou na TV Record, em 1964, depois foi apresentada pela TV Rio e TV Globo, mantendo-se em exibição até meados dos anos 1970. Ao contrário do que ocorreu em outros países, a série foi muito bem recebida por aqui. Na década de 90, a série foi resgatada e redublada ganhando nova exibição na televisão brasileira, além de lançamento em VHS.

Mas, afinal, o que os brasileiros viram em “Nacional Kid”? Viram uma série repleta de desafios para o herói como em qualquer outra protagonizada por super-heróis, contudo, enxergaram também uma produção despojada do ponto de vista estético e muito criativa no que diz respeito às histórias contadas. Tal qual o Super-homem, Nacional Kid também veio do espaço, de Andrômeda, mas os roteiristas não se ocuparam de explicar como aportou na Terra, o mais importante é que o super-herói tinha como personalidade humana a de um professor, Massao Hata, e que sua missão era defender o planeta dos terríveis Incas Venusianos, dos Seres Abissais e, finalmente, dos Seres Subterrâneos.

Talvez ninguém nunca tenha investigado a razão, ou o propósito das roupas usadas por estes, digamos, primeiros super-heróis, a capa, capacete, máscara (para esconder a identidade), e vestimenta invariavelmente colada ao corpo, variando-se a inscrição no peito, no caso de Nacional Kid, um “N”, e as cores (no caso, o seriado era em preto em branco, de modo que tal aspecto nunca foi ressaltado), mas chama a atenção a construção de uma estética baseada na aparência dos heróis dos antigos filmes capa e espada, especialmente, os produzidos por Hollywood.

Nacional Kid alçava seus voos com os braços abertos e portava duas pistolas que emitem raios mortais. Quando era obrigado a lutar contra os seus inimigos, exibia uma fluência de golpes semelhantes aos das lutas marciais, o que fazia de “Nacional Kid” um verdadeiro precursor dos filmes de lutas marciais como vemos hoje em dia no cinema e na televisão. O curioso é que nenhum dos dois atores que protagonizaram o herói, Ichiro Kojima que iniciou o seriado, e Shiutaro Tatsumi nunca foram lutadores ou atletas.

Cabe destacar que o professor Massao Hata compõe um personagem bastante diferenciado, a começar pelo fato de ser o pai adotivo de cinco crianças, Yukio, Kurazo, Kyoko, Tomohiro e Goro. Para ajudá-lo a cuidar dos filhos, o professor Hata conta com o auxílio de Chiako. No seu entorno como também do herói Nacional Kid, as personagens Doutor Nagano, o Delegado Takakura e seu assistente Doi, são aqueles que se ocupam de certas investigações que sempre levam o herói direto para o confronto com aqueles que ameaçam o planeta.

Seus filhos, também seus alunos, são uma espécie de investigadores mirins e são eles os responsáveis por acionarem Nacional Kid por meio de  um radiotransmissor (a série foi lançada como merchandising da National Panasonic, o radiotransmissor é um elemento-chave no seriado).

Nacional Kid foi o primeiro herói japonês a desembarcar na TV brasileira. Encontrou aqui uma legião de fãs e, certamente, aqueles que acompanharam a série nos anos 1960, ainda se lembram da saudação “Awika”, usada pelos incas venuzianos, um dos apelos mais emblemáticos do seriado, mas, ainda mais que lembranças, a série formou públicos futuros como se a paixão por tokusatsu fosse transmitida pelos gens.

Outras gerações foram e são tão apaixonadas por “Nacional Kid” como foram e são por “Ultraman”, “Ultraseven”, “Spectreman” e “Jaspion”, entre outros.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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