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Carol (2015) | Uma história sobre maturidade emocional

Carol é um filme de 2015, dirigido por Todd Haynes, diretor do aclamado filme inspirado na vida de Bob Dylan: Não estou lá.

O filme é uma adaptação do romance The Price of Salt, de 1952, escrito por Patricia Highsmith sob o pseudônimo de Claire Morgan. Obra essa que foi republicada somente em 1990 com o título Carol.

De acordo com a autora da obra original, o livro foi inspirado em um encontro casual que ela teve com uma mulher loira, que vestia um casaco de pele em uma loja de departamentos, no Natal de 1948. Entretanto ela só completou o romance em 1951.

Tessa Ross, chefe da produtora do filme, declarou ter lutado onze anos para que a produção vingasse. Phyllis Nagy escreveu o primeiro rascunho do roteiro em 1996.


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A trama se passa na década de 50, em Nova York. Época onde mulheres não tinham muita voz perante a sociedade.

Carol Aird (Cate Blanchett) é uma mulher madura e sedutora, presa em uma relação fracassada, tentando se divorciar formalmente e sendo impedida por seu marido por ser mãe de uma garotinha adorável. Seu mundo encontra o de Therese Belivet (Rooney Mara), uma jovem que trabalha em uma loja de departamentos de Manhattan, mas ambiciona secretamente ser fotografa.

Lembrando que estamos falando de uma época onde mulheres não ousavam muito, tanto se separar, quanto seguir uma carreira artística. 

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Quando Carol decide ir até a loja de departamentos comprar o presente de sua filha, a atração é imediata. Elas se olham diante da decoração natalina e começam a conversar sobre um presente. Logo de cara Therese se mostra apaixonante, diferente de outras vendedoras que só sabem empurrar produtos, ela conta a sua interessante admiração por trenzinhos de brinquedo desde a sua infãncia, o que deixa Carol completamente interessada, principalmente por ela.

Diante dessa peculiar situação, Carol esquece suas luvas. Therese decide devolvê-las e isso acaba gerando a ponte que liga duas mulheres interessantes. Uma ligação e um encontro.

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Carol é o oposto de Therese, arrisca e seduz por onde passa, domina sua vida. Therese também se prende a relações problemáticas pela sua sede juvenil de experimentar. O fato de Carol ser uns 15 anos mais velha que Therese dá ao filme um choque de realidades.

Therese é convidada para comer por Carol, o que nos deixa ciente de seu real interesse. Ao contrário do que filmes como Azul é a cor mais quente abordam sobre relações homoafetivas, Carol nos mostra de forma sútil onde nasce o sentimento. Sem hipersexualização ou fantoches para masturbação masculina, elas começam a conversar e se apaixonar.

Carol já havia tido experiências com mulheres, nada que ficasse explicito. Já Therese não sabia o que queria da vida, entretanto queria Carol sem exitar. Quando as duas percebem o envolvimento, surge o maior problema de uma relação homoafetiva: a sociedade.

Confira uma lista com 60 filmes LGBT: Parte 1, Parte 2, Parte 3.

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A forma como o amor nasce é a mesma, obviamente. Duas pessoas se apaixonam e ficam juntas. Mas se em 2016 é complicado lidar com a sociedade e seus valores deturpados, imagina nos anos 50?

Carol é uma mulher muito mais madura que Therese, porém com uma filha pequena e um marido que se recusa a aceitar o divórcio. Um homem repugnante, que mesmo sabendo que sua mulher é lésbica, acha que pode curá-la através de terapia.

Dada as circunstâncias, Carol não pode arriscar que seu “ex” descubra seu atual interesse. Mas o inevitável acontece, ele não suporta o fato de ver Carol tendo uma vida além dele. Então já que não pode tê-la, decide ficar com a guarda da filha, questionando assim os valores de Carol como mãe. Em meio a toda essa confusão, Therese se vê apaixonada pela mulher que conheceu e culpada pela situação.

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Começa então a briga judicial, antes mesmo até delas engatarem algo. Carol não pode ser vista com Therese de forma alguma, está em seu “contrato” de mãe. Determinada a fugir do caos, ela decide embarcar numa viagem de carro com Therese. Ato esse que mudaria para sempre a vida das duas e o desenrolar da trama.

Parando por aqui, pois só quis aguçar seu interesse na trama. Vale ressaltar que Carol é um filme absurdamente maduro que não hipersexualiza a mulher lésbica. Um filme repleto de empoderamentos sutis que é fabuloso em sua execução.


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Cate Blanchett foi impecável como Carol, sua atuação é sedutora assim como sua personagem. Já Rooney Mara se destaca de forma diferente, com uma delicadeza apaixonante que ganhou os críticos depois do impacto em Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres.

Ressalva também para a atuação da atriz Sarah Paulson (AHS), que interpreta Abby Gerhard, ex amor de Carol e sua leal amiga que não mede esforços para ajudá-la nessa difícil luta contra padrões sociais.

Carol é um filme que destaca amor em todos os aspectos. A trilha sonora de Carter Burwell valoriza silêncios e nos dá aquela sensação de paixão imediata, com direito a frio na barriga.

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Rodado em Super 16 mm, introduzido pela Kodak em 1923 para o mercado de cinema amador. A fotografia do filme fica por conta de Edward Lachman e é de uma delicadeza sem tamanho. Seja no olhar de Therese através da câmera. Quando Carol penteia os cabelos de Rindy, sua filha. Nos encontros e desencontros, nos momentos de melancolia. Tudo com muita sutileza, sem poluir nossa mente. Carol ainda nos oferece um olhar admirável dos anos 50, com roupas e cenários esplêndidos.

O filme estreou no Festival de Cannes 2015, onde concorreu à Palma de Ouro, sendo premiado com o Queer Palm e Interpretação feminina pela atuação de Rooney Mara. Carol recebeu cinco nomeações ao Óscar 2016: Melhor Atriz (Cate Blanchett), Melhor Atriz Coadjuvante (Rooney Mara), Melhor Roteiro Adaptado (Phyllis Nagy), Melhor Trilha Sonora Original (Carter Burwell) e Melhor Figurino (Sandy Powell). Além de ter sido eleito pelo American Film Institute como um dos 10 melhores filmes de 2015.

Carol foi aplaudido de pé no festival de Cannes e ainda está em exibição nos cinemas. Mas você sabe como é a internet, existe sempre um jeitinho de você assistir caso não encontre uma sessão disponível.

Que tal dar uma chance para essa história madura? Eu não me arrependi. Na verdade, ainda estou apaixonada por Carol e sinto que esse crush vai demorar para passar.


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Escrito por Juliane Rodrigues (Exuliane)

Serial killer não praticante, produtora audiovisual de formação e redatora por vocação. Falo sério mas tô brincando no twitter @exuliane

manda nudes: [email protected]

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