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Games no Cinema | Conheça os filmes que foram baseados em games – Parte 1

“O que poderia dar errado?” pensava a minha versão ingênua, empolgada, imaginativa, despreparada e jovem ao tentar conceber a união entre dois dos meus amores: álcool e pelota basca Games e Cinema.  Pois bem, quando se joga o tanto quanto eu joguei e se assiste o tanto quanto eu assisti, acaba-se tendo uma noção bem ampla de tudo que pode dar errado – e sendo devidamente justo, do que também pode dar certo.

Tendo esse tenro momento em mente, resolvi montar uma listinha de algumas das adaptações que tentaram levar ao cinema um pouco dos amados títulos e universos dos videogames. Alguns, eu sei, têm um lugarzinho guardado dentre a seleção de filmes execráveis do nosso coração, mas é errando que se aprende (vide álcool e pelota basca) – e graças a isso, temos também algumas aguardadas transposições de mídia que virão por aí. Segue a lista:

DOA – Vivo Ou Morto

O jogo: Dead or Alive
O diretor: Corey Yuen
Ano de lançamento: 2006
O veredito: Um cocô confuso e ridículo – porém divertido.
TEM NA NETFLIX!

Games no Cinema | Conheça os filmes que foram baseados em games - Parte 1

Baseado na homônima série de jogos de luta (e erotização) Dead or Alive, a adaptação tentou se firmar com a backstory do game – que, sejamos sinceros, em jogos de porrada dos anos 90 não passava de uma desculpa esfarrapada para um torneio de artes marciais. O grande problema? A história não só não foi seguida como deveria, como foi alterada e recolocada de maneira que se tornasse mais confusa e cheia de buracos do que poderia ter sido.

O conselho de “keep it simple” sempre se aplica – até mesmo nas tramas mais complexas. Trazendo a queridísisma Devon Aoki (conhecida pelo papel de Miko em Sin City) em um dos papéis principais, Dead or Alive é uma adaptação fraca e extremamente confusa, que traz alguns dos elementos do jogo – como o torneio que dá nome ao jogo e ao filme, e algumas cenas de luta  divertidas.

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A trama se concentra na união de uma campeã de luta livre, uma ladra e uma ninja que precisam se juntar a fim de sair da ilha (e a partir disso temos espiritualidade milenar, tecnologia e sexismo – nada de diferente do jogo, admito). É cheio de momentos muito bobos e recheado de vergonha alheia. Vale a pena naquele domingo maroto de nada para fazer e o saco cheio de lidar com pendências.

Doom: A Porta Para o Inferno

O jogo: Doom
Diretor: Andrzej Bartkowiak
Ano de lançamento: 2005
O veredito: Isso não é Doom. É um cocô terrível.

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Baseado no clássico emocional dos FPS, Doom: A porta para o inferno é realmente uma porta para o inferno – principalmente por ser uma adaptação tão fraca e destoante. A sinopse original é: Algo estranho aconteceu em uma estação espacial localizada em Marte. A tripulação local entrou em estado de quarentena nível cinco, antes da comunicação com a Terra ser bruscamente interrompida. Para investigar o caso é enviada uma equipe especialmente treinada para resolver problemas inesperados, que exijam que seus integrantes entrem em ação o mais rápido possível. Só que desta vez eles não tem a menor idéia de qual é o inimigo que precisam enfrentar. 

Games no Cinema | Conheça os filmes que foram baseados em games - Parte 1

Some a isso um filme escuro, explicações pseudocientíficas completamente malucas, jumpscares previsíveis e baratos e um enredo que consegue se perder dentro de si mesmo com The Rock (aka Dwayne Johnson) e você terá Doom: A porta para o inferno. Interpretações fracas, motivações estranhas e mal explicadas, e um futuro calibrado de uma maneira bem genérica, por incrível que pareça Doom tinha tudo para ainda assim dar certo – mas não deu.

Chegou cedo da faculdade ou faltou o trabalho, e tá comendo aquele Miojo da Turma da Mônica? Talvez valha. Talvez.

Double Dragon

O jogo: Double Dragon
Diretor: James Yukich
Ano de lançamento: 1994
O veredito: Parte da (colossal) leva de filmes ruins, porém extremamente divertidos dos anos 90.
Tem completo no Youtube!

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Essa adaptação tem um lugar especial no meu coração. Primeiro, por ter levado um dos meus jogos favoritos ao cinema. Lembro muito bem de correr pros fliperamas pra jogar esse Beat ‘m Up sensacional que, inclusive, chegou a ter algumas versões para os consoles mais antigos. E em segundo lugar porque, bem, eu era um infante na época. Claro que luzes, dragões, amuletos e lutas mal coreografadas me empolgariam!

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Toda a (rasa) história que sustentava a pancadaria em side scrolling do fantástico Double Dragon ganhou um pouquinho (só um pouquinho) mais de profundidade e adaptação (muita adaptação) para a transposição em uma nova mídia. O filme, que mantém os visuais básicos do jogo, nos brinda com um enredo que se passa no longínquo ano de 2007, logo após um violento terremoto ter arrasado com a cidade de Los Angeles. Tomada por gangues, a rebatizada cidade (agora New Angeles) é palco da miséria, corrupção e da guerra entre diversos criminosos. Porém, dois irmãos (Mark Dacascos e Scott Wolf) mestres em antigas artes marciais recebem a missão de proteger a metade de um antigo medalhão chinês que, quando reunida com sua contraparte, garantiria grandes poderes ao seu portador. E a partir disso temos um chefão do crime genérico e asiático (interpretado por um ocidental – pois é, anos 90) que possui a outra metade e fará de tudo para unir o amuleto a fim de ser detentor de seus poderes.

Una isso com voadoras a torto e a direita, barulhos de golpes a la Power Rangers, cores estouradas e diálogos prontos e temos uma belíssima amostra do que foram os anos 90. O filme? Uma bosta. Interpretações exageradas e muitas vezes infantilizadas, personagens rasos e bobos, soluções baseadas em “milagres” e vários furos de roteiro. Mas é imperdível – ainda mais para quem teve a oportunidade de jogar fliperama uma vez na vida. E, ah, a trilha sonora é sen-sa-cio-nal.

Em Nome do Rei

O jogo: Dungeon Siege
O diretor: Uwe Boll
Ano do lançamento: 2007
O veredito: Burt Reynolds, Ray Liotta e Jason Statham em um só filme. É um cocô bem legal.
TEM NA NETFLIX!

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A tentativa, por mais que falha, de adaptar o clássico RPG de ação Dungeon Siege para as telas do cinema foi válida. Tenho de dar o braço a torcer, mesmo sendo um fã dos jogos em questão. Muito da aura de fantástico (especialmente a variedade de cenários e criaturas) foi perdido a fim de limitar o filme e não deixar o espectador perdido. O roteiro tem algumas falhas, mas nada fatalmente grave. A história é simples e direta, e até tenta gerar certo processo de identificação (sem muito sucesso), e até funcionaria se não recaísse para uma infantilização exagerada. Temos o “mestre”, o herói inesperado e o vilão cruel, malvado e terrível. Ponto. E até dessa maneira poderia funcionar, verdade. Mas mesmo assim não funciona. É um filme modesto e até mesmo visualmente bonito. A escuridão da película está lá para esconder as falhas dos efeitos. As lutas são bastante artificiais e a direção foi medíocre. As personalidades são bem rasas e pouco trabalhadas.

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Tirando isso tudo (é, eu sei, muita coisa), podemos nos focar no brilhantismo (escroto e engraçado, mas mesmo assim brilhante) do filme: Jason Statham é um fazendeiro que sai distribuindo porrada. Burt Reynolds é um rei orgulhoso que se encaixa nos moldes de todos os reis orgulhosos já criados. E a pérola: o (exageradíssimo) Ray Liotta é o sujeito malvado que com vários momentos de gênio warlock maluco do mal rouba a cena do filme inteirinho. Por bem ou por mal, é um filme empolgante sim. Mas não espere nada incrível, nem momentos surpreendentes.

Está naquela loucura dos clássicos no PC? A próxima sessão do RPG com os amigos é só semana que vem? Prepara um Miojo da Turma da Mônica (com queijo ralado) e assiste.

Far Cry: Fugindo do Inferno

O jogo: Far Cry
O ano de lançamento: 2008
O diretor: Uwe Boll (o coroa adora uns games. Quem vai julgar?)
O veredito: Filme trash que não se considerou trash na época.

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Ok. Temos um filme de 2008. Gostaria de focar que o filme é de 2008. Dito isso, vamos para a maravilhosa história:

Til Schweiger, que interpreta Jack Carver, tem a missão de levar a atraente e sexualizada jornalista Valerie Cardinal (Emmanuelle Vaugier, a Jess Angel em CSI NY) ao encontro de um misterioso informante em uma ilha remota, maluca e absurda. Até aí tudo bem. Juro. Tudo realmente bem. Até que um míssil atinge o barco, os dois conseguem escapar da explosão (que oblitera o barco), fogem pela selva, são caçados por mercenários e tentam chegar até o outro lado da ilha a fim de pegar carona em um navio (a ilha não era remota, esquecida, etc?), mas são surpreendidos pela descoberta de que existe um doutor insano chamado Krieger (nome dado a 9 entre 10 cientistas germânicos lelés da cuca) que tem realizado experimentos (malucos) perigosos a fim de criar uma máquina de combate perfeita.

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Temos armas, um sujeito com treinamento militar, impossibilidades, testosterona, ilha e mercenários. Fora isso não tem NADA, absolutamente NADA que ver com Far Cry. Inclusive, Far Cry: Blood Dragon faz várias menções ao nível de absurdo que esse filme atingiu. As atuações, os cenários, os efeitos, as motivações, a direção, os figurinos, os figurantes, a edição (mentira, a edição até que tá legal) do filme são ruins. Porém – um grande e enfático porém – caso consideremos este um filme trash (diferente de como o diretor, o elenco e a produção considerou na época), o caso muda de figura. Como filme trash, Far Cry é um ótimo exemplar do gênero.

Se vale assistir? Não, não vale. Mas se você quiser, quem sou eu para impedir? E se gostar dos trashes, bem, assite mesmo! Mas prepare um bingo de filme dos anos 80, vinho daqueles de garrafa plástica de posto de gasolina e umas esfirras.

House of the Dead: O Filme

O jogo: House of the Dead
Ano de lançamento: 2003
O diretor: Uwe Boll (ele curte mesmo os gueime. Deixa ele).
O veredito: O sujeito decidiu adaptar um dos mais mal-sucedidos jogos de zumbi de todos os tempos para o cinema. E o filme é tão, mas tão, mas tão ruim, que é considerado como o pior filme de zumbis de todos os tempos. Alguma coisa ele conseguiu.
Tem completo no Youtube; e o segundo filme, House of the Dead 2, está disponível na NETFLIX!

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Não tem muito o que falar desse. Mentira: existem (surpreendentemente) continuações. Tudo no filme está errado. Não tem nenhum acerto, nem mesmo na escolha dos atores, nem no “comportamento” das criaturas, nem no enredo, nem na produção, nem em nada. Tem 4% no Rotten Tomatoes. Quatro por cento. E a sinopse, essa obra prima do horror adaptado, poderia até (ainda vou me arrepender por dizer isso) dar certo (mentira). Mas não. Claro que não deu.

Games no Cinema | Conheça os filmes que foram baseados em games - Parte 1

Um grupo de jovens aleatória e surpreendentemente dá de casa com mortos-vivos em uma casa antiga e abandonada. Em uma ilha. Um deles morre durante uma rave nessa mesmíssima casa. Começa o massacre.

Não, não assista. Por favor, não assista. Assista Far Cry, mas não assista House of the Dead. A curiosidade é que as sequências foram mais pelo caminho do trash/humor, o que deu um pouquinho mais certo.

King of Fighters – A Batalha Final

O jogo: The King of Fighters
O ano de lançamento: 2010
O diretor: Gordon Chan
O veredito: Preguiça e excesso de mudanças desintegraram qualquer possibilidade do filme dar certo. Pelo menos é colorido.
TEM NA NETFLIX!

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Praticamente tudo do game foi mudado. Não por falta de criatividade, de talento ou de possibilidades, mas por pura e simples preguiça. As soluções encontradas para a adaptação foram as mais óbvias, furadas e sem sentido possíveis, afastando, inclusive, muito do que se tinha no clássico jogo de luta (outro dos meus favoritos da época dos fliperamas).

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Para um filme, em geral, isso já seria imperdoável, mas para um filme de 2010 e com toda a experimentação e “escola” criada a respeito de adaptações, reação de público – e inclusive as lições de filmes de porradaria e super heróis – não existe qualquer possibilidade de se perdoar. Personagens são alterados sem qualquer explicação e sem nenhum tipo de ganho do roteiro, golpes icônicos são trocados e em alguns casos completamente apagados, e as motivações se tornaram as mais rasas possíveis. A direção é risível e, por incrível que pareça, alguns dos atores até que se saem bem.

Se vale a pena assistir? Caso você nunca tenha jogado ou ouvido falar de King of Fighters, bem, é uma ótima maneira de esperar a pizza chegar. Pelo menos (alguns) golpes tem luzes coloridas divertidas. Peça pizza de cogumelo.

Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo

O jogo: Prince of Persia: The Sands of Time
O ano de lançamento: 2010
O diretor: Mike Newell
O veredito: Ruim enquanto adaptação no sentido purista, mas um filme bem divertido e com a cara da Disney (distribuidora).

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A série de jogos, focando no renascimento da franquia, claro, que data dos anos 2000, tem uma pegada bem mais sombria, profunda e sangrenta. O príncipe em questão, carrega um passado nefasto, e motivações não tão nobres ou maniqueístas assim. Os inimigos, que muitas vezes são monstruosos, sangram, sofrem e nem sempre estão de um lado “errado”. Como traduzir isso para um filme que seria distribuído pela Disney? Simples: maniqueísmo, humor, cor, parkour bem simplificado (o que é triste, tendo em vista a amplitude de excelentes cenas que poderíamos ter), um romance sem sal, e uma mitologia reduzida a uma história infantil.

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Não é difícil de entender o porquê de todas as adaptações e mudanças feitas a fim de que Prince of Persia ganhasse os cinemas – principalmente tendo em vista o provável público alvo e como ele reagiria a um príncipe sanguinolento que pratica parkour. O filme distrai, diverte e tem cenas bem legais, mas peca onde deveria acertar: não é nada memorável. As atuações, quando não cômicas, não são levadas a fundo, nem tampouco bem desenvolvidas. A parte artística do filme é sensacional, apesar de ter faltado em elementos em que poderia brilhar: como na falta de cores chamativas em momentos chave. O excesso do amarelo, dos tons derivados da areia, o marrom, o branco e o bege, além do dourado e do bronze, tiram um pouco da força visual que a película poderia alcançar. A história, bem menos sombria e contrastante, segue o príncipe Dastan em sua história familiar.

Vale assistir, até pelo empenho técnico colocado na produção. É o tipo de filme que, se estiver passando, bem, vale a pena assistir do começo ao fim. É divertido e funciona bem.

Leia mais: Curiosidades sobre Power Rangers: O Filme (1995)

Gostou? Então nos ajude a construir a parte 2 desta lista! Poste nos comentários quais filmes baseados em games não podem faltar!

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Escrito por Equipe Proibido Ler

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