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Drácula – A História Nunca Contada (2014) | A dificuldade moderna de respeitar os clássicos

É cada vez mais difícil assistir um filme de terror que tenha qualidade. Quanto mais o cinema se moderniza e os efeitos especiais se tornam realistas, mais os longa-metragens de terror se tornam entediantes. Diferentemente do passado, quando mesmo com os figurinos mais pitorescos, monstros, assassinos e brinquedos tenebrosos habitavam os pesadelos do público e surpreendiam a cada novo filme lançado.

Quando um nome clássico do terror é incluído numa proposta inovadora, é hora de se animar. Dependendo da ideia, pode ser algo muito bom, eDrácula  A História Nunca Contada e a dificuldade moderna de respeitar os clássicos a ideia original de Drácula – A História Nunca Contada me deixou empolgadíssima desde o começo. O longa não se trataria de terror, mas misturaria realidade e ficção numa aventura épica, onde as histórias do Conde Drácula, personagem criado por Bram Stoker, e de Vlad Tepes, o cruel príncipe da Valáquia cuja história inspirou sua criação, se misturariam pra contar a origem do vampiro sanguinário que já vimos tantas vezes no cinema, televisão, quadrinhos, livros, jogos e afins.

Essa ideia era realmente empolgante e, nas mãos do roteirista certo, se tornaria um filme digno de Oscar. Não foi o caso de Drácula – A História Nunca Contada.

O roteiro propõe (e falha) a desconstrução total da figura do Drácula, construída há mais de século. Iniciando com uma história de infância sofrida, passando pela juventude em que recebeu o famigerado nome de “Vlad, O Empalador” devido aos hábitos cruéis com que costumava tratar os prisioneiros durante a guerra e chegando ao presente momento, onde Vlad é um bondoso príncipe da Transilvânia, muito amado pelos súditos e um pai e marido dedicadíssimo. Sim, isso mesmo, Drácula é bonzinho.

"Drácula - A História Nunca Contada" e a dificuldade moderna de respeitar os clássicos

A trama do longa é fixada em um ponto durante todos os 92 minutos de duração: Vlad, o príncipe justo e bondoso da Transilvânia se recusa a atender uma exigência do sultão Mehmed (entregar mil garotos para serem treinados pro exército turco, incluindo seu filho) e isso causa a guerra para o seu povo. Como ele não tem um exército, decide sacrificar sua alma pra proteger seu povo, sua esposa e seu filho, fazendo um pacto com um ser das trevas. Assim sendo, Vlad se torna um vampiro -, mas não muito – bebendo o sangue do outro, e tem três dias para que sua transformação se conclua. Durante esses dias, ele sentirá sede de sangue humano, mas se conseguir resistir, voltará a ser humano, como se nunca tivesse bebido sangue de vampiro e morrido.

É.

"Drácula - A História Nunca Contada" e a dificuldade moderna de respeitar os clássicos

O que vem a seguir é uma sequência que com certeza agrada fãs mais jovens, que apreciam obras como O Senhor dos Anéis e Game of Thrones, mas deprime profundamente aqueles que admiram o terror clássico, bem como seus grandes ícones – sendo Drácula, um dos seus maiores representantes. As cenas de luta são bonitas, mas é difícil visualizá-las, não sei expressar se é devido à fotografia ou se a filmagem foi mal feita. São poucos os momentos em que é possível visualizar Vlad em ação, atacando um homem. É mais fácil visualizar seu vulto e corpos caindo, mas nada de sangue. Nem uma gota. Afinal, sangue não é importante num filme de vampiro, certo?

"Drácula - A História Nunca Contada" e a dificuldade moderna de respeitar os clássicos

À medida que os momentos finais se aproximam, a trama se revela mais vergonhosa. Para não ser totalmente negativa nesta reta final, digo que foi proveitoso ver a penúltima cena de luta, onde Vlad controla uma nuvem de morcegos e – como se fosse um maestro apresentando uma orquestra – faz com que sigam os movimentos suaves de sua mão até finalizar com um forte soco no chão, onde os morcegos mergulham no exército turco e realmente criam uma cena belíssima e dramática. Embora o roteiro não tenha ajudado em nada, Luke Evans é um grande ator e fez o melhor com o que tinha nas mãos.

No fim das contas, se pode concluir que, com a ascensão das franquias de super-heróis no cinema, todo mundo quer ter seus próprios heróis pra garantir o lucro, mesmo que isso signifique transformar o sanguinário e sedutor Conde Drácula num príncipe justo que se sacrifica pelo povo e por sua família.


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Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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