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HQ do Dia | Red Sonja #1

Lembra quando falamos sobre as adaptações nos uniformes dos ícones femininos da Dynamite lá no ano passado? Então, estas mudanças são parte do relançamento de novos volumes dos títulos de Vampirella, Red Sonja e Deja Thoris que começam a pintar via Dynamite este ano.

“Red Sonja” #1 vem puxando esse bonde de novos volumes agora em Janeiro de 2016. A revista que por 2 anos ficou a cargo da veterana roteirista Gail Simone agora cai nas mãos da jovem Marguerite Bennett (com quem nós já conversamos aqui) que tem uma proposta bem distinta da proposta narrativa que se encerrou no ano passado.

Em “Red Sonja ” #1, Bennett nos mostra o reino de Hyrkania (onde se passam grande parte das aventuras da heroína) em uma transição de poder. O monarca que regia o território está passando o cetro e aqui vemos as repercussões desta importante mudança para a protagonista. Bennett deixa claro logo de cara a importância de Sonja para o reino. A guerreira é a primeira escolha do rei para substituí-lo, porém em um momento muito sutil e bacana de reflexão as coisas tomam outro rumo. Com isso um novo regente assume Hyrkania e as coisas mudam drasticamente em um ano.Red-Sonja-01

Bennett pontua muito bem essas mudanças sem cair nas armadilhas da exposição excessiva e sempre mantendo tudo sob o ponto de vista de sua protagonista. Essa estratégia movimenta a história e apresenta quase que por osmose a personagem a novos leitores. As mudanças políticas na região influenciam diretamente o estilo de vida de Sonja, que agora tem de analisar seu novo papel e se re-inventar para uma nova era. Isso é traduzido de maneira muito leve e com pitadas de humor por Bennett e em momento algum a história cai em algum tipo de drama existencial. As transições entre cenas são rápidas, o roteiro é bem funcional, movimentado e claro para novos leitores e os diálogos são diretos e compreensíveis. Além disso temos um gancho que não é exatamente uma surpresa no final, mas que abre uma premissa muito bacana para este início de arco. O principal problema é a falta de algum momento de ação mais marcante. Geralmente é este tipo de cena que captura a imaginação de um novo leitor e excluindo um combate inicial com uma besta gigante não temos aquela cena violenta que te faça dizer: “Porra! Essa mulher chuta bundas!”

A arte de Aneke com colorização de Jorge Sutil é muito diferente do que estamos acostumados em gibis de Sonja / Conan etc. Temos uma paleta extremamente vívida e clara . O gibi é cheio de quadros com belas paisagens coloridas e expressões leves nos semblantes dos personagens. O tipo de arte da ilustradora lembra muito o que J. Scott Campbell fazia na Image Comics nos anos 1990 em gibis como “Gen 13”, mas felizmente aqui temos uma indumentária mais coerente com o papel dos personagens e zero sexualização da protagonista. Sonja #1 tem aquela cara de gibi moleque, meio Robin Hood e isso ajuda a não deixar as reflexões da personagem se tornarem enfadonhas durante a leitura. É importante no entanto notar que em alguns quadros a ilustradora tropeça levemente na apresentação das poucas cenas de ação do gibi. Não fica muito claro quem está batendo em quem, ou qual a posição da protagonista nas duas pequenas cenas de batalha mostradas. Isso pode se tornar problemático em alguma edição mais voltada para a ação no futuro, mas aqui tem pequena influência na leitura.

Sonja está em boas mãos. Isto pode ser dito com 100% de certeza após lermos esta estreia. Nas primeiras páginas do gibi, quando a personagem faz sua rápida auto análise, Marguerite Bennett já nos mostra que entende sua protagonista e isso é muito reconfortante para os fãs que estão saindo de uma passagem tão marcante quanto a de Gail Simone no gibi. Sonja é tudo que se espera de um ícone feminino: Forte, decidida, casca grossa, reconhecida como heroína e principalmente dona do próprio destino. E apesar do roteiro não ter aquele impacto que esperamos de uma estreia de fantasia épica, a representação da personagem é muito fortuita. Para os novos leitores esta é uma chance de entrar em um universo novo e diferente de maneira muito fácil, sem precisar fazer pesquisa alguma e então conhecer uma personagem feminina que já mostra a que veio sem precisar de muita exposição de roteiro. Com uma arte que se encaixa na proposta, apesar de algumas eventuais escorregadas nas cenas de ação, “Red Sonja”#1 está no caminho certo e tem tudo para encontrar seu público neste disputado mercado atual.

Leia também: HQ do Dia | Captain Marvel #1

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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