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O que os novos designs de Vampirella e Sonja significam para nós, leitoras

Estamos em 2015. Os quadrinhos não são mais os mesmos – como poderiam ser? Com a ascensão dos filmes e séries baseados em quadrinhos (não, não apenas os de super-heróis), o público tende a buscar as fontes originais daqueles personagens nas telonas. As vendas de quadrinhos estão em uma fase muito boa, principalmente quando falamos de quadrinhos digitais, e com o novo público a indústria percebeu que era preciso se adequar.

Os uniformes, designs e arcos dos mais variados personagens foram alterados de forma rápida. A DC Comics não apenas mudou uniformes e arcos, mas lançou um evento que mudou a linha editorial e abriu espaço para mudanças gerais. O uniforme da Estelar, tão criticado nos Novos 52, foi adaptado para o público adolescente. A trindade da DC mudou radicalmente de visual e seus arcos sofreram alterações significativas. Arlequina, bastante sexualizada e traumatizada outrora, se tornou uma personagem alegre, divertida e, bem, vestida.

O que os novos designs de Vampirella e Sonja significam para nós

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A Marvel não ficou para trás e também lançou um evento que mudaria significativamente os rumos da editora. Novos títulos solo de heroínas e personagens diversificados foram anunciados. Novos trajes, arcos e personagens foram criados. Tudo para se adaptar aos novos fãs e suas exigências – que eram e são muito justas.

O que os novos designs de Vampirella e Sonja significam para nós

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E quem não lê apenas DC e Marvel Comics? É claro que as duas editoras estão no topo do mercado, mas elas não são as únicas opções. Image, Dark Horse, Dinamyte e tantas outras editorias também tem seu espaço.

Essas editoras não acompanharam as mudanças na mesma velocidade, contudo a reformulação é inevitável. Estamos em 2015. Queremos algo melhor.

E então, falemos sobre Vampirella, Red Sonja e Dejah Thoris (Ok, eu sei que algumas são distribuídas pela Marvel, mas vamos ao que interessa):

Vampirella foi criada por Forrest J. Ackerman em 1969, e estreou na antiga editora Warren Publishing. Originalmente ela é uma vampira extraterrestre de um planeta tendo dois sóis chamado Drakulon (ou Draculon). Apesar de idealizador, Ackerman não a finalizou sozinho, tendo influência direta de outros nomes importantes como Trina Robbins e Frank Frazetta, que definiram a roupagem e o desenho original dela, respectivamente. Seu design sexualizado foi o mesmo desde sua criação até agora.

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Red Sonja foi criada por Roy Thomas em 1973, livremente inspirada em contos de Robert E. Howard, ligada ao universo de “Conan, o Bárbaro”. Ela foi baseada principalmente na personagem “Red Sonya de Rogatino”, uma personagem de capa e espada situada na Renascença, do livro “The Shadow of Vulture” e em outra personagem de Howard, “Dark Agnes de Chastillon”, uma espadachim francesa do século XVI. A primeira versão, desenhada por Barry Windsor-Smith, nas revistas “Conan, o Bárbaro” #23 e #24 (1973), Sonja trajava uma blusa de malha e calças curtas de seda vermelha.

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1º + 2º = 3º

Mas esse visual foi considerado “conservador demais” – e realmente era, se comparado com as demais heroínas da década de 70. Então o espanhol Esteban Maroto, que ilustrava a revista “Savage Sword of Conan”, redesenhou a roupa de Sonja e criou o famigerado biquíni-armadura prateado, que trazia na indumentária argolas e botões reluzentes. O biquíni era utilizado até agora.

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E por último temos Dejah Thoris, criada por Edgar Rice Burroughs em 1917 para a série literária de ficção cientifica “John Carter de Marte”. Ela é uma princesa de Marte sendo o interesse amoroso e mais tarde esposa de John Carter. Ela desempenha, basicamente, o detestável papel da donzela em perigo convencional, mas também é retratada como uma competente e capaz aventureira de seu próprio direito, plenamente apta a se defender e sobreviver por conta própria nas terras perdidas de Marte.

Nesta série, as raças de Marte desprezam o uso de roupas, e assim é Dejah Thoris, que cobre o corpo com jóias e ornamentos bem forjados. Ouso dizer que Thoris é a personagem com o traje mais problemático entre as três, e olha que as anteriores estão num nível altíssimo de sexualização.

O que os novos designs de Vampirella e Sonja significam para nós

Décadas e mais décadas se passaram e essas personagens nunca se adaptaram à modernidade. Apesar de suas boas histórias, muitas leitoras se afastaram por não concordar com esse tipo de sexualização. A única personagem que eu nunca deixei de lado foi Red Sonja, mesmo que meus olhos queimassem a cada página. Nunca perdi a esperança de ver mudanças, e a espera valeu a pena! Não são apenas novos trajes, mas novas equipes criativas que tomarão conta delas. Hoje as personagens ganharam novos trajes. Não se tratam de trajes ultra conservadores, pois continuam sexy e valorizando seus corpos, mas são trajes mais modernos, funcionais e que melhoraram muito a imagem das heroínas. Veja como elas estarão em 2016:

O que os novos designs de Vampirella e Sonja significam para nós

Vampirella: Roteiro de Kate Leth (Hora de Aventura, Bravos Guerreiros) e artista ainda não revelado/a estreia em março de 2016.

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Dejah Thoris: Roteiro de Frank Barbiere (Mundo dos Vingadores, Solar: Man of the Atom) e artista ainda não revelado/a estreia em fevereiro de 2016.

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Red Sonja: Roteiro de Marguerite Bennett (A-Force, Angela, DC Bombshells) e arte de Aneke (Legenderry: Red Sonja, Damsels) estreia em 13 de janeiro de 2016.

Red Sonja #1 já ganhou até capas variantes, que mostram mais detalhes de seu uniforme:

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Agora, além do público masculino, várias meninas e mulheres se sentirão à vontade para acompanhar essas revistas, e isso não tem preço. Que se dane o “clássico” e a “proposta original” delas, estamos em 2015 e quem não se adaptar ao próprio público, vai falir.

Elas estão bonitas, fortes, com posturas dignas e, ainda assim, sexy. Não se trata de conservadorismo ou politicamente correto, mas sim de não tratar as heroínas que nos espelhamos como objetos sexuais. A cada heroína que recebe um tratamento menos sexualizado do que antes, é mais uma vitória para quem lê. Parabéns para os responsáveis!

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Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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