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HQ do Dia | Archie #1

Archibald Andrews não é um personagem reconhecível instantaneamente para o público Sul-Americano em geral. Devido à nossa tendência natural em consumir títulos de quadrinhos predominantemente do gênero ficção ou super-heróis, o jovem ruivo de Riverdale pode sim passar despercebido pelo público mais casual. O fato é que a linha Archie e seus derivados compõem uma das franquias mais populares da América do Norte e se sustentam com títulos próprios voltados para o público jovem por mais desde a longínqua década de 1940.

Dito isto, esta semana a Archie Comics relança para toda uma nova geração de leitores o título Archie. E para isso foram recrutados dois dos talentos mais proeminentes do mercado de quadrinhos da atualidade: o veterano e premiadíssimo Mark Waid e a sensacional Fiona Staples (com quem nós já batemos um agradável papo no ano passado). Archie #1, portanto é um reboot declarado. E, esta primeira edição é a prova de que quando bem planejado e executado, este tipo de prática funciona.

Primeiramente se você é fã de quadrinhos exclusivamente do gênero super-heróis ou ficção é bem capaz de não se identificar com Archie. A revista é leve, é casual, é desprovida de qualquer coisa fora da realidade que nos cerca (super poderes, monstros ou qualquer coisa sobrenatural estão fora de cogitação) e é muito positiva. Archie é um título sobre um adolescente cativante que vive uma vida parecida com a de qualquer adolescente comum. Então, mesmo que você seja uma pessoa aberta a este tipo de gênero de leitura, por que você leria isso?Archie-1

Primeiro – Mark Waid. Waid em uma edição repagina o (ainda pequeno) elenco de Riverdale e os transforma em pequenos ícones desta geração. Sim. A maneira como o elenco é introduzido e a relação destes com os protagonistas é muito familiar para qualquer adolescente. A tua vida não é feita de invasões alienígenas ou hordas zumbis, não é? Então basta você querer ler algo parecido com a tua vida escrito por um dos caras mais competentes do mercado de quadrinhos e Archie vai te atender perfeitamente. Waid escreve um de seus roteiros mais naturais e fluídos e faz tudo parecer fácil. Apesar do foco da edição ser a conturbada relação entre Archie Betty, a presença marcante de Jughead dá alma e personalidade para esta curta história. Como um verdadeiro mestre dos diálogos que é, o roteirista dá vozes e tons individuais para cada membro deste elenco. A naturalidade dos diálogos e a fluidez deste roteiro são inquestionáveis e a caracterização das personagens pelas suas atitudes é uma marca registrada deste autor. Se você quer fazer alguém grudar em um história e amar um elenco você contrata Mark Waid. E é exatamente isso que o sujeito faz em Archie #1.

O segundo motivo para pegar Archie #1 é a arte absurda de Fiona Staples em toda esta edição. Você é fã da Canadense por seu trabalho em Saga? Pois em Archie #1Fiona brinca de desenhar. É lógico que o grande atrativo da ilustradora em seu outro título periódico é a sua capacidade em colocar em um papel ideias bizarras e esdrúxulas. No entanto é revigorante ver que a jovem mantém a mesma consistência visual e a mesma pegada energética e distinta em uma publicação sem extravagâncias visuais. E se você prestar atenção existem alguns easter eggs de Saga escondidos na publicação sim. A sintonia entre Waid Staples é notória e refletida no fluxo e disposição de quadros por páginas, nas splash pages certeiras e marcantes e nas expressões vivas deste elenco. Uma das colaborações artísticas mais complicadas na carreira da desenhista e um resultado acima da média em termos de apresentação visual. Não tendo a responsabilidade de ser a colorista neste título, Staples consegue detalhar muito mais seu traço e principalmente os ambientes. Os leitores que já amam seu trabalho agradecem. Veja a cena na qual Archie é recrutado às pressas para tocar guitarra na banda do baile e tente tirar os olhos destes quadros. Um desbunde.

Archie #1 é uma das estreias mais fortes e sólidas de 2015. Um novo universo surge e ele é extremamente atrativo para quem não se restringe a um estilo específico de leitura em quadrinhos. Ótimos personagens que parecem vivos, um roteiro rápido e grudento que usa uma premissa muito simples para abrir um leque enorme de possibilidades futuras e uma arte que figura entre as melhores e mais distintas da indústria de quadrinhos atualmente. É bem possível que um fã tradicional de quadrinhos leia esta edição e desista porque simplesmente “não é para ele”, no entanto fica impossível avaliar mal uma estreia com este nível de roteiro e apresentação e que eleva um dos ícones dos quadrinhos casuais Americanos a um novo patamar de qualidade.

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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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