O primeiro Spirit of the North era um jogo que dizia muito sem falar nada. Um conto nórdico contado pelo vento, pelas ruínas, e por uma raposa solitária. Agora, Spirit of the North 2 repete essa fórmula, mas não sem tentar evoluir.
Dessa vez, a jornada é mais ambiciosa: você, uma raposa espiritual com poderes místicos, busca resgatar o Guardião perdido do Norte, enquanto lida com forças corrompidas e uma natureza em desequilíbrio. Tudo isso em um mundo maior, mais detalhado e visualmente arrebatador. A desenvolvedora Infuse Studio claramente aprendeu com os tropeços do primeiro jogo e quis entregar algo mais lapidado.
Visualmente, é um colírio para os olhos. As paisagens são dignas de wallpaper, e o uso da luz (e da escuridão) continua sendo um dos pontos altos. Mas o destaque vai para o design sonoro — ou melhor, para o silêncio entre os sons. A trilha orquestral sutil ainda funciona como parte da narrativa, e o silêncio pesa mais do que qualquer diálogo.
No entanto, nem tudo brilha. A jogabilidade, embora mais refinada, ainda sofre com controles imprecisos em momentos de plataforma e puzzles que às vezes mais frustram do que encantam. E embora a história tenha mais “peso”, ela continua dependendo demais da interpretação subjetiva, o que pode afastar quem espera algo mais direto.
Mas talvez essa seja a proposta desde o início: Spirit of the North 2 não quer te guiar pela mão — quer que você se perca, se encontre, e sinta algo no caminho. Nem que seja o desconforto de não entender tudo.
“Spirit of the North 2” é uma experiência sensorial que, apesar de não reinventar a roda, consegue tocar quem entra na sua frequência. Se você busca um jogo contemplativo, quase meditativo, com doses de melancolia e beleza, pode se entregar. Só esteja pronto para tropeçar no caminho — às vezes literalmente.
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