A trilogia de Nolan sem dúvidas foi um sucesso ao retratar com muita fidelidade a história de Bruce Wayne, para muitos essa é melhor adaptação de Batman para o cinema. Outros até falam que é bem melhor que a do Tim Burton, eu acho que no caso cada uma tem seu mérito e a sua importância para a obra do homem morcego.
Abaixo você confere fotos que encontrei lá no Ovelhas Voadoras, tiradas na hora da gravação da cena e comentários em “O Cavaleiro das Trevas”, feitos pelo próprio Nolan. Confira:
“Uma cena que é muito importante e muito central pra mim é a cena do interrogatório entre o Batman e o Coringa no filme. Quando estávamos escrevendo o roteiro, essa cena já era considerada uma das peças centrais do filme”
“Foi uma das primeiras cenas que filmamos. Na verdade foi uma das primeiras coisas que o Heath teve que fazer como o Coringa. Ele gostou da ideia de fazer uma cena importante antes de todas. Ele gravou uma das cenas-chave do Coringa nas primeiras 3 semanas de uma filmagem de 7 meses. Eu e ele gostamos da ideia, assim como o Christian (Bale)”
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“A cena começa com o Gary Oldman e o Heath com as luzes apagadas, e o (diretor de fotografia) Wally Pfister iluminou a cena só com a lâmpada na mesa, e mais nada”.
“E quando as luzes voltam, o Batman aparece, e a cena é rodada com superexposição de luz”.
Wally iluminou o lugar todo e adicionamos mais cor na edição. Mas essa sobrecarga de luz incrivelmente intensa que permitiu que a gente se movesse em qualquer direção. Nós tínhamos uma câmera de mão e podíamos filmar de qualquer lugar, bem espontâneo”.
“Foi um cenário muito bom, o que foi construído. Tinha toda a vantagem de sentirmos que estávamos em um lugar real”.
“Nathan Crowley, o produtor de design, fez um bom trabalho construindo esses belos espelhos e essa sala longa de tijolos. Ficou parecido com um matadouro, ou algo assim”
‘Isso tudo alimentou a brutalidade da cena. Queríamos algo nervoso, bem brutal”.
“Queríamos que esse fosse o ponto que o Batman fosse realmente testado, e que ficaria bem claro que o Coringa podia entrar na cabeça de qualquer um”.
“Eu tô pensando nisso agora – Nunca tinha pensado nisso antes – A síntese de todos os elementos que mais me atraem dentro de fazer um filme estão nessa cena”
“Nós ensaiamos a cena um pouco. Nós apenas vimos como ela seria por cima na fase de pré-produção pra termos uma ligeira noção de como seria trabalhar nela”
“Nenhum dos dois quis ir muito longe no ensaio. Eles tiveram que ensaiar um pouco a coreografia da luta, mas mesmo nisso, tentamos manter a cena solta e com atuações improvisadas. Eles queriam manter isso”.
“Nós estávamos bem animados pra essa cena cheia de diálogos e bem intensa entre dois personagens icônicos”.
“Foi um tanto bizarro ver o Batman na mesma mesa que o Coringa”.
“Sabe, eu poderia falar sobre essa cena por horas”.
“Têm close-ups com pouco movimento da câmera”
“Começamos de uma maneira bem controlada, mas mesmo dentro do quadro, o jeito que o Heath fica balançando pra frente e pra trás…”
“…sabe, ele ficou mesmo saindo por querer do foco da câmera, porque é bem difícil seguir alguém que fica inclinado pra câmera o tempo inteiro”
“Isso adicionou alguma coisa pra cena. Nós ali tínhamos que ficar continuamente tentando manter ele no foco da câmera”
“Então, mesmo em um quadro apertado, você tinha a noção de estranheza”.
“Do outro lado temos Batman sentado ali e bem, bem controlado, contido”.
“Então tem um momento que a cena explode num momento puramente físico e ele puxa o Coringa pela mesa. Ele segura o coringa e passa o resto da cena segurando ele pra ser bem espontâneo com seus movimentos”.
“Eles ensaiaram a cena de luta, mas queríamos que os atores trabalhassem dentro disso. Nunca vi alguém vender um soco do jeito que Heath conseguiu fazer com o Christian. Eu consegui a violência que eu queria. O que eu senti que foi importante pra cena foi mostrar que o Batman vai longe demais. Nós mostramos ele torturando uma pessoa pra conseguir informações porque se tornou pessoal”.
“A raiva tem grande papel na na história central de “The Dark Knight” e a cena do interrogatório é o sustentáculo da virada que o filme dá. Acho que o Batman descobre – E o Bruce Wayne descobre também – Muito sobre ele mesmo nessa cena. Eu fiquei satisfeito em ver como o Christian mostrou essa raiva na cena. E ficou maravilhosamente balanceado com o controle do Gary”.
“Mesmo que todos lembrem dessa cena por ser uma cena entre o Batman e o Coringa, o Gordon teve um papel importante ao arranjar o interrogatório e permitir que ele acontecesse”.
“E, assistindo do lado de fora, ele percebe o ponto exato onde as coisas vão longe de mais. Ele conhece o Batman bem o suficiente pra perceber e reconhecer isso. Ele tenta entrar, mas a porta está trancada”.
“No final da cena, quando o Batman está apenas esmurrando o Coringa, acho que o Heath conseguiu achar a essência exata do que é o Coringa e qual ameaça ele representa”.
“Ele está sendo socado na cara, rindo e amando isso. ‘Não tem nada que você possa fazer’, ele diz pro Batman, ‘Você não pode fazer nada com sua força”.
“Tem essa sensação de impotência de um Batman forte, e bem musculoso; Ele é bem poderoso, mas não pode usar isso pra nada, e ele tem que confrontar isso”.
“Originalmente, no final da cena, quando o Coringa dá a informação que o Batman quer, ele larga o Coringa e, quase como um adendo, ele chuta a cabeça do Coringa e sai da sala. Removemos essa parte porque pareceu muito petulante pro Batman”.
“Mas eu gostei do jeito que Christian fez isso. Quando ele larga o Coringa, ele percebe a futilidade do que fez com o Coringa. Você vê nos olhos dele. Como você confronta alguém que se fortalece em um confronto? Foi uma conclusão da cena que deixou várias possibilidades no filme”
– Christopher Nolan, no dia 28/10//2008, na Hero Complex.
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