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Filmes animados em Stop Motion – Parte 2

Antes de dar continuação a lista, confira a primeira parte da matéria clicando aqui > Filmes animados em Stop Motion – Parte 1

Para algumas pessoas, o Stop Motion foi oficialmente criado em 1908, por Emile Cohl.  Mas a técnica já havia sido utilizada por George Mélies, em “Viagem à Lua” de 1902 (curta que você pode conferir na primeira parte da matéria). Anos depois, Willis O’Brien, usou stop motion em efeitos especiais nos filmes “Mundo Perdido” de 1925, e “King Kong” de 1933. Hoje, você encontra o Stop Motion em diversos filmes, clipes, comerciais,  e em vídeos aleatórios na internet.

Um achado bem legal de stop motion, que conta um pouco de sua história através da técnica, é o vídeo abaixo:

Quando o filme é projetado a 24 quadros por segundo, temos a ilusão de que os objetos estão se movimentando. Essa ilusão de movimento é devida à Persistência Retiniana, que faz com que a imagem pareça real aos nossos olhos.

Aproveitando a popularidade dos desenhos animados e das histórias em quadrinhos, por volta de 1897, nos Estados Unidos, um cartunista de origem inglesa chamado James Stuart Blackton (considerado o pai do cinema de animação americano) fundou um estúdio, junto com um mágico e um ilusionista, Albert E. Smith e Ronald A. Reader. Eles pretendiam fazer filmes com talento e criatividade. O estúdio Vitagraph se tornou um dos mais importantes da época. Os artistas desenvolveram várias técnicas de animação. Blackton foi o que mais experimentou a área. Um de seus filmes mais famosos foi “O Hotel Mal-assombrado” de 1906. Nesse live-action o público viu pela primeira vez, uma faca se movendo sozinha, cortando um pão em fatias, e outras coisas do tipo. O filme fez muito sucesso, e as pessoas ficaram curiosas, loucas paa saber como os artistas tinham feito isso. A técnica ficou conhecida como Stop Motion, e por meio dela, objetos imóveis são usados para criar a ilusão de movimento. Por volta de 1905, enquanto a técnica era descoberta por Blackton nos Estados Unidos, um espanhol chamado Segundo de Chomón (sim, segundo) realizava experiências em animação e lançava uma de suas mais famosas obras usando recursos de Stop Motion, “El Hotel Eléctrico”. Chomón foi convidado a trabalhar em Paris com os irmãos Pathé, que desejavam competir com Meliés no terreno da fantasia. O filme de Chomón era semelhante ao de Blackton, mas os defensores do animador espanhol atribuem a ele o título de pai da animação, já que seu filme foi feito primeiro que o de Blackton. Outro animador a quem se atribui as primeiras experiências é o inglês Arthur Melbourne Cooper. Ele realizou em 1908 “Dreams of Toyland”, que contava a história de brinquedos que ganhavam vida enquanto as crianças dormiam, o que se tornou um tema chave nas animações (Toy Story comprova isso). Mas essa disputa por quem fez o primeiro filme em Stop Motion é bem acirrada. E o importante não é quem fez, e sim como eles fizeram história no cinema.

Desde os primórdios até hoje essa técnica é utilizada. Em 1982, uma promessa da animação, que trabalhava na Disney, se destacou pela primeira vez. Tim Burton, resolveu trazer à tona uma bizarra ideia: fazer um curta de terror em Stop Motion para crianças.

Vincent (1982) – Tim Burton

Vincent conta a história de um menino que sonha em ser como o seu maior ídolo, o famoso artista de filmes de terror Vincent Price. O boneco criado por Burton era anguloso, de formato desconfortável, bizarro e ao mesmo tempo adorável. O filme foi feito todo em preto e branco com narração do próprio Vincent Price. O filme não podia ser considerado um filme Disney. Burton seguiu carreira fazendo filmes live-actions. Tais como: O Estranho mundo de Jack, Frankenweenie e A Noiva Cadáver. Que não serão inclusos na lista, mas que não poderiam passar despercebido.

Em 1973, no Reino Unido, o Studio Aardman Animations foi fundado por Peter Lord e David Sproxton. Seus primeiros filmes foram criados na cozinha com massinha e poucos recursos. Eles consideravam a animação como um hobby e experimentavam muitas formas e objetos. O pai de David trabalhava na BBC e possuía uma câmera, então eles começaram a criar seus próprios filmes desde bem cedo. Alguns de seus filmes foram comprados pela BBC para serem mostrados em uma série de animação feita especialmente para crianças surdas. Quando os Estúdios Aardman se consagraram, um talentoso animador chamado Nick Park, se juntou a equipe. Nick começou a animar aos 13 anos e ganhou três prêmios da Academia por seus filmes. Uma série de curtas-metragens foi lançada por eles: Wallace e Gromit. Mas o Studio Aardman fez sucesso de verdade com primeiro longa metragem:

A Fuga das Galinhas (2000) – Nick Park & Peter Lord

Animações em Stop motion a fuga das galinhas

Eles passaram 4 anos produzindo o filme e seu resultado é fantástico. O filme é dirigido por Peter Lord e Nick Park e conta a história de galinhas que estão determinadas a fugir de sua granja. Com um detalhe fenomenal: elas querem sair voando. Com uma grande semelhança aos campos de concentração da Alemanha, a alfinetada e o bom humor são de impressionar qualquer um.

Coraline e o Mundo Secreto (2009) – Henry Selick

Animações em Stop motion coraline

Neil Gaiman conheceu Henry Selick, quando ele estava prestes a publicar Coraline. Uma reunião que inspirou a versão elaboradamente assustadora do romance do autor Sandman para as crianças. Ele levou sete anos para Selick para concluir o filme, que foi o primeiro para o estúdio de animação stop motion Laika e um dos primeiros filmes em stop motion a ser filmado em 3D. Os personagens são uma melhoria em relação as criaturas intrincados de “O Estranho Mundo de Jack”, com mais de 200 mil expressões faciais. Alguns dos personagens foram fabricados através do uso de impressoras 3D em preto e branco. O resultado é um conto hipnotizante e verdadeiramente assustador de uma menina, com olhos de botões, feito uma boneca, que, desencantada com os pais, descobre um mundo alternativo.

O Fantástico Senhor Raposo (2009) – Wes Anderson

Animações em Stop motion O Fantástico Senhor Raposo

Depois de anos criando filmes com fotografia simétrica, que colocaram pessoas como brinquedos em casinhas de bonecas (o sobrado em Os Excêntricos Tenenbaums, comprova esse olhar) parecia natural que Wes Anderson, seguiria o caminho fotograma, até fazer um filme stop motion. Seu olhar é perfeitamente adequado para o mundo de contos de fadas das crianças de Roald Dahl, um autor que tratou crianças como pequenos sofisticados, capazes de apreciar sátiras sobre as fraquezas humanas que alternam entre fantasia e terror.

O Fantástico Senhor Raposo

Neste caso, é uma história sobre uma raposa, Mr. Fox. Como é possível ver na imagem: os animais foram inicialmente desenhados por Henry Selick (que também havia trabalhado com Anderson antes), cada segundo do filme mostra a capacidade de Wes para animações.
 

Paranorman (2012) – Chris Butler & Sam Fell

 Animações em Stop motion paranorman
O segundo filme de Laika, o primeiro sem Henry Selick, e seus primeiros usando impressoras a cores 3D para fabricar personagens, ParaNorman é a história de um menino amaldiçoado com a capacidade de falar com fantasmas. Esta habilidade faz de Norman uma espécie de ser assombrado, a lá “O Sexto Sentido”. Mas também faz dele o único capaz de ajudar os outros, quando algo imprevisto sobrenatural acontece, uma trama extraordinariamente sofisticada, não poderia ficar fora da lista.
 

As Aventuras do Príncipe Achmed (1926) – Lotte Reiniger

 
Animações em Stop motion As Aventuras do Príncipe Achmed
Dada a imensa sofisticação visual da animação auxiliada por computadores, será que vale assistir um filme mudo onde recortes de papel se movem através folhas e sombras iluminadas por vidro? A resposta é: sim, claro, com toda certeza!
U
ma vez que esta aventura de conto de fada, que aborda a Alemanha e artefatos históricos, te proporciona uma experiência de visualização e fascinação. Isso porque, ao contrário de animação moderna, podemos ver a obra envolvida na criação das silhuetas requintadas. Há um cavalo voador, um príncipe, um malvado feiticeiro, uma donzela em perigo, e até mesmo a participação especial de Aladdin. Não há muito o movimento contínuo, mas quando Reiniger enche a tela com demônios alados, é pura arte sendo exposta.
 

Mary e Max – Uma Amizade Diferente (2009) – Adam Elliot

Animações em Stop motion Mary e Max

Mary e Max é uma animação com um nível de drama tão alto, que é impossível não chamá-la de “filme para adultos”. Explora temas fortes, tais como: insegurança, solidão, perdão e amizade. Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. O filme é uma viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais.

Consuming Spirits (2012) – Chris Sullivan

Animações em Stop motion Consuming Spirits

Certamente o filme mais obscuro da lista, resultado de um trabalho de mais de uma década para o escritor, diretor, animador, músico e artista de voz Chris Sullivan e sua pequena equipe. Correr 136 minutos, abrangendo mais de 230.000 quadros individuais, essa conquista épica combina recorte, pare-frame e desenhos a lápis e uma bela trilha sonora. Mas, como em qualquer grande filme de animação, é o conteúdo emocional que mais chama atenção. Situado em uma pequena cidade da Pensilvânia, este é um conto poético de três personagens unidos por decepções, álcool e passados assombrados.

Curiosidade: graças a um lançamento extremamente limitado, Consuming Spirits é pouco conhecido até mesmo dentro da comunidade de animação. O que é uma injustiça, tendo em vista que muitos animadores o consideram genial, quiçá uma das melhores animações do mundo.


Espero que tenha gostado da lista, apesar de curta, quis dar ênfase aos que de certa forma mudaram o mundo do stop motion. Muitos filmes ficaram de fora, pois toda lista precisa ser seletiva, o que não diminui a importância deles no cinema. Muitas listas estão por vir, e com toda certeza, muitos filmes que faltaram nessa vão entrar em outras. Não se esqueça de conferir as próximas e comentar o que achou dessa, quais filmes e listas gostaria de ver por aqui. Até a próxima.

Veja também: 10 filmes embriagados para ver antes da próxima dose

Escrito por Juliane Rodrigues (Exuliane)

Serial killer não praticante, produtora audiovisual de formação e redatora por vocação. Falo sério mas tô brincando no twitter @exuliane

manda nudes: [email protected]

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