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The Flash | Back to normal, por favor!

Eu já queria falar sobre a segunda temporada de The Flash a algum tempo, mas tudo ficou mais claro depois dos episódios “Back To Normal” e “Rupture” – 19 e 20 respectivamente. O artigo contém spoilers, portanto, se você não assistiu tais episódios ainda, volte aqui depois, ok?

Antes de abordar esses dois episódios especificamente, vamos começar falando sobre o canal CW, que parece ter perdido o fio da meada. Quando a identidade do vilão Zoom foi finalmente revelada e a série entrou naquele pequeno hiato de um mês, a trama rolou morro abaixo. Sinto que os roteiristas perderam a mão e estão vomitando tudo em cima do expectador – aliás, essa é a palavra mais exata para representar o momento: puro vômito. Algo porco, que acontece de repente e não temos controle algum.

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Mas sobre esse assunto em si, eu vou deixar para falar mais adiante, agora a intenção é explanar sobre os dois episódios. “Back To Normal” faz o ponto de ignição (olha a referência) para “Rupture”. Os dois trazem elementos bem importantes para o desenvolvimento de Barry Allen como ser humano. No  19º episódio, para salvar Wally West das mãos de Zoom, Barry se viu obrigado a dar sua velocidade ao seu antagonista. A partir daí, ele passa a ter uma vida normal, como eu e você. Ele não é mais um meta-humano e precisa voltar a viver como antes do acidente com o acelerador de partículas. É nesse momento que conhecemos um lado do personagem que muito me agrada seja onde for, o lado humano.

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Por isso eu gosto tanto de heróis como o Demolidor, o Homem-Formiga e o Homem-Aranha: existe mais “humano” e menos “herói” nesses caras. E com o Barry Allen não é diferente. É neste episódio que sua vida de herói contrasta com a de outrora – Barry precisa pegar ônibus para chegar ao laboratório, derruba uma xícara e não tem reflexos rápidos o suficiente para pegá-la antes que se espatife no chão, e posteriormente, acaba descobrindo que ser herói é muito mais uma questão de atitude do que super-poderes. Esse é um momento de carga dramática muito forte na vida dele.

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No 20º episódio, Barry sê vê sem saída diante do iminente ataque de Zoom e não consegue encontrar um porto seguro em nada do que ele tinha antes. Sua equipe, com Cisco e Caitlin, não existe mais (Caitlin foi raptada por Zoom e sem seus poderes ele não consegue fazer nada). Cisco faz o que pode para ajudar, e mesmo não sendo o suficiente, ele ainda é o melhor personagem do momento. Joe e Iris são cartas fora do baralho, pois Barry se vê muito mais na posição de protegê-los do que de pedir ajuda. No momento em que Greg Berlanti, Andrew Kreisberg e Geoff Johns deixaram Barry totalmente no escuro, surge a luz do fim do túnel pegando uma “caroninha” em um dos passos de Joseph Campbell, aquele da jornada do herói – eles acabam lembrando que Barry tinha um pai que, por sua vez, poderia ser o seu mentor e talvez fosse o norte que o ex-velocista precisasse. O que posteriormente se mostra um pouco inútil.

Desde que a Patty Spivot partiu, parece que Barry Allen não sabe decidir as coisas por si mesmo. Ele não tem confiança em si e desde então, a cada decisão que ele não toma com a firmeza e sabedoria necessária de um super-herói, ele, como humano, vai sofrendo lentamente e pagando por cada passo em falso. É uma fraqueza que eu posso até justificar se seguir pelo viés de que se trata de um super-herói em formação e que ele está aprendendo com seus próprios demônios a ser uma pessoa melhor no futuro. Mas se olhar pelo viés que eu julgo certo, que é o que carrega a característica do Barry dos quadrinhos, o que a CW exibe é 99% de licença poética e aquele 1% vagabundo é a essência do personagem. Ele não consegue tomar uma decisão sem sofrer até fazer o espectador sentir pena dele, aí quando isso acontece, ele se empodera, volta a ser firme e aceita o desafio.

Tudo bem que isso é característica da linha folhetinesca que a CW emprega em seus produtos, mas não usaram desse mesmo artifício na primeira temporada. Naquela, acertaram tudo muito bem e fizeram o possível para a cada episódio elevar a qualidade do enredo, da evolução e introdução de novos elementos e personagens. Novamente, aqui, parece tudo jogado de forma atropelada. Um exemplo disso,  é a forma que Iris se declarou para Barry, enquanto ele cantava a musiquinha do Silvio Santos mentalmente, aquela do Peão da Casa Própria “Não sei se vou ou se fico, não sei se fico ou se vou. Se vou não sei se eu fico,  Se fico não sei se eu vou!”. Eu olhava para a cena e não entendia nada e o pior, é que o próprio personagem perguntou para a Iris “Por que você está me dizendo isso agora?” tipo, até para ele aquilo não fazia sentido.

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Zoom tem hora que é bonzinho e nem parece um vilão, suas motivações podem até fazer sentido, mas a CW continua errando quando insiste em criar “casalzinho” para manter a trama “quente”. Não vou entrar no mérito do que acontece com Arrow, e nem quero chegar a comparar The Flash com ela. Mas esses elementos de novelização acabam fodendo a trama que no minimo não pode ser infantil demais, ao ponto de fazer  o espectador sentir que está fazendo papel de trouxa. Se você acha que eu estou exagerando, assista novamente as cenas de Caitlin e Zoom na delegacia de Central City, e me diz se não é a pior sequência que a série já mostrou? Depois repara na pior parte, onde a Caitlin passa a ser “burra”,  quando ele afirma: “Você é inteligente, não?” no momento que ele descobre que ela caguetou que o Ruptura atacaria a cafeteria . Cadê aquele Zoom que arrastava geral em Central City e na Terra 2? Cadê aquele Zoom de antes de mostrar quem era o rosto por detrás da máscara?

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Por mais que acertaram mostrando o lado humano e como a vida de um super-herói se transformou quando ele perdeu seus poderes, pecaram tanto no desenvolvimento em outras coisas que acaba ficando difícil falar de tudo. A própria chamada da série “O homem mais rápido da Terra” (Fastest man alive) já virou chacota nas rede sociais. Até o Boris, a tartaruga de estimação do vizinho aqui da redação, é mais rápida que o Flash. Mas tudo bem CW, eu entendo que para chegar em MetalGreymon, o Agumon  ainda precisa digevoluir para Greymon, e talvez é isso que vocês estão querendo mostrar. Talvez o personagem aprendendo com seus próprios erros e limitações de desenvolvimento, os produtores consiga num futuro próximo, fazer o Barry Allen da série ficar muito mais próximo do Barry Allen dos quadrinhos. Mas enquanto esse dia não chega,  eu só peço uma coisa: Back To Normal, por favor!

Volte a ter a mesma consistência que tiveram na primeira temporada, até mesmo para a série não tomar os rumos daquela que se passa em Starling City.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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