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Steve Jobs | Uma biografia contada através dos bastidores

Eu nunca fui fã de Steve Jobs e também nunca tive nenhum produto que eu me lembre criado pela Apple. Muito disso, em parte, se deve ao aporte financeiro que eu nunca tive para comprar um produto que carregava a maçãzinha mordida. Mas sempre tive produtos semelhantes e concorrentes da empresa. Eu sei o quanto Jobs representa o atual momento tecnológico que vivemos e eu sei também que ele revolucionou a forma como vivemos e consumimos tudo. Desde música, livros, a forma como pedidos um táxi, um Delivery, como nos deslocamos e etc.

Mas a sua história até o momento não era algo que me despertasse a curiosidade, talvez por achar que os produtos que ele “criava” não fazia parte da minha realidade e por isso nunca os tive ou por achar que em um futuro próximo a gente iria se esbarrar por aí. Bom, foi o que aconteceu.

Há alguns dias nos encontramos em uma sala de cinema e finalmente eu fui pude conhecer um pouco da vida deste ser. Steve Jobs escrito pelo mesmo roteirista de “A Rede Social (2010)”, Aaron Sorkin, e dirigida pelo mesmo diretor de “Quem Quer Ser um Milionário? (2008)”, Danny Boyle é um longa que conta a história da vida de Steve Jobs (Michael Fassbender) pautada por acontecimentos divididos em três momentos: o lançamento o Macintosh em 1984, o NextCube em 1988 e finalmente o IMac em 1998. Através destes momentos a vida de Jobs é apresentada sem amarras e sem quaisquer estigma de humanização ou mitificação dele enquanto figura pública. Boyle insere o espectador na vida do co-fundador da Apple através de recortes, entre esses momentos utilizando flasbacks para mostrar encontro com protagonistas, personagens e momentos importantes da sua trajetória. Além dos três que foram usados como pilares da trama. Entretanto, é através desses cortes que são mostrados os sucessos, fracassos e principalmente a reação da imprensa a cada produto lançado pela Apple com a assinatura de Jobs.

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Ao contrário do que conhecemos em Jobs (2003), filme dirigido por Joshua Michael Stern, onde Steve Jobes é interpretador por Ashton Kutcher, a história aqui não é contada de forma linear. Trata-se de uma estrutura atípica de construção de roteiro e de montagem de um filme, o que faz com que ele não encalhe naquela sensação de estar vendo um documentário daqueles bem tradicionais que tem em sua cronologia o alicerce para condução do roteiro. Em Steve Jobs o espectador é alimentado por uma dinâmica sobre a vida do biografado e isso não torna o filme cansativo e muito menos arrastado. O temperamento de Jobs e sua personalidade são mostradas de forma crua, um homem robótico e gélido, um homem que não está nem ai para algo muito conhecido por “empatia”. Boyle mostrou a pessoa babaca que ele era com funcionários, com amigos e até mesmo com a própria filha e ex-esposa. Mas em contrapartida ele também mostrou o quanto Jobs estava aquém do nosso tempo. Isso também é uma grande diferença em relação ao filme protagonizado por Kutcher.

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Entre todos esses momentos e sobre tudo ao que somos apresentados, surge uma pessoa muito importante neste longa e por vezes chama a atenção mais até que o próprio Jobs, Joanna Hoffman – que está deslumbrante no papel interpretado por Kate Winslet. A atriz que é braço-direito de Jobs e responsável pelo marketing da Apple é interpretada por uma maestria fora do comum de Kate Winslet, sua inteligência, seu jogo de cintura, seu carisma e até mesmo a sua determinação dão outra cor ao mundo tão preto e cor de jeans com tênis branco de Steve Jobs, que está fascinante na pele de Michael Fassbender. Por vezes Joanna Hoffman até parece mais uma psicologa de Steve do que o papel que realmente tinha que desempenhar pela sua função. É ela que Jobs escuta e é ela sempre que ele sempre busca conselhos quando encontra-se em uma bifurcação. Kate Winslet está tão bem, que os holofotes em boa parte do tempo estão virados para ela e não para o próprio protagonista. E isso de fato ficou claro para todo mundo, pois a atriz faturou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e foi indicada ao Oscar na mesma categoria este ano.

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Já Michael Fassbender, está muito bem no papel do excêntrico Jobs, talvez possa não estar tão semelhante fisicamente se comparado a Kutcher, mas em sua essência transpirou o espirito do co-fundador da Apple. Fassbender é o tipo de cara que se entrega ao personagem e dificilmente faz algo meia boca. Vide seu último trabalho antes desse, Macbeth, ele esteve sensacional na pele do personagem de Shakespeare.

O grande potencial desta obra passou pelas mãos de Aaron Sorkin, não é simples nem fácil contar a história de alguém que revolucionou o mundo, apesar de um belo trabalho contando a história de Mark Zuckerberg e também da bem sucedida e elogiada série da HBO,  The Newsroom. Sorkin mostrou em Steve Jobs um roteiro que não enjoa e muito menos que deixa pontas soltas. Ninguém precisa saber muito sobre a vida de alguém que entende-se que o mundo inteiro conhece os seus feitos, mas precisamos saber dos fatores que foram importantes em sua trajetória até culminar em seu climax.  Sorkin não precisou mostrar tudo que Jobs idealizou ao longo de sua carreira, a sua intenção era mostrar através dos bastidores a realidade do homem por de traz de uma mitificação criada por seus  admiradores e principalmente de causar a sensação no espectador de ter contado  uma boa história quando os créditos subissem na tela.

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Sobrou para as mãos de Danny Boyle conduzir e entregar um material de qualidade, pois todos os outros setores, como de fotografia e o de trilha sonora, cumpriram seu papel devidamente bem. Restava ao piloto desta história nos apresentar o pior e o melhor de Steve Jobs. E no geral ele conseguiu fazer isso muito bem. Talvez tenha ficado devendo aprofundar melhor a relação de alguns personagens importantes como Steve Wozniak (Seth Rogen) e a relação de Steve Jobs com a filha Lisa (Perla Haney-Jardine, Ripley Sobo, e Makenzie Moss interpretadas em idades diferentes). Será que foi tão fria e vazia do que jeito que foi mostrado? Ele sempre foi um cara repleto de holofotes e de apple fags?

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Por fim, Steve Jobs é uma biografia contada através dos bastidores… é atrás das cortinas, dos telões e dos lançamentos de cada produto que se conta a história desta grande personalidade. É através dos bastidores que conhecemos o que ele foi além da carga, além dos holofotes atém de tudo que esteve sobre ele. É justamente nos bastidores que o mito cai e o homem cheio de defeitos, problemas e qualidades aparece. É através dos bastidores que conhecemos ele como pessoa e como tudo que ela era, não funcionava para a maioria. O que funcionava para a maioria, era o quão inovador e único é pertencer ao mundo da Apple. Tudo que ele era se apagava sempre quando um de seus produtos estava sob o olhar do mundo. Mas foi enquanto pessoa, que tivemos a oportunidade de saber que um dia alguém como Steve Wozniak lhe deixou esse pensamento:

“Não é binário, você sabia? Você pode ter um dom e ser decente ao mesmo tempo”.

Mas o problema é que S estava muito aquém do nosso tempo para se preocupar com isso.

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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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