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Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

O ser humano é incentivado, durante sua vida inteira, a buscar algo além de seus limites e fora do seu alcance, com o objetivo de se superar cada vez mais. Historicamente, a exploração espacial teve início em 4 de outubro de 1957, com o lançamento do satélite russo “Sputnik 1”. Desde então, testemunhamos diversas missões espaciais memoráveis, com destaque para a chegada do primeiro ser vivo no espaço – a cadela russa Laika, em 1957, a bordo da nave espacial “Sputnik 2”; a viagem de Yuri Gagarin, o primeiro homem a chegar no espaço, em 1961, a bordo da nave “Vostok 1”; a chegada do homem à Lua, em 1969, pela “Apollo 11”; e tantas outras conquistas que aconteceram a partir daí.

Desta vez, temos o astronauta Mark Watney (Matt Damon), o primeiro homem Perdido em Marte. Tudo bem que se trata de uma ficção baseada no livro homônimo de Andy Weir, que conta história de uma missão tripulada à Marte, chamada de “Ares 3”, cujo objetivo é explorar o solo, o clima e o que mais o planeta vermelho pode proporcionar para estudos científicos futuros.

O filme começa com a tripulação liderada por Melissa Lewis (Jessica Chastain) já alocada em Marte a seis dias. São seis astronautas – Beth Johanssen (Kate Mara), Chris Beck (Sebastian Stan), Alex Vogel (Aksel Hennie) e Rick Martinez (Michael Peña), além dos dois já citados anteriormente. Tudo muito tranquilo, tudo muito bem, todo o efetivo da missão trabalhando e coletando amostras do solo quando, de repente, recebem a informação de que uma grande tempestade de areia (que, obviamente, foi prevista) os pegaria mais rápido do que haviam previsto. Segundo os cálculos feitos pela tripulação, a tempestade seria devastadora. A comandante Melissa decide, então, que a missão que deveria durar 31 dias seria encerrada em seis pelo bem da tripulação.

Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

Enquanto a equipe se dirigia até as naves, a tempestade piorou, fazendo com que uma das antenas do habitat construído para atender à tripulação, se soltasse e atingisse Mark Watney. O astronauta acaba ficando para trás, enquanto todos os outros embarcam na espaçonave. Embora a comandante Melissa não meça esforços para encontrá-lo, a tempestade devastadora toma conta de tudo, deixando-a com apenas duas opções: continuar ali e morrer, ou deixar um de seus homens para trás e salvar a maioria de sua tripulação.

Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

“Ela partiu, partiu e nunca mais voltou”… parafraseando o mestre Tim, foi quase isso que aconteceu.

Mark Watney, dado como morto, acorda e descobre que está sozinho no planeta vermelho e, a partir daí, dá início a uma grande jornada em prol de sua sobrevivência. Além de se manter vivo, o astronauta precisa encontrar uma forma de avisar os terráqueos que sobreviveu e obter sua ajuda para voltar para casa.

Ridley Scott é o grande mestre por trás desta obra, conseguindo executar um trabalho diferente de Alfonso Cuarón em “Gravidade” (2013) e Christopher Nolan em “Interestelar” (2014). Enquanto o primeiro focou apenas na trajetória de Ryan Stone (Sandra Bullock) em sua volta para casa, e o segundo focou na obsessão do diretor em deixar tudo “realista”, Scott preferiu não deixar Watney “sozinho”. Além da jornada do protagonista, o filme se preocupou em explorar o outro lado – das pessoas que ficaram na Terra e dos demais tripulantes que pensavam ser os únicos sobreviventes da Ares 3.

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Além disso, a repercussão do fato na mídia e como a NASA lidou com todas as adversidades, na tentativa de resgatar um homem perdido em Marte, também foram abordadas. Em paralelo a essas diferenças, a forma bem-humorada com que o roteiro trabalhou sua ficção científica (não objetivando a necessidade de ser relevante) e todas as justificativas dadas para cada passo do filme, mostraram como algo que teoricamente não existe, pode se tornar grandioso sem a necessidade de parecer, em todos os âmbitos, algo exacerbadamente realista.

Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

Matt Damon (que também esteve em Interestelar) está diferente de seus últimos trabalhos. Sua missão, além de fazer seu personagem sobreviver em Marte, foi a de não deixar o espectador enjoar da sua presença em tela. Afinal de contas, ele é o protagonista e claramente seu tempo de tela seria maior em relação aos outros personagens. Para dificultar mais ainda, muitas cenas não têm interação pessoal. Através de seu bom humor e dos vídeos que gravava diariamente para registrar sua missão, Damon segurou a atenção do espectador, cativando o público a continuar atento ao que aconteceria com Mark Watney a cada minuto da película.

O empenho que ele dedicou para que seu personagem transparecesse que não se daria por vencido e tampouco ficaria naquele lugar esperando a morte chegar, foi sensacional. Só senti falta de vê-lo, em alguns momentos, num estado depressivo ou enlouquecendo, afinal de contas, estava sozinho num planeta com uma comunicação obsoleta.

Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

A fotografia de Dariusz Wolski conseguiu equilibrar a paleta de cores quentes visíveis na imensidão desértica de Marte, com nenhum ponto estourado ou que causasse alguma estranheza e desconforto. O trabalho em conjunto com o setor de efeitos especiais e o pessoal do formato 3D, criou visões deslumbrantes do espaço sideral. É magnífico ver o contraste do planeta vermelho em relação aos outros planetas do nosso sistema solar, e tudo fica ainda melhor em 3D.

A trilha sonora é uma relação a parte deste longa. Imagine que você está na situação de Watney, tendo apenas um gênero musical à sua disposição. Agora imagine que este gênero musical não tem muita relação com o que você costuma escutar diariamente. Imaginou? Pois bem, você seria a única pessoa vivendo num planeta a seis meses de distância da Terra e sua única opção seria essa. De qualquer forma, esse seria o menor dos problemas que você enfrentaria no planeta vermelho.

Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

Antes de finalizar, gostaria de falar sobre a atuação de Kate Mara. Recentemente a atriz ironizou o fracasso nas bilheterias do filme Quarteto Fantástico durante uma das coletivas de imprensa de Perdido em Marte. De forma resumida, ela disse que é legal trabalhar em algo que as pessoas gostaram e que ela, em específico, também gostou de fazer. Diante desta declaração, fui à sala de cinema esperando ver algo melhor em relação aos seus trabalhos anteriores. Infelizmente, minha sensação foi de que sua personagem não apresentou muita importância (em consideração ao seu papel central em Quarteto Fantástico, por exemplo). Foi como se ela não estivesse no longa, ninguém sentiria falta.

Perdido em Marte (2015) | Uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos

Perdido em Marte é uma ficção científica diferente do que vimos nos últimos anos. Não existe ponto sem nó, tampouco buracos de minhocas no roteiro. É, também, um filme para aqueles que gostam de uma boa jornada de um herói em busca de um objetivo. Apesar de, em dado momento, ser um pouco previsível e deixar certas coisas no ar – como a questão do oxigênio infinito enquanto ele esteve perdido em Marte, e de puxar sardinha para os chineses (coisa que aconteceu também em Gravidade), você verá que quase duas horas e meia vão passar rapidinho.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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