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Magnifica 70 | União, mistério e perdição embalam a terceira temporada

A terceira temporada da brasileira Magnifica 70 estreou em 14 de outubro e vai ao ar pelo canal da HBO todo os domingos às 21h. Esta será a última fase da trajetória de  personagens como Vicente (Marcos Winter), Dora Dumar (Simone Spoladore), Manolo (Adriano Garib), Isabel (Maria Luísa Mendonça), e marcara o fim de uma história que tem encantando espectadores no Brasil e também no exterior.

A segunda temporada de Magnifica 70, terminou com Vicente dominado pelo seu lado sombrio e Dora acabou aprisionada por assassinos, enquanto Manolo tocava fogo na Magnífica e Isabel entrava para a luta armada, disposta a mudar o país com o uso da violência. Agora, a terceira e última temporada tentará reconduzir os protagonistas ao triunfo e às origens do que os fez chegar até aqui: a paixão pelo cinema.

Aliás, é esse o ponto da série em todo a sua construção e, claro, exibição dentro dos 10 episódios que compõem o fechamento do arco. Há muito uso da linguagem cinematográfica, tanto em seus diálogos como em seus planos, fotografia e roteiro. Magnifica 70 sempre foi magnifica (perdão pelo trocadilho) nesse sentido. A série sempre chamou a atenção pelo simples motivo de usar a metalinguagem para nos contar uma história tão rica em suas tramas e subtramas.

O cinema da boca do lixo é denso e pesquisar a sua história é ter uma verdadeira aula para entender um pouco do que é essa arte no Brasil. Usá-la como pano de fundo sempre foi um quê a mais diante de tudo que é mostrado. Magnifica 70 volta com esse espirito em sua terceira temporada, mas volta também com um ar muito mais sombrio e psicótico em alguns de seus personagens. E isso transpira na pele de Vicente, que reflete no estado de Dora, que impõe atitudes tão guerreiras de uma mulher como Isabel, e faz de Manolo um homem que tira da raiva a força para incendiar tudo que está ao seu redor.

A todo o tempo você tenta entender até onde vai a loucura de Vicente e qual foi o gatilho de tudo, em outro momento fica evidente que Dora se perdeu diante das desilusões da vida de alguém que foi e ainda é abusada de corpo e principalmente de alma. Há nos dois, uma ligação ainda maior nesta temporada que é mostrada de forma sutil e, só quem mergulha nos dramas de cada um, consegue entender. Dora e Vicente, desde o começo, tem algo enraizado que os une e você entende que tal união não precisa ser literal. Ao mesmo tempo que tudo está acontecendo, que fora da Magnifica existe a ditadura, a censura, o fantasma do comunismo, a luta e a resistência contra o regime militar, que algumas mentes estão se perdendo, a narrativa te leva para um caminho onde somente a união e o amor vão fazer todo mundo se encontrar.

Quando você faz cinema a vida do lado de fora desaparece e tudo passa a valer quando o diretor grita a palavra “ação”. Ali dentro é outro mundo, e é por meio dele que os heróis de Magnifica 70 conseguem encontrar um elo que os mantém ligados de alguma forma. A ufania, os pesadelos, os fantasmas que perseguem cada um dos personagem demonstram o quanto foram a fundo para mostrar que diante do caos e da perdição, somente a arte pode nos salvar. E isso é o que representa a terceira temporada de mais uma produção da HBO Latin America Originals.

O diretor Claudio Torres, assim como Renato Fagundes, Melanie Dimantas e Aline Portugal, que assinam os roteiros, mostraram que é possível contar histórias que causam impacto sem apelar para a perfumaria. Magnifica 70 merece não só a sua atenção, mas também seu apreço e admiração por saber que daqui de dentro saiu mais uma produção tão rica quanto qualquer outra exibida pelo canal pago.

“Meu sangue latino, minh’alma cativa”.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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