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Cidades de Papel (2015) | Um filme sobre amizade, amor e autoconhecimento

Depois do sucesso arrebatador em “A Culpa é das Estrelas” o filme mais visto no Brasil em 2014, chegou a vez de mais uma obra do autor John Green estrear nos cinemas brasileiros. Estamos falando de Cidades de Papel, filme dirigido por Jake Schreier e protagonizado por Cara Delivingne e Nat Wolff.

Quentin (Nat Wolff), um garoto introvertido, mora ao lado de Margo Roth Spielgeman (Cara Delevingne), uma espécie de “Danielle Clark” do filme “Show de Vizinha” de 2004, para ele. Desde a primeira vez que Quentin se deparou com Margo enquanto ainda era uma criança, ele sabia que estava diante do amor da sua vida.

Eles passam uma infância inteira juntos, porém essa proximidade não se sustenta quando ambos atingem a adolescência e cada um acaba seguindo caminhos opostos e passavam a viver em universos diferentes. Certo dia, Margo resolve colocar um plano maligno em prática e convoca Quentin para ajudá-la na empreitada.

Q (apelido de quando eram crianças) é aquele típico jovem que não tem costume de viver aventuras com medo das consequências que elas possam trazer, mas ele se vê diante da chance única de se reaproximar de Margo e por isso acaba atropelando seus preceitos e aceita o convite de passar uma noite inteira se aventurando pelas ruas de Orlando.

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Nesta noite eles vão fazer compras estranhas em um supermercado, vão envelopar automóveis com papéis filmes, pixar, depilar sobrancelhas e invadir propriedades privadas. Margo proporciona  a Q uma das melhores noites da sua vida. Mas como toda noite insana, existe sempre o dia seguinte.

Quentin acorda radiante, ele não vê a hora de chegar na escola para encontrar com Margo e relembrar tudo o que viveu na noite anterior, mas a garota simplesmente não aparece. No dia seguinte a história se repete e nos demais também. Seu “Show de Vizinha” simplesmente desapareceu e ninguém sabe onde ela está. Com esse plot twist começa o grande momento do filme, é aqui que entra em ação Ben (Austin Abrams), Radar (Justice Smith), Lacey (Halston Sage) e Angela (JAz Sinclair) eles são as pessoas que vão acompanhar Quentin na missão de encontrar Margo.

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Cidades de Papel não é o clichê do garoto nerd que se apaixona pela garota mais popular da escola. Cidades de Papel é um filme que fala sobre amizade, amor e autoconhecimento. É através da busca incessante pela garota desaparecida que Quentin se encontra.

E nessa jornada John Green mostra o que de mais belo sabe fazer, que é falar dos problemas, dos conflitos e de muitas coisas que acontece na adolescência de muitos jovens com uma sutileza que impressiona. Não é nada parecido com o que estamos acostumado a ver todos os anos em Malhação, porém é algo tão melhor quanto a série Finding Carter ou As Vantagens de ser Invisível.

Muito dessa proximidade com temas citados acima não se trata apenas do dedo de John Green, mas também de dois roteiristas que sabem traduzir como ninguém o amor idealizado nas telonas e as expectativas que os jovens tem diante de tudo aquilo que acham que conhecem como ninguém. Scott Neustadter e Michael H. Weber foram os mesmos roteiristas de 500 Dias com Ela e também de A Culpa é das Estrelas, ou seja, está mais que justificado a maestria que eu vi diante dos meus olhos em quase 120 minutos.

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A amizade foi um dos pontos fortes e belos desse longa, é nela o ponto chave e forte para conduzir toda a trama. Ben e Radar são os melhores amigos de Q, eles fazem aquele trio do palhação (Ben), do semi-nerd (Quentin), e do nerdão (Radar). Todos eles carregam uma química muito forte entre si. E isso fica totalmente evidente na cena em que jogam videogame, parece que ambos convivem juntos a muito tempo. Nesta cena e em outras durante a jornada temos um pouco do resgate dos bons filmes que exploram esse lado, como Conta Comigo ou Os Goonies.

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Chegou a vez de falar de Margo, ela é uma garota que vive um pouco aquém da sua idade. Ela é cheia de frases de efeitos e parece aquela garotinha que tem crise de identidade e fica questionando a sua existência o tempo todo.  Por não saber como dar um norte para a vida, acaba se perdendo em vários mundos na esperança de se encontrar. Ela me lembrou muito a Jenny Curran de Forrest Gump em alguns momentos.

Cidades de Papel é um filme cheio de referências e através dela os roteiristas e o diretor criaram artifícios para dialogar com o público alvo do filme com mais proximidade. Temos referências a Game of Thrones, a Pokémon (uma das partes mais hilárias do filme), ao próprio A Culpa é das Estrelas (para saber o que é só assistindo) e a outros elementos da cultura pop. Talvez até o nome de Margo eu achei que fosse uma referência de John Green a Art Spigelman criador de “Maus“.

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Enfim, Cidades de Papel é um filme que trata a verdadeira descoberta do amor e o valor da amizade com uma sutileza incrível, tem uma jornada maravilhosa e um final que cumpre a mensagem que John Green deseja passar ao jovens com um final edificante que gera reflexão não só nos mais novos, mas em qualquer um que já passou ou que esteja passando por situações semelhantes na vida.

Ahhh e se você está se perguntando se “o filme é melhor que o livro”… bom, como eu não li o livro (mas pretendo), eu não entrei nesse mérito. Mas segundo o que o próprio John Green disse em muitas as entrevistas que deu em sua passagem para promover o filme no Brasil,  o filme é superior ao livro em vários momentos e isso o deixou muito contente.

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Por mais que ele seja um filme feito para adolescente, ele também é um filme indicado para pessoas como eu ou você que já passou desta fase também e vale a ida ao cinema a fim de lembrar de  momentos  importantes de nossas vidas.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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