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Alice Através do Espelho (2016) | Uma fantasia regada ao “mais do mesmo”

Seis anos depois do longa dirigido por Tim Burton, Alice volta às telas de cinema para nos apresentar sua nova aventura. Desta vez James Bobin foi o responsável por dirigir a sequência do filme baseado na obra de Lewis Carroll.

Antes de começar a falar do filme propriamente dito, vamos àquele resumão da história em que se passa esse novo filme:

Alice Através do Espelho se passa alguns anos depois do primeiro longa. Nossa protagonista retorna de uma viagem ao redor do mundo na embarcação herdada de seu falecido pai e descobre que sua mãe está prestes a entregar o único bem deixado pelo pai em troca da hipoteca de sua humilde residência. Essa descoberta acontece em um casarão onde está rolando uma grande festa, e o cara que ela deixou no altar no filme anterior, é o responsável por dificultar ao máximo a vida dela e de sua família. Antes de tomar qualquer decisão, Alice reencontra a Lagarta, que atualmente se transformou numa borboleta, começa a segui-la, e quando entra em uma das salas do casarão, descobre que pode entrar em um novo mundo através de um espelho.

Para sua surpresa, esse mundo se trata do País das Maravilhas. Ao retornar ao local onde se passa o primeiro filme, Alice percebe que o tom das coisas está diferente. Morbidez, desânimo e tristeza são os novos elementos que compõe País das Maravilhas, e o motivo disso tudo está no Chapeleiro Maluco: um dos personagens que mais chamara a atenção no longa de Tim Burton está deprimido. Ele encontra o primeiro chapéu que fez quando ainda era criança e este chapéu diz muito sobre a sobrevivência de sua família. O Chapeleiro começa a acreditar que eles não morreram, mas ele é o único a ter essa sensação, todos os outros, inclusive a Alice, acham que o Chapeleiro está “louco”. Na tentativa de entender o que está acontecendo com seu amigo, Alice entra no castelo do Senhor do Tempo, rouba o objeto mais importante dele, a Cronosfera, e viaja ao passado para entender o que houve com a família dos Chapeleiros. A partir daí, o espectador embarca na história conduzida por Alice no objetivo de salvar o seu amigo e conhecer o passado de alguns personagens.

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Alice Através do Espelho toma liberdades criativas bem diferentes do que era esperado para esta sequência. O filme mistura elementos de viagem no tempo e de uma epopeia que diverge da obra original de Carroll. Não existe nada de novo apresentado por Bobin, o clima um pouco mais ameno devido à depressão do Chapeleiro Maluco, a falta de dinâmica na evolução do roteiro e uma história que fosse mais envolvente são situações que desapontam o espectador e faz o filme não ter aquele brilho que deveria.

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A epopeia de Alice nesta sequência não empolga, todos os elementos que fazem parte de uma trama com viagem no tempo estão em tela, isso é algo novo? Não. Mia Wasikowska como Alice me pareceu abatida, ela se obriga a fazer as coisas, a buscar uma motivação no que faz. Por mais que se esforce em deixar tudo lindo, não vi nada de espontâneo.  Me pareceu mais um filme de sua carreira e que este, por sua vez, deveria terminar logo. Aliás, essa é a sensação que você tem da metade do segundo ato em diante, tudo que você quer é que acabe logo. É um porre ficar na cadeira do cinema vendo algo que já viu em tantos outros filmes. Eu sou o tipo de cara que ama o clichê do cinema, e se em alguns filmes ele fica de fora eu acho ruim. Mas quando é clichê de viagem no tempo, é embaçado. Às vezes é difícil de engolir, e com Alice Através do Espelho foi assim.

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Minha surpresa para este longa foi a presença de Sacha Baron Cohen como o “Tempo”. Sempre fui fã de seus filmes, inclusive dei muitas risadas com Bruno, um filme de sua carreira que muitos não gostam. Neste longa, ele mostra que pode interpretar outros personagens sem ser aquele usado em uma comédia constrangedora. Todo o seu tempo de tela foi muito bem feito, inclusive a mitologia do seu personagem e toda a estrutura de como e onde ele vive estão ótimas.

Os efeitos especiais do filme, assim como em todas as outras adaptações de contos de fada que a Disney tem lançado no últimos anos, estão perfeitos. Disso eu não tenho do que reclamar e acredito que o espectador também não.

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Você estava com saudades de ver o Johnny Depp atuando? Eu estava. E quem vai com esse sentimento para a sala de cinema pode se decepcionar. Depp está bem diferente do Chapeleiro Maluco do primeiro filme, talvez pela sua condição de depressivo, exigiu bem menos de sua espontaneidade, algo que é bem característico de seus personagens.

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Anne Hathaway como Rainha Branca está toda dura, eu entendi isso como característica de produto de contos de fada. Uma rainha deve fazer poses e caras ao falar de qualquer coisa. Precisava ser assim? Não.

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Helena Bonham Carter está cheia dos gritos e de risadas clichês de vilã, que perde muito fácil para a risada fatal do Mal (quem assistiu Castelo Rá-Tim-Bum vai entender a referência). Tem diferença do que vimos no primeiro filme? Também não. Mas independente das atuações de ambas as rainhas, nós conhecemos o motivo pelo qual cada uma se odeia. Isso foi legal também.

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Alice Através do Espelho é um longa que poderia muito bem tomar um rumo mais profundo e apresentar uma história que envolvesse mais o espectador. Nós merecíamos isso. O que se vê é uma fantasia regada ao mais do mesmo. Não existe nada de novo, nada do que você não tenha visto em outros filmes está em Alice Através do Espelho. A sequência de “Alice no País das Maravilhas” não chega a ser frustrante, mas também não chega a ser sensacional. A diferença entre o trabalho dos diretores é muito grande, enquanto um que sempre ficou conhecido por usar elementos mais obscuros apresentou um filme colorido e o outro que poderia ter levantado o filme em alguns momentos deixou tudo mais macabro do que deveria.

Ao final, pelo menos, vemos a tendência dos live-actions de “Contos de Fada” que a Disney tem apresentado nos últimos anos, onde as mulheres são protagonistas e a busca pela igualdade de gênero e o empoderamento de suas personagens são peças fundamentais.

Alice Através do Espelho estreia dia 26 de maio nos cinemas.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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