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HQ do Dia | Ultimate Marvel – Quarteto Fantástico Ed. 1 – O Fantástico

Até para um leitor menos atento, um dos marcos históricos da Marvel e do mercado de quadrinhos em geral na década passada foi a criação do Ultiverso, o Universo Ultimate também conhecido como a Terra 1610. A proposta desta nova linha de quadrinhos seria um universo alternativo com versões atualizadas para aqueles tempos de seus principais personagens. No Universo Ultimate você poderia recontar origens de toda a Marvel para um público moderno e usar referências e temas atuais sem se preocupar com a idade dos personagens. Além disso foi dada certa liberdade criativa para que os autores pudessem fazer escolhas diferentes em relação às origens deste elenco. Impulsionado pelo sucesso absoluto da versão Ultimate dos Vingadores criada por Mark Millar Bryan Hitch chamada de Os Supremos, o Ultiverso explodiu, floresceu e em 2003 testemunhamos a criação da versão Ultimate de uma das equipes mais carismáticas da editora pelas mãos do próprio Mark Millar e do proeminente Brian Michael Bendis.

Este ano a editora Panini compilou em um encadernado as seis primeiras edições de Ultimate FantasticUltimate-Quarteto-Fantástico-1 Four lançada em 2003 pela Marvel e previamente lançada no país em formato mix mensal. O arco contido no encadernado chama-se O Fantástico e conta a origem do time de aventureiros neste novo universo. As histórias nos levam até pré-adolescência do genial Reed Richards e exploram um pouco de sua relação familiar, sua amizade de longa data com Benjamin Grim, seu primeiro contato com a família Storm e com Victor Von Doom (aqui com o sobrenome Van Damme) e com o Toupeira. A história dá o pontapé inicial para as aventuras da equipe no Ultiverso e dá início à reconstrução de temas e personagens clássicos como a Zona Negativa, o Toupeira e o Doutor Destino.

Nas seis edições aqui mostradas, Millar Bendis realmente apresentam uma origem bem mais coerente para os dias atuais do que a criada na década 1960 por Stan Lee Jack Kirby. Existem motivações claras e justificativas plausíveis para os eventos que levam ao acidente que concede os poderes ao Quarteto. Há um pano de fundo emocional principalmente se tratando de Reed Richards e sua família. A temática tecnológica, apesar de não muito elaborada, atende uma proposta mais atualizada e o desenvolvimento dos poderes dos personagens é mostrado de forma um pouco mais realista e gradativa do que sua versão original. Tudo isso culminando em um clímax final com um confronto clássico no qual um time que ainda está tentando entender seus poderes enfrenta um vilão rancoroso. Isso tudo torna este primeiro arco uma leitura com cara de “filme de origem”. Apesar do formato bem clichê, não há nada de errado nisso. A contribuição de Mark Millar é notada principalmente no âmbito emocional do roteiro, tratando de temas como rejeição, raiva, rancor e até um pouco de bullying. Brian Bendis por sua vez é sentido nos diálogos muito naturais e nas vozes adolescentes dos protagonistas. Esta combinação (ainda pouco utilizada em gibis mais mainstream na época) gera uma história de origem bem amistosa para novos leitores da Marvel e foi responsável pelo sucesso desta nova franquia na época.

A arte nestas seis edições é de responsabilidade de Adam Kubert e está longe de ser um de seus melhores trabalhos na editora. Em termos de enquadramento, fluxo e ritmo de informação por página e leiaute geral não há o que reclamar do cara. No entanto, existem problemas na caracterização em quase todas as edições deste Quarteto Fantástico. A proposta do Ultiverso são versões atualizadas dos personagens e em momento algum este elenco parece “novo”, “fresco” ou inovador em comparação com o trabalho de caracterização de Bryan Hitch em Os Supremos por exemplo. Todo o elenco aqui parece uma versão flashback dos personagens do Universo regular da Marvel (a Terra 616). Não há nada novo e surpreendente, mesmo nos vilões e personagens secundários como o General Ross que poderiam muito bem ter uma roupagem com mais cara de Ultimate. O Quarteto então… Não há como diferenciar este time do time original da Marvel. E isso pode ser bem desestimulante visualmente. Portanto uma narrativa que atualiza bastante a origem do Quarteto não tem o suporte gráfico necessário para deixar o leitor de boca aberta. Muito pelo contrário.

Ultimate Marvel – Quarteto Fantástico 1 é uma ótima iniciativa da editora nacional em compilar um arco de sucesso escrito por uma dupla de escritores de alto calibre em termos de super heróis. A história é um marco na editora e nos mostra uma origem muito justa para os tempos modernos da equipe mais tradicional da Marvel. Uma leitura muito agradável, com ritmo confortável e diálogos naturais que tem como único defeito uma caracterização e apresentação gráfica que não faz jus ao bom trabalho dos roteiristas envolvidos neste projeto.

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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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