Igor Tavares Gilad Anni-Padda. Caçula entre os irmãos Anni-Padda. O homem, a lenda.
Ok… Caso você não conheça o Gilad não tem problema. Visite nosso Guia rápido do Universo Valiant e você vai conhecer. O fato é que Gilad, conhecido como o Guerreiro Eterno é um dos personagens mais influentes da história deste novo Universo Valiant. Desde sua estreia no gibi “Archer e Armstrong”, o herói ancestral participou de quase que todos os principais títulos da editora, além de protagonizar uma série própria chamada “Days of Steel” com suas aventuras e dramas no passado da raça humana.
Derivada diretamente da saga “Book of Death”, a Valiant em Novembro lança esta “Wrath of the Eternal Warrior”. O título escrito por Robert Venditti (com quem nós já conversamos aqui) e ilustrado por Raul Allen mostra uma faceta ainda não explorada do personagem, justamente a mecânica por trás de sua imortalidade.
“Wrath of the Eternal Warrior” diferentemente de outras histórias protagonizadas por Gilad foca muito pouco no aspecto do “Guerreiro” e dá enfase na faceta “Imortal” do personagem. Aqui Robert Venditti aproveita o ótimo gancho deixado em “Book of Death” e nos mostra como funciona a vida de um cara que passou seis mil anos morrendo e retornando dos mortos. Isso e todo o impacto que é gerado nas pessoas que passam pela vida de Gilad realmente vendem o pacote do roteiro de Venditti. Ok. É muito bacana um sujeito brandindo um machado e matando demônios no pós-vida, mas é muito mais legal você ver a reação dele ao reencontrar familiares, filhos e o amor da sua vida após um período de árduas batalhas.
O roteiro de Venditti nas duas primeiras edições de “Wrath of the Eternal Warrior” é minimalista, muito linear e extremamente sensível. O fluxo narrativo é gentil e até bem lento, mas existe um cuidado no desenvolvimento do protagonista ainda não visto em outra publicação e uma atenção especial ao elenco de apoio e as estranhas relações familiares estabelecidas nesse esquema de “morre e nasce de novo”. O mais interessante é que o título não é o que se espera de um gibi protagonizado por um personagem deste tipo. As batalhas épicas ficam em segundo plano e aqui vemos o homem torturado e cehio de sequelas emocionais por trás do maior guerreiro do universo Valiant.
As ilustrações de Raul Allen nas duas primeiras edições de “Wrath” são de uma sensibilidade ímpar. O sujeito consegue expressar emoção com extrema facilidade nas cenas mais calmas de diálogos familiares, mas é talentoso o suficiente para desenhar batalhas sangrentas e criaturas grotescas quando o roteiro pede. Este é um Gilad bem diferente do que estamos acostumados a ver em “Unity” e outros títulos Valiant. Com um visual com um pé no indie e outro no épico sobrenatural, Allen entrega uma apresentação magnífica e extremamente consistente para o produto.
Para novos leitores talvez “Wrath of the Eternal Warrior” não seja um título muito atraente. Apesar de não haver dificuldade alguma em pegar a primeira edição e entender a trama (existe uma página introdutória muito caprichada na edição número 1), aqui não temos um personagem com visual espalhafatoso, uma premissa genial e muito menos uma equipe criativa premiada no comando do gibi. O que temos no entanto é um dos maiores ícones do melhor universo de quadrinhos da atualidade “descascado” até seu âmago. Aqui descobrimos lentamente em belíssimas ilustrações e em diálogos extremamente sensíveis o preço da imortalidade. Talvez nem todo mundo queira ler este tipo de conto atualmente, mas para quem se interessar trata-se de uma ótima leitura, como grande parte do material Valiant publicado no momento.
